BLOG Prontidão
Filha e ex-mulher de José Eduardo Cardozo são abordadas por bandidos armados no Morumbi
A filha e a ex-mulher do ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo, sofreram uma tentativa de assalto por
homens armados no Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, na noite de
terça-feira. Mayra Cardozo comemorava seu 22º aniversário e seguia para
um restaurante com a mãe, a procuradora de Justiça Sandra Jardim, da 4ª
Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo. O automóvel em que
estavam – um Toyota Camry blindado, de propriedade de Cardozo – foi
cercado por quatro criminosos por volta das 20h30, em um semáforo.
Sandra arrancou com o carro e conseguiu escapar dos assaltantes.
Policiais federais encarregados da escolta da família ficaram para trás,
sem reagir.
A filha do
ministro tem direito a escolta policial porque já relatou ameaças. O
caso é tratado inicialmente como tentativa de assalto. A conduta dos
agentes da escolta também vai ser investigada. A colegas, os policiais
disseram que temem ser acusados de prevaricação, crime em que
funcionário público deixa de praticar a função para a qual é pago,
punido com até três anos de prisão. Uma nova equipe foi designada para a
segurança pessoal de Mayara.
Não é a
primeira vez que o ministro enfrenta problemas com a escolta da filha.
Em junho do ano passado, a coluna Radar, de VEJA, revelou que agentes
encarregados dessa tarefa em São Paulo reclamaram do trabalho e
policiais de outras jurisdições tiveram de ser deslocados para atender
Mayra. No fim de abril, como mostrou a coluna Holofote, de VEJA, um
papiloscopista reclamou na página Fale com a Presidente do excesso de
policiais encarregados da segurança de Mayra.
Cardozo
disse, nesta quarta-feira, que os turistas estrangeiros “devem se sentir
seguros” no Brasil. Sobre as cenas de índios atacando policiais a
flechadas, em Brasília, o ministro afirmou: “O que ocorreu nesta terça
mostra que a polícia está presente para garantir o cumprimento da lei, a
liberdade de manifestação e não permitir abusos”.
Tentativa de assalto à filha e ex-mulher do ministro Cardozo não é lição de moral, mas instrui
Na
tarde desta quarta, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
afirmou que os turistas devem se sentir seguros no Brasil. À noite, sua
ex-mulher e sua filha foram vítimas de uma tentativa de assalto, em São
Paulo. É claro que a gente é tentado a fazer a crítica
fácil, que, convenham, já vem pronta: “E aí, hein, ministro? Quer dizer
que turista pode se sentir seguro!? Já os brasileiros…”.
Pois é.
Trata-se de uma crítica tão fácil como errada. Todas as pessoas estão
sujeitas a assaltos. A bobagem que seus respectivos pais ou ex-maridos
falam não tem nenhuma relação com o episódio em si. Os burros e os
inteligentes, os bons e os maus, os esquerdistas e os direitistas, os
carnívoros, os vegetarianos e os herbívoros… Ninguém escapa. Assaltos
não existem para aplicar lições de moral, para ser didáticos ou para
punir quem não pensa como a gente. Assaltos existem porque alguém acha
certo tomar na marra o que não lhe pertence. Se o país é viciado em
impunidade e a transforma numa tradição, o que assaltou uma vez o fará
muitas vezes; outros seguirão seu exemplo porque vão considerar que é um
jeito fácil de ganhar a vida. E as consequências são conhecidas —
nossas conhecidas.
É claro
que falas de autoridades brasileiras nesses dias são irritantes,
beirando a estupidez, a começar das de Cardozo. Veio a público ontem o
número de homicídios no Brasil em 2012: mais de 56 mil. A taxa é de 29
por 100 mil habitantes. Uma aberração! O país, já lembrei aqui, tem um
terço da população da América Latina e Caribe e responde por mais de
metade dos homicídios.
À
diferença, pois, do que diz o ministro da Justiça, o Brasil não é um
país seguro: nem para estrangeiros nem para brasileiros; nem para os que
têm pais que falam as coisas certas nem para os que têm pais que falam
as coisas erradas. E olhem que ex-mulher e filha do ministro transitavam
numa das capitais mais seguras do país. Em qualquer estado governado
por seu partido, o PT, o risco é maior.
Leio que
até o procurador-geral da República, sei lá com que autoridade ou
expertise, resolveu dizer palavras tranquilizadoras aos turistas. Em
reunião com empresários, a presidente Dilma Rousseff afirmou que vai
chamar o Exército e que não permitirá que se encoste um dedo nas
delegações estrangeiras. Tudo isso,
no fim das contas, é meio acintoso quando nos damos conta da desídia do
Poder Público, com raras exceções, em matéria de segurança pública para
os nativos, para este pobre povo de Banânia, que morre às pencas.
Convenham:
nem seria preciso que a realidade se encarregasse de ser tão didática
com Cardozo para que a gente se lembrasse o quanto ele e seu partido não
fizeram nessa área. Termos chegado à Copa do Mundo — e, daqui a dois
anos, às Olimpíadas — sem uma lei que puna com especial rigor pessoas
que põem em risco a segurança coletiva é uma prova de
irresponsabilidade.
Menos mau
que os familiares do ministro possam contar com condições especiais de
segurança, como carro blindado e escolta armada. [escolta
armada paga pelos cofres público, ou seja, dinheiro dos contribuintes -
policiais que poderiam atuar em outras missões.] A esmagadora maioria
dos brasileiros tem a seu favor apenas a sorte. Além das palavras
tranquilizadoras do ministro da Justiça.
Fonte: Blog do Reinado Azevedo - Veja.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário