Manifestantes complicam, mais uma vez, trânsito em Brasília
Publicado: 31 de maio de 2014 às 9:35 - Atualizado às 9:38
Manifestantes fizeram ontem(30) um protesto contra a Copa do Mundo no
país. A concentração foi em frente ao Museu Nacional da República, no
início da noite. De lá, os manifestantes – na maioria, jovens – partiram
em direção à rodoviária e ocuparam parte das vias que compõem o Eixo
Monumental. Os organizadores estimam que 300 pessoas participaram do
protesto.
A Polícia Militar (PM) não informou estimativa.
As pessoas que aguardavam os ônibus – no fim do expediente de trabalho, para retornarem para suas casas – reagiram entre espanto e apoio, principalmente dos vendedores ambulantes, proibidos pela Fifa de trabalhar nas proximidades do estádio. “Eles não deixam a gente trabalhar e conseguir o nosso sustento,” reclamou o vendedor de frutas, Carlos Cunha, que há 22 anos trabalha no local.
Da rodoviária, o protesto convocado pelas redes sociais na internet marchou rumo ao Estádio Nacional de Brasília/Mané Garrincha. De acordo com o estudante João Gabriel, que fez o chamamento para o protesto, a intenção foi retomar a “energia” das manifestações de junho do ano passado, quando os manifestantes tomaram as ruas do país.
“A Copa do Mundo é um mote perfeito para mostrar a precariedade dos sistemas de saúde e educação. Acho um absurdo que a Copa aconteça da forma como está, sem os investimentos em mobilidade e moradia. Para mim, este é um momento em que as pessoas têm que tomar consciência das coisas que ocorrem no país”, disse ele, e emendou que “a corrupção tem que ser tornada crime hediondo, sem direito a fiança”.
Enquanto marchavam, os manifestantes empunhavam cartazes criticando a Fifa, o governo federal e também pedindo mais recursos para as áreas de saúde, educação e segurança, principalmente.
Eles gritavam palavras de ordem como “Copa do Mundo, eu abro mão” e “Quero transporte, saúde, moradia e educação”. Em frente ao estádio estenderam as bandeiras e gritaram o refrão “Ei Fifa, volta para a Suíça”.
Em seguida, retornaram em direção à rodoviária, ocupando todas as faixas de uma das vias do Eixo Monumental. Um dos que iam à frente do grupo, o cadeirante Daniel Batista, empunhava uma bandeira brasileira enquanto criticava a falta de acessibilidade nos diferentes espaços da cidade.
Entre eles, a área que dá acesso ao estádio. “É muito triste ver que o cadeirante não é enxergado. não é incluído. Os lugares não têm acessibilidade. A maior parte dos ônibus não tem elevador, e quando tem as paradas não são pensadas para pessoas como eu”, protestou. Por alguns instantes, o trânsito chegou a ser paralisado.
Chegando à rodoviária, fizeram um protesto por melhorias no transporte público, antes de se dispersarem. Houve um princípio de tumulto e pelo menos um manifestante foi detido. Um pequeno grupo ainda quis se dirigir ao Congresso. Mas a maior parte dos manifestantes considerou o protesto finalizado.
Diferentemente da manifestação de terça-feira, quando índios, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e membros do Comitê Popular da Copa fizeram ato conjunto para protestar contra violações de direitos cometidas pela Fifa e pelo governo, segundo eles, os manifestantes de hoje não se aglutinaram em torno de nenhuma pauta específica.
O integrante do Comitê Popular da Copa Thiago Ávila defendeu a realização das manifestações, e disse que é importante a espontaneidade da população no momento de ir às ruas. Ele também adiantou que o movimento estará nas ruas para defender as pessoas que tiveram os direitos violados, em razão do Mundial.
Ávila disse à Agência Brasil que entre os principais “problemas” que o Mundial acarretou estão a remoção de 250 mil pessoas de suas casas para a execução de obras, a mudança da legislação para a efetivação de políticas de exceção, a criminalização dos movimentos sociais, a repressão ao trabalho informal, os gastos exorbitantes e a subserviência do Poder Público aos interesses privados e à Fifa.”Ir para a rua neste momento é um gesto mais do que necessário.
Nossa intenção não é impedir a realização dos jogos. Nós viemos mostrar uma outra copa; uma copa das manifestações. A gente sabe que o povo brasileiro ama futebol, mas a gente também está cansado de ver o esporte ser utilizado como desculpa para a retirada de direitos da população mais pobre,” criticou.
Ávila disse ainda que o momento é outro e que as manifestações que o movimento pretende fazer durante a realização do Mundial não vão abordar temas “reacionários”, como intervenção militar e redução da maioridade penal.
“As demandas reais sobressaíram dessas pautas retrógradas. Queremos chamar a atenção para temas como a necessidade de moradia, a mobilidade urbana, mais investimentos na saúde e educação. E isto é legítimo, basta a gente lembrar que a maior parte das obras de intervenção urbana anunciadas como herança do Mundial não saíram do papel,” completou.
Esta é a segunda manifestação contra a Copa do Mundo nesta semana. Na terça-feira (27), dia de exposição da taça da Copa do Mundo, o conflito resultou em três prisões e pelo menos seis manifestantes saíram feridos. Em nota de repúdio à ação da polícia, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil alega que a Polícia Militar não cumpriu o combinado, que seria deixar o protesto seguir pacífico até o estádio.
