FOLHA DE SP - 10/02
SÃO PAULO - Quem brinca com a Fifa acaba chamuscado. O governo federal e uma dúzia de Estados e municípios pagaram para ver e agora tentam reduzir os danos.
A Copa deixaria benfeitorias urbanas permanentes nas cidades brasileiras que sediassem os jogos. Estádios caríssimos seriam erguidos nos cafundós da pátria, e as receitas que obtivessem ao longo dos anos cobririam o investimento.
Na hora do desembolso, o bom e velho BNDES compareceu com o grosso da verba. Não fosse o banco estatal, não haveria Copa no Brasil --ou teríamos de reduzir o gigantismo do projeto para torná-lo compatível com o apetite privado.
Mas os subsídios não pararam aí. Uma cidade que vive da mão para a boca como São Paulo ofereceu cerca de meio bilhão de reais em renúncia fiscal para o estádio do Corinthians. Outros governos municipais e estaduais também absorveram sua parcela da conta pela festa.
O resultado era previsível. O esforço de endividamento e gasto exigido direta e indiretamente do poder público para custear os jogos redundaria em menos, e não mais, capacidade de investir na depauperada e esgarçada infraestrutura urbana.
Apesar dos apertos pontuais, bancar a Copa não terá sido despesa comprometedora para as finanças do sétimo maior PIB do mundo. O indesculpável foi os governos terem vendido ao público a farsa do "legado", abrindo mão de racionalizar e reduzir a ambição obreira do evento.
O Planalto gastou mais alguns trocados do nosso dinheiro numa pesquisa para concluir exatamente isso. A população percebeu que o discurso das benfeitorias nas cidades era conversa para boi dormir.
Futebol deve ser tratado como um fim em si mesmo, e não como meio de melhorar a vida urbana, sugeriram os pesquisadores. A capitã Dilma mudou de tática e vai entrar em campo nesta Copa para segurar o empate. Zero a zero é goleada.
SÃO PAULO - Quem brinca com a Fifa acaba chamuscado. O governo federal e uma dúzia de Estados e municípios pagaram para ver e agora tentam reduzir os danos.
A Copa deixaria benfeitorias urbanas permanentes nas cidades brasileiras que sediassem os jogos. Estádios caríssimos seriam erguidos nos cafundós da pátria, e as receitas que obtivessem ao longo dos anos cobririam o investimento.
Na hora do desembolso, o bom e velho BNDES compareceu com o grosso da verba. Não fosse o banco estatal, não haveria Copa no Brasil --ou teríamos de reduzir o gigantismo do projeto para torná-lo compatível com o apetite privado.
Mas os subsídios não pararam aí. Uma cidade que vive da mão para a boca como São Paulo ofereceu cerca de meio bilhão de reais em renúncia fiscal para o estádio do Corinthians. Outros governos municipais e estaduais também absorveram sua parcela da conta pela festa.
O resultado era previsível. O esforço de endividamento e gasto exigido direta e indiretamente do poder público para custear os jogos redundaria em menos, e não mais, capacidade de investir na depauperada e esgarçada infraestrutura urbana.
Apesar dos apertos pontuais, bancar a Copa não terá sido despesa comprometedora para as finanças do sétimo maior PIB do mundo. O indesculpável foi os governos terem vendido ao público a farsa do "legado", abrindo mão de racionalizar e reduzir a ambição obreira do evento.
O Planalto gastou mais alguns trocados do nosso dinheiro numa pesquisa para concluir exatamente isso. A população percebeu que o discurso das benfeitorias nas cidades era conversa para boi dormir.
Futebol deve ser tratado como um fim em si mesmo, e não como meio de melhorar a vida urbana, sugeriram os pesquisadores. A capitã Dilma mudou de tática e vai entrar em campo nesta Copa para segurar o empate. Zero a zero é goleada.
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