terça-feira, 10 de junho de 2014

'Pessimistas já entram perdendo', diz Dilma em fala sobre a Copa na TV .PSDB reage à altura.




Segundo ela, chegaram 'ao ridículo' de prever epidemia de dengue.


Presidente fez pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão.



Filipe Matoso Do G1, em Brasília
 



A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (10), em pronunciamento em rede nacional de TV sobre a Copa do Mundo que os "pessimistas" em relação à organização do Mundial já entram “perdendo” com o início do evento.

A Copa do Mundo começa nesta quinta-feira (12). O jogo de abertura será em São Paulo, entre Brasil e Croácia. Ao longo da preparação para a Copa, a organização do evento foi alvo de críticas em razão de atrasos em obras e de recursos destinados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à construção dos estádios.

“No jogo, que começa agora, os pessimistas já entram perdendo. Foram derrotados pela capacidade de trabalho e a determinação do povo brasileiro, que não desiste nunca”, disse a presidente durante o pronunciamento.


No jogo, que começa agora, os pessimistas já entram perdendo. Foram derrotados pela capacidade de trabalho e a determinação do povo brasileiro, que não desiste nunca."
Presidente Dilma Rousseff, durante pronunciamento em rede de rádio e TV
 

Segundo a presidente, os "pessimistas", que ela não nomeou, previram que estádios e aeroportos não ficariam prontos e que haveria racionamento de energia. "Chegaram também  ao ridículo de prever uma epidemia de dengue na Copa em pleno inverno, no Brasil!", disse.

Apesar disso, Dilma afirmou que as contas da Copa "estão sendo analisadas, minuciosamente, pelos órgãos de fiscalização". "Se ficar provada qualquer irregularidade, os responsáveis serão punidos com o máximo rigor", declarou.

Ela destacou, como em outras ocasiões, que as obras de ampliação dos aeroportos e de mobilidade urbana não se deram em razão da Copa, mas, sim, em meio à oportunidade de aproveitar o evento para assegurar à população melhores condições de vida.

“Construímos, ampliamos ou reformamos aeroportos, portos, avenidas, viadutos, pontes, vias de trânsito rápido e avançados sistemas de transporte público. Fizemos isso, em primeiro lugar, para os brasileiros. Tenho repetido que os aeroportos, os metrôs, os BRTs e os estádios não voltarão na mala dos turistas.Ficarão aqui, beneficiando a todos nós”, disse. 


“Além de servir ao futebol, serão estádios multiuso. Vão funcionar também, como centros comerciais, de negócios e de lazer, e palcos de shows e festas populares”, afirmou.

Saúde e educação
 
A presidente voltou a rebater acusações de que o governo federal destinou recursos da saúde e da educação para a construção dos estádios. Dilma comparou gastos com as arenas com o que o governo investiu nos dois setores nos últimos anos.


Ela disse respeitar opiniões de que os recursos da Copa deveriam ter sido destinados à educação e à saúde, mas que não concorda com esses posicionamentos e que trata-se de “falso dilema”.



Segundo Dilma, desde 2010, quando começaram as obras dos estádios, até 2013, o governo federal e as prefeituras investiram R$ 1,7 trilhão em educação e saúde – os estádios custaram cerca de R$ 8 bilhões. “Ou seja, no mesmo período, o valor investido em educação e saúde no Brasil é 212 vezes maior que o valor investido nos estádios”, afirmou.


Dilma defendeu que se olhe “os dois lados da moeda” porque, segundo ela, Copa não representa somente gastos, mas “traz receitas para o país”.


A presidente afirmou que as instituições públicas vão garantir a liberdade de manifestação durante a Copa e coibir “excessos e radicalismos” de qualquer espécie.


'Sem derrotismo'

 
Segundo ela, para que o resultado da Copa seja “completo”, é fundamental que os brasileiros tenham conhecimento de tudo o que aconteceu, “sem falso triunfalismo, mas também sem derrotismo ou distorções."



Dilma voltou a afirmar que os turistas estrangeiros serão recebidos de forma generosa e calorosa, da mesma maneira como, segundo a presidente, os brasileiros foram recebidos em outros países que sediaram a maior competição de seleções do mundo.


Durante o pronunciamento, a presidente disse que a Copa deverá ser usada como instrumento contra o racismo e pela paz, inclusão, tolerância, diversidade e diálogo.


“Tenho certeza de que, nas 12 cidades-sede, os visitantes irão conviver com um povo alegre, generoso e hospitaleiro, e se impressionar com um país cheio de belezas naturais e que luta, dia a dia, para se tornar menos desigual”, disse.


Mensagem à seleção
 
 

Dilma reservou parte do pronunciamento para uma mensagem à seleção brasileira e à comissão técnica, comandada pelo treinador Luiz Felipe Scolari.

A presidente afirmou que a seleção representa a nacionalidade do país e que está acima de governos, partidos e interesses de qualquer grupo.

“Por isso, vocês merecem que um dos legados desta Copa seja, também, a modernização da nossa estrutura do futebol e das relações que regem nosso esporte. (...) O povo brasileiro ama e confia em sua seleção”, afirmou.

Íntegra
 
Leia abaixo a íntegra do pronunciamento da presidente.



Minhas amigas e meus amigos,


A partir desta quinta-feira, os olhos e os corações do mundo estarão voltados para o Brasil, acompanhando a maior Copa da história.

Pelo menos 3 bilhões de pessoas vão se deixar fascinar pela arte das 32 melhores seleções de futebol do planeta.

Para o Brasil, sediar a Copa do Mundo é motivo de satisfação, de alegria e de orgulho.

Em nome do povo brasileiro, saúdo a todos que estão chegando para esta que será, também, a Copa pela paz e contra o racismo;

a Copa pela inclusão e contra todas as formas de violência e preconceito;

a Copa da tolerância, da diversidade, do diálogo e do entendimento.

A Seleção Brasileira é a única que disputou todas as Copas do Mundo realizadas até hoje.

Em todos os países, sempre fomos muito bem recebidos.

Vamos retribuir, agora, a generosidade com que sempre fomos tratados, recebendo calorosamente quem nos visita.

Tenho certeza de que, nas 12 cidades-sede, os visitantes irão conviver com um povo alegre, generoso e hospitaleiro, e se impressionar com um país cheio de belezas naturais e que luta, dia a dia, para se tornar menos desigual.


Amigos de todo o mundo: cheguem em paz! 

O Brasil, como o Cristo Redentor, está de braços abertos para acolher todos vocês.

Brasileiras e Brasileiros,

Para qualquer país, organizar uma Copa é como disputar uma partida suada - e muitas vezes sofrida.

Com direito a prorrogação e disputa nos pênaltis.


Mas o resultado e a celebração final valem o esforço.

O Brasil venceu os principais obstáculos e está preparado para a Copa, dentro e fora do campo.

Para que esta vitória seja ainda mais completa é fundamental que todos os brasileiros tenham uma noção correta de tudo que aconteceu.

Uma visão sem falso triunfalismo, mas também sem derrotismo ou distorções.



Como se diz na linguagem do futebol: treino é treino, jogo é jogo.


No jogo, que começa agora, os pessimistas já entram perdendo.


Foram derrotados pela capacidade de trabalho e a determinação do povo brasileiro, que não desiste nunca.


Os pessimistas diziam que não teríamos Copa porque não teríamos estádios.
Os estádios estão aí, prontos.


Diziam que não teríamos Copa porque não teríamos aeroportos.

Praticamente, dobramos a capacidade dos nossos aeroportos.

Eles estão prontos para atender quem vier nos visitar; prontos para dar conforto  a milhões de brasileiros.


Chegaram a dizer que iria haver racionamento de energia.  Quero garantir a vocês: não haverá falta de luz na Copa, nem depois dela.

O nossos sistema elétrico é robusto, é seguro, porque trabalhamos muito para isso.


Chegaram também  ao ridículo de prever uma epidemia de dengue na Copa em pleno inverno, no Brasil!


Além das grandes obras físicas e da infraestrutura, estamos entregando um sistema de segurança capaz de proteger a todos, capaz de garantir o direito da imensa maioria dos brasileiros e dos nossos visitantes que querem assistir os jogos da Copa.


Estamos entregando, também, um moderno sistema de comunicação e transmissão que reúne o que há de mais avançado em tecnologia, incluindo redes de fibra ótica e equipamentos de última geração, em todas as 12 sedes.

Minhas amigas e meus amigos,

A Copa apressou obras e serviços que já estavam previstos no Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC.

Construímos, ampliamos ou reformamos aeroportos, portos, avenidas, viadutos, pontes, vias de trânsito rápido e avançados sistemas de transporte público.