Já a polícia disse que os manifestantes descumpriram o acordo quanto ao limite de proximidade do estádio. Na ocasião, eles anunciaram que também participariam do protesto desta sexta-feira. (Agência Brasil)
A Polícia Militar (PM) não informou estimativa.
As pessoas que aguardavam os ônibus – no fim do expediente de trabalho, para retornarem para suas casas – reagiram entre espanto e apoio, principalmente dos vendedores ambulantes, proibidos pela Fifa de trabalhar nas proximidades do estádio. “Eles não deixam a gente trabalhar e conseguir o nosso sustento,” reclamou o vendedor de frutas, Carlos Cunha, que há 22 anos trabalha no local.
Da rodoviária, o protesto convocado pelas redes sociais na internet marchou rumo ao Estádio Nacional de Brasília/Mané Garrincha. De acordo com o estudante João Gabriel, que fez o chamamento para o protesto, a intenção foi retomar a “energia” das manifestações de junho do ano passado, quando os manifestantes tomaram as ruas do país.
“A Copa do Mundo é um mote perfeito para mostrar a precariedade dos sistemas de saúde e educação. Acho um absurdo que a Copa aconteça da forma como está, sem os investimentos em mobilidade e moradia. Para mim, este é um momento em que as pessoas têm que tomar consciência das coisas que ocorrem no país”, disse ele, e emendou que “a corrupção tem que ser tornada crime hediondo, sem direito a fiança”.
Enquanto marchavam, os manifestantes empunhavam cartazes criticando a Fifa, o governo federal e também pedindo mais recursos para as áreas de saúde, educação e segurança, principalmente.
Eles gritavam palavras de ordem como “Copa do Mundo, eu abro mão” e “Quero transporte, saúde, moradia e educação”. Em frente ao estádio estenderam as bandeiras e gritaram o refrão “Ei Fifa, volta para a Suíça”.
Em seguida, retornaram em direção à rodoviária, ocupando todas as faixas de uma das vias do Eixo Monumental. Um dos que iam à frente do grupo, o cadeirante Daniel Batista, empunhava uma bandeira brasileira enquanto criticava a falta de acessibilidade nos diferentes espaços da cidade.
Entre eles, a área que dá acesso ao estádio. “É muito triste ver que o cadeirante não é enxergado. não é incluído. Os lugares não têm acessibilidade. A maior parte dos ônibus não tem elevador, e quando tem as paradas não são pensadas para pessoas como eu”, protestou. Por alguns instantes, o trânsito chegou a ser paralisado.
Chegando à rodoviária, fizeram um protesto por melhorias no transporte público, antes de se dispersarem. Houve um princípio de tumulto e pelo menos um manifestante foi detido. Um pequeno grupo ainda quis se dirigir ao Congresso. Mas a maior parte dos manifestantes considerou o protesto finalizado.
Diferentemente da manifestação de terça-feira, quando índios, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e membros do Comitê Popular da Copa fizeram ato conjunto para protestar contra violações de direitos cometidas pela Fifa e pelo governo, segundo eles, os manifestantes de hoje não se aglutinaram em torno de nenhuma pauta específica.
O integrante do Comitê Popular da Copa Thiago Ávila defendeu a realização das manifestações, e disse que é importante a espontaneidade da população no momento de ir às ruas. Ele também adiantou que o movimento estará nas ruas para defender as pessoas que tiveram os direitos violados, em razão do Mundial.
Ávila disse à Agência Brasil que entre os principais “problemas” que o Mundial acarretou estão a remoção de 250 mil pessoas de suas casas para a execução de obras, a mudança da legislação para a efetivação de políticas de exceção, a criminalização dos movimentos sociais, a repressão ao trabalho informal, os gastos exorbitantes e a subserviência do Poder Público aos interesses privados e à Fifa.”Ir para a rua neste momento é um gesto mais do que necessário.
Nossa intenção não é impedir a realização dos jogos. Nós viemos mostrar uma outra copa; uma copa das manifestações. A gente sabe que o povo brasileiro ama futebol, mas a gente também está cansado de ver o esporte ser utilizado como desculpa para a retirada de direitos da população mais pobre,” criticou.
Ávila disse ainda que o momento é outro e que as manifestações que o movimento pretende fazer durante a realização do Mundial não vão abordar temas “reacionários”, como intervenção militar e redução da maioridade penal.
“As demandas reais sobressaíram dessas pautas retrógradas. Queremos chamar a atenção para temas como a necessidade de moradia, a mobilidade urbana, mais investimentos na saúde e educação. E isto é legítimo, basta a gente lembrar que a maior parte das obras de intervenção urbana anunciadas como herança do Mundial não saíram do papel,” completou.
Esta é a segunda manifestação contra a Copa do Mundo nesta semana. Na terça-feira (27), dia de exposição da taça da Copa do Mundo, o conflito resultou em três prisões e pelo menos seis manifestantes saíram feridos. Em nota de repúdio à ação da polícia, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil alega que a Polícia Militar não cumpriu o combinado, que seria deixar o protesto seguir pacífico até o estádio.
Já a polícia disse que os manifestantes descumpriram o acordo quanto ao limite de proximidade do estádio. Na ocasião, eles anunciaram que também participariam do protesto desta sexta-feira. (Agência Brasil)
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