sábado, 31 de maio de 2014

Por que deixaram invadir? Areal: Banheiro a céu aberto



Moradores de rua improvisaram estrutura em poste, que desagrada a população da região
 

jessica.antunes@jornaldebrasilia.com.br



Moradores e trabalhadores da QS 7 do Areal alegam ter  uma vizinhança nada agradável. 

De um lado, o polêmico albergue. 

Do outro, cerca de dez moradores de rua se apossaram de um prédio abandonado e fizeram dali suas residências. 

Como se não bastasse o medo de abordagens dos usuários de drogas, os novos moradores criaram um banheiro a céu aberto.

“Fizeram de lá uma casa”, reclama uma aposentada, que é vizinha dos novos moradores. No local, há colchões, roupas e garrafas de bebidas alcoólicas à vista. Eles fazem fogueiras para cozinhar alimentos que dizem ganhar de feirantes. 

Recentemente criaram um novo “cômodo” a céu aberto. Ergueram tapumes em volta de um poste e chamaram aquilo de banheiro.

Liderados pelo mineiro R.S., de 33 anos, os moradores de rua dizem apenas urinar no local. “Procuramos os banheiros dos postos de gasolina para fazer outras coisas”, conta o homem, que se diz usuário de maconha. Perguntado sobre o motivo de não ir para o albergue ele afirma que “na rua é muito melhor que lá porque dá mais liberdade”.

Entretanto, uma auxiliar administrativa que mora a duas casas do lugar conta que, apesar da invenção, eles não concentram urinas e fezes ali. “Fazem as necessidades na porta das nossas casas!”, se indigna. “Esse banheiro é a catinga só. Não dá pra ter noção do cheiro que fica. E, como se não bastasse, eles queimam roupas, plásticos, tudo o que vêem pela frente. Aí o cheiro fica pior”, garante.

Medo constante
Os estabelecimentos comerciais também sofrem com a situação. De portões sempre fechados, temem sair ao escurecer. Funcionária de uma sala comercial ao lado do dormitório, uma jovem reclama do odor exalado pelo local e confessa que sente um medo constante: “Meu horário é até 18h, mas nunca saio nessa hora porque já está escuro. Venho trabalhar sem bolsa e apenas com o dinheiro da passagem para não correr riscos, e só desço nessa parada porque não tenho outra opção”.

A parada de ônibus é outro problema. Por causa da presença dos moradores de rua, “as pessoas evitam pegar ônibus nessa parada. Preferem andar cerca de um quilômetro”, explica um homem que trabalha por perto.

Perigoso andar pelo local
Aqui dentro é seguro, mas do portão para fora ninguém sabe o que pode acontecer. Não dá para sair andando, é perigoso”,  conta uma aposentada, que mora em um condomínio fechado próximo ao local onde estão os moradores de rua, há pouco mais de um ano. 

De acordo com a moradora, quem precisa andar de ônibus  enfrenta diretamente essa situação e precisa conviver com os usuários de drogas. “O povo reclama, mas ninguém faz nada”, completa a habitante do Areal.

Polícia
 Os moradores e os funcionários da região criticam que, quando a polícia é acionada, eles fazem uma ronda e vão embo ra. Segundo a Polícia Militar, é feito o patrulhamento na área e a abordagem a pessoas em atitudes suspeitas, que são conduzidas à delegacia, caso estejam praticando algum crime.

Saída do local não pode ser forçada

De acordo com a Secretaria de Estado Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest), a abordagem social é feita na região periodicamente. Em maio, 19 acolhimentos foram feitos, mas a pasta ressalta  que o local é de grande rotatividade, já que nas proximidades há uma Unidade para Acolhimento de Adultos e Famílias (Unaf) – o albergue.

A abordagem é apenas de convencimento. Os 2.512 agentes oferecem suporte, mas, caso as pessoas o recusem, outras tentativas são feitas. Desde agosto do ano passado, ocorreram mais de oito mil abordagens, enumera a Sedest.

A população do Areal diz  ser quase impossível o contato com o dono do prédio apropriado pelos moradores de rua. A aposentada ouvida pela reportagem  conta que encontrou com o homem casualmente. Na ocasião, “ele disse que pediu à administração para gradear o prédio, mas não liberaram”, declara, afirmando que o prédio foi desativado justamente por causa da presença dos moradores de rua.





Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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