Fizemos isso, em primeiro lugar, para os brasileiros.


Tenho repetido que os aeroportos, os metrôs, os BRTs e os estádios, não voltarão na mala dos turistas.


Ficarão aqui, beneficiando a todos nós.

Uma Copa dura apenas um mês, os benefícios ficam para toda vida.


Os novos  aeroportos não eram necessários apenas para receber os turistas da Copa.
Com o  aumento do emprego e da renda, o número de passageiros mais que triplicou nos últimos dez anos: de 33 milhões em 2003, saltamos para 113 milhões de passageiros no ano passado, e devemos chegar a 200 milhões em 2020.


Por isso, precisávamos modernizar nossos aeroportos para, acima de tudo, melhorar o dia-a-dia dos brasileiros que, cada vez mais, viajam de avião.

Agora também temos estádios modernos e confortáveis, de Norte a Sul do país, à altura do nosso futebol e dos nossos torcedores.

Além de servir ao futebol, serão estádios multiuso: vão funcionar também, como centros comerciais, de negócios e de lazer, e palcos de shows e festas populares.

Minhas amigas e meus amigos,

Tem gente que alega que os recursos da Copa deveriam ter sido aplicados na saúde e na educação.

Escuto e respeito essas opiniões, mas não concordo com elas.  Trata-se de um falso dilema.

Só para ficar em uma comparação: os investimentos nos estádios, construídos em parte com financiamento dos bancos públicos federais, e em parte com recursos dos governos estaduais e das empresas privadas, somaram 8 bilhões de reais.

Desde 2010, quando começaram as obras dos estádios, até 2013, o governo federal, os estados e municípios investiram cerca de 1 trilhão e 700 bilhões de reais em educação e saúde. Repito, 1 trilhão e 700 bilhões de reais.

Ou seja : no mesmo período, o valor investido em educação e saúde no Brasil é 212 vezes maior que o valor investido nos estádios.

Vale lembrar, ainda, que os orçamentos da saúde e da educação estão entre os que mais cresceram no meu governo.

É preciso olhar os dois lados da moeda.

A Copa não representa apenas gastos, ela traz também receitas para o país.
É fator de desenvolvimento econômico e social.


Gera negócios, injeta bilhões de reais na economia, cria empregos.


De uma coisa não tenham dúvida: as contas da Copa estão sendo analisadas, minuciosamente, pelos órgãos de fiscalização.

Se ficar provada qualquer irregularidade, os responsáveis serão punidos com o máximo rigor.


 

Minhas amigas e meus amigos,



O Brasil que recebe esta Copa é muito diferente daquele país que, em 1950, recebeu sua primeira Copa.

Hoje, somos a 7a economia do planeta e lideres, no mundo, em diversos setores da produção industrial e do agronegócio.


Nos últimos anos, nosso país promoveu um dos mais exitosos processos de distribuição de renda, de aumento do nível de emprego e de inclusão social.

Reduzimos a desigualdade em níveis impressionantes, levando, em uma década, 42 milhões de pessoas à classe média e retirando 36 milhões de brasileiros da miséria.

 
Somos também um país que, embora tenha passado há poucas décadas por uma ditadura, tem hoje uma democracia jovem, dinâmica e pujante.

Desfrutamos da mais absoluta liberdade e convivemos com manifestações populares e reivindicações que nos ajudam a aperfeiçoar, cada vez mais, nossas instituições democráticas.

Instituições que nos respaldam tanto para garantir a liberdade de manifestação como para coibir excessos e radicalismos de qualquer espécie.

Meus queridos jogadores e querida Comissão Técnica,
Debaixo da camisa verde-amarela, vocês materializam um poderoso patrimônio do povo brasileiro.

A Seleção representa a nacionalidade. Está acima de governos, de partidos e de interesses de qualquer grupo.

Por isso, vocês merecem que um dos legados desta Copa seja, também, a modernização da nossa estrutura do futebol e das relações que regem nosso esporte.
O Brasil precisa retribuir a vocês, e a todos os desportistas, tudo o que vocês têm feito por nosso povo e por nosso país.

O povo brasileiro ama e confia em sua Seleção.

Estamos todos juntos para o que der e vier.

Viva a Paz!

Viva a Copa!


Viva o Brasil!


Obrigada e Boa Noite.


 
10/06/2014 23h04 - Atualizado em 10/06/2014 23h07

Em nota, PSDB diz que Dilma não entendeu