sábado, 31 de maio de 2014

CASO DG – Preso em Niterói, ex-chefe do tráfico do PPG teria informações sobre a morte do dançarino do Esquenta




Wellington delegado
Delegado Wellington Vieira chegou ao acusado através de denúncia anônima.



Veja abaixo (alô, imprensa!) a notícia de sexta-feira do jornal O Fluminense (com grifos meus para os leitores preguiçosos).

Volto em seguida:

Foragido escondido no Hospital Antônio Pedro em Niterói
  Ex-gerente do tráfico no Rio prestava serviços para hospital, afirma delegado


Após receber denúncia anônima, o delegado Wellington Vieira, titular da Divisão de Homicídios (DH) de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo, prendeu no Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), Leandro Oliveira Resende, apontado pela polícia como ex-chefe do tráfico de drogas dos Morros do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo [vulgo PPG], em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro, antes da instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na capital. 


O acusado, que trabalhava no hospital como prestador de serviço contratado por uma empresa terceirizada, não resistiu à prisão.


De acordo com o delegado, contra Leandro existiam três mandados de prisão, sendo dois por roubo e um por tráfico de drogas. O nome de Leandro aparece em 10 inquéritos policiais de delegacias da Zona Sul do Rio. 


Segundo as investigações, Azul, como era conhecido, teria informações sobre a morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, de 26 anos, o DG, do programa Esquenta, da Rede Globo, morto em abril. O corpo do dançarino foi encontrado dentro de uma creche na comunidade do Morro Pavão-Pavãozinho. O crime foi atribuído a policiais militares.


O Serviço Disque-Denúncia oferecia R$ 2 mil de recompensa por informações que levassem ao acusado. 


Esconderijo – Ainda de acordo com o delegado, o Azul usava o nome falso de André Luiz Ferreira, além dos apelidos de Macaco e Preto. Ele teria migrado para Niterói após a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em dezembro de 2009, na comunidade onde controlaria o tráfico. 


“Na hora da prisão, ele alegou que não fazia mais parte do tráfico, que agora frequentava a igreja. Mas a polícia acredita que ele ainda trabalhava nos bastidores do crime, passando informações a comparsas. Ele também será interrogado por delegados do Rio, por causa de informações que teria sobre a morte do dançarino”, afirmou o delegado, sem mencionar que informações poderiam ser.


Segundo o Disque-Denúncia, o tráfico do morro Pavão-Pavãozinho lucrava antes da UPP, em média, R$ 3 milhões por mês, sendo R$ 1,4 milhão somente com a venda de crack. O morro do Pavão-Pavãozinho possuía a maior cracolândia da Zona Sul carioca. Ainda de acordo com o Disque-Denúncia, eram vendidos em média 40 quilos da droga por mês, o que gerava um faturamento de cerca de R$ 1,4 milhão.


Muito bem. O título da matéria é um. O título do meu post é outro. 


Chamo a atenção para o caso DG, sobre o qual escrevi uma porção de artigos (que seguem abaixo), repletos de informações em primeira mão, e do qual os repórteres da grande imprensa parecem ter se esquecido. Durante cerca de dez dias, o assunto recebeu enorme atenção dos jornais e da TV. Depois, puf! Sumiu, como o Compadre Washington naquela propaganda censurada pela Conar. 

Mas que fim levaram as investigações da polícia, assumidas pelo delegado Gilberto da Cruz Ribeiro? De quem afinal partiu o tiro: dos PMs ou dos traficantes? A reportagem do Fluminense fala que “o crime foi atribuído a policiais millitares”, mas atribuído por quem? Pelos traficantes e pela militância de esquerda, sem dúvida. Pelos fanáticos da desmilitarização e do fim da UPP, também. 


Pelos “especialistas” do Esquenta, talvez. E era possível que o tiro tivesse vindo da PM? Sim, era uma possibilidade. E era também precipitado culpar os policiais e cínico culpar a instituição inteira. Mas cadê a conclusão do caso? A prisão de Azul pode ser importante para desvendar esse mistério e cabe aos jornalistas ficar de olho. 


Há relatos públicos de que Azul, quando era o “frente” do morro, colocava DG para dançar em eventos na quadra do Cantagalo, antes de o dançarino virar mototáxi com a chegada da UPP. Decerto, o traficante o conhecia. Se tem informações sobre sua morte, é outra história que ainda precisamos descobrir.


Felipe Moura Brasil – http://www.veja.com/felipemourabrasil


Siga no Facebook e no Twitter.

- “No Brasil, as discussões geralmente já começam erradas” – Entrevista de FMB ao Instituto Liberal
 

A vantagem de ser “reaça” no país do “Esquenta” – e o que está por trás dos casos DG e Victor Hugo Deppman
 

Traficantes assistiram ao ‘Esquenta’ comendo pipoca? -> Recorde de audiência do blog: artigo visto por mais de 8 milhões de pessoas
 

Ruim com UPP, pior sem UPP
 

- Dançarino Douglas sentia “saudades eternas” do traficante Cachorrão. De luto em janeiro, postou no Facebook que “o bico” ia “fazer barulho”, porque “os amigos” estavam “cheio de ódio na veia”. Pode ser vítima, mas santo não era
 

- Avisei em 2010: pacificar é prender bandido. Traficantes atacam PMs e UPPs porque – imagine – estão soltos!
 

- Artigo do psolista Vladimir Safatle é reduzido a pó por professor de Direito Penal. Números comprovam relação entre mais prisões e menos homicídios. Freixo: “Prisão é um mau negócio.” Eu avisei: “Mau negócio é o PSOL.”

Nenhum comentário: