Atualizado em 10 de junho, 2014 - 19:20 BBC
A dois dias do início da Copa do
Mundo, dirigentes de associações de futebol da Europa criticaram o
presidente da Fifa, Joseph Blatter, e pediram que ele deixe o cargo em
2015.
O presidente da associação holandesa de futebol, Michael van Praag, disse que Blatter não deve tentar a reeleição no ano que vem e que já é hora de colocar fim ao seu reinado.
"A imagem da Fifa se deteriorou por conta de tudo o que está acontecendo nos últimos anos", disse Van Praag, que também é membro do comitê executivo da Uefa (União das Federações Europeias de Futebol).
"Poucas pessoas ainda levam a Fifa a sério e, não importa a maneira como você olhe, Blatter é o principal responsável."
"As pessoas relacionam a Fifa com corrupção e propina. Você (Blatter) não está tornando as coisas fáceis para si mesmo. Por isso, para mim, você não é mais o homem certo para esse cargo."
'Inaceitável'
Greg Dyke, presidente da federação inglesa de futebol, também criticou Blatter em público.Ele qualificou como "totalmente inaceitável" o fato do dirigente ter dito que as acusações contra ele tinham motivações racistas.
Segundo Dyke, ele disse a Blatter que "as acusações feitas não têm nada a ver com racismo, são alegações de corrupção."
O dirigente britânico ainda afirmou que as acusações precisam ser investigadas com seriedade.
"Sr. Blatter, muitos de nós estamos profundamente preocupados com estas acusações. Já é hora da Fifa parar de atacar o mensageiro e considerar a mensagem – e entendê-la."
Escândalo
Durante o encontro em São Paulo, Blatter teria dito a delegados da Fifa que gostaria de se candidatar para um quinto mandato nas eleições do ano que vem.O vice-presidente da Uefa, David Gill, também pediu que Blatter não tente se reeleger.
"Pessoalmente, acho que sim (que ele deve sair). Devemos seguir em frente."
O escândalo envolvendo a escolha do Catar ganhou um novo capítulo na semana passada, quando o Sunday Times publicou que Mohammed Bin Hammam, ex-principal dirigente de futebol do Catar que está no centro das acusações, pagou 3 milhões de libras para autoridades de futebol ao redor do mundo para conseguir o apoio ao país.
Bin Hammam é acusado de ter usado seus contatos na família real e no governo do Catar para conseguir acordos e favores e, assim, garantir a realização do torneio no país.
Segundo os emails obtidos pelo jornal, alguns deles vistos pela BBC, o ex-dirigente:
- Visitou o presidente russo, Vladimir Putin,
para discutir "relações bilaterais entre a Rússia e o Catar um mês antes
da votação para os países-sede das Copas de 2018 e 2022.
- Intermediou conversas entre o governo e o
executivo da Fifa na Tailândia, Worawi Makudi, para concretizar um
acordo de importação de entre o país e o Catar.
- Convidou o ex-executivo da Fifa na Alemanha,
Franz Beckenbauer, a ir a Doha apenas cinco meses antes da votação
junto com empresários do setor de petróleo e gás, que o haviam
contratado como consultor. A empresa disse que explorava investimentos
no Catar, mas não chegou a fechar negócios. Beckenbauer negou-se a
comentar o assunto.
- Intermediou encontros entre nove executivos da Fifa, entre eles o presidente Joseph Blatter, e membros da família real do Catar.
- Intermediou um encontro entre a equipe de campanha do Catar e o presidente da Uefa, Michel Platini. Platini, que admite ter votado pelo Catar, diz que Bin Hammam não participou da reunião e diz não ter nada a esconder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário