Partido vem sofrendo com escândalos protagonizados por seus membros desde o mensalão
O deputado do PT nega envolvimento com o crime organizado
No caso mais gritante, o deputado estadual Luiz Moura (SP) foi flagrado por policiais em uma reunião com sindicalistas na garagem de uma cooperativa na qual também estavam dezoito membros da facção criminosa.
A reunião foi descoberta quando Policiais do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) apuravam os ataques a ônibus na cidade. O setor de transporte é investigado pela polícia por suspeita de lavagem de dinheiro do crime organizado.
Tendo base política na Zona Leste da capital paulista, consolidada em grande parte com o apoio de cooperativas de perueiros, Moura é apadrinhado pelo político que mantém íntimas relações com essa categoria, o também petista Jilmar Tatto, deputado federal e atual secretário municipal de Transportes do governo Fernando Haddad.
Ex-assaltante
Antes dessa ligação com o PCC, Moura já tinha enfrentado problemas com a Justiça. Ex-assaltante, ele fugiu da cadeia em 1993 e passou os dez anos seguintes foragido, até ser levado ao PT por seu irmão, o vereador Senival Moura. Tentando minimizar o impacto, a Executiva Estadual do PT suspendeu a filiação do deputado por 60 dias.
Com isso, acabaram as chances de Moura à reeleição, já que ele não poderá participar da Convenção Estadual petista, quando o partido distribuirá legendas aos candidatos em São Paulo.
Em pronunciamento dado na semana passada na Assembleia Legislativa de São Paulo, o petista se justificou dizendo que estava na reunião da cooperativa com membros do PCC apenas para impedir a greve dos motoristas de ônibus.
— Querer me atribuir um crime dessa magnitude, me envolver com facção criminosa, é um absurdo. O que estão fazendo comigo e minha família é imoral. Pesa ainda contra o PT, nesse caso, o interesse que a cúpula do partido tinha em Moura e sua influência junto às cooperativas de transporte.
Em 2010, diversos membros do mais alto escalão doaram dinheiro para a campanha do deputado. Figuram na lista, além do padrinho Jilmar Tatto, os ministros Marta Suplicy (Cultura) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), os ex-deputados João Paulo Cunha e José Genoino, ambos presos por sua participação no mensalão, e os deputados federais Cândido Vaccarezza, Devanir Ribeiro, Arlindo Chinaglia e Carlos Zarattini.
Outro “ilustre” doador da campanha de Moura foi o ex-presidiário Claudemir Augusto Carvalho, condenado por roubo e apontado pela polícia como um dos membros do PCC.
Patrimônio
Também chama a atenção a evolução patrimonial do petista. Em janeiro de 2005, como forma de conseguir sua reabilitação criminal, Moura assinou um atestado de pobreza no qual afirmava que não tinha condições financeiras de ressarcir a vítima do assalto que praticou em 1993. A vítima em questão é um supermercado, do qual o petista roubou R$ 2,4 mil.
Além disso, o petista apresentou declaração de Imposto de Renda de 2004 afirmando que no ano anterior teve rendimentos que somaram R$ 15,8 mil. O que equivale a ganhos de R$ 1,3 mil por mês.
Já em 2010, quando se candidatou pela primeira vez, Moura afirmou em sua declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral possuir um patrimônio de R$ 5,1 milhões, dos quais R$ 4 milhões vinham de cotas de uma empresa de ônibus, além de cinco postos de gasolina, quatro casas e um ônibus.
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