Carlos Chagas
Publicado: 31 de maio de 2014 às 0:00 -
É preciso saber se foi isolada a
opção da presidente Dilma por dois palanques, ou seja, dois candidatos
ao governo de São Paulo. Alexandre Padilha, do PT, e Paulo Skaf, do
PMDB, acabam de ser recomendados por ela. Se a moda pega no Rio, onde
Luiz Fernando Pesão e Lindbergh Farias se estranham, ficará difícil
evitar que em outros estados aconteça o mesmo.
A grande pergunta, no entanto, é outra: terá o
ex-presidente Lula concordado com a sucessora? Parece que não. Ele e a
maioria dos companheiros discordam dessa arte de repartir convicções.
No caso de São Paulo, se não há indignação no PT, é
quase isso. De quem Paulo Scaf vai tirar votos, senão de Alexandre
Padilha? A estratégia da presidente sugere que os dois candidatos
levariam a eleição para o segundo turno, impedindo a vitória do
governador Geraldo Alckmin no primeiro. Pode ser, mas quem garante?
Sabe-se que o ex-ministro da Saúde não gostou nem um
pouco, apesar de manter-se por enquanto calado. Já sofreu quando teve
seu nome ligado ao deputado André Vargas e ao doleiro Youssef. Esse
segundo safanão deixou-o exasperado.
Também despertou duvidas outra consideração de Dilma
em seu jantar com os cardeais do PMDB: por que considerar como
definitiva a presença de Geraldo Alckmin no segundo turno? Essa previsão
parece óbvia, mas reconhecê-la de público foi temerário. Em especial
quando a presidente sustentou a importância de derrotar os tucanos em
São Paulo, como se eles já estivessem vitoriosos. Raramente dá certo
entrar em campo numa partida de futebol com o adversário, antes do apito
inicial, começa ganhando por um gol…
ELOGIOS EM DEMASIA
Nesse estranho jantar da presidente com o PMDB,
também não deu para entender o elogio feito ao líder Eduardo Cunha, “que
em muitas circunstâncias ajudou bastante o governo”. O diabo é que em
muitas outras, o deputado prejudicou demais o palácio do Planalto.
Considerado o inimigo número 1 até semanas atrás, terá agora virado
amigo inseparável por conta de ameaças de apoiar Aécio Neves? Jader
Barbalho e Roberto Requião também foram agraciados com palavra
carinhosas. Algo de inusitado anda acontecendo.
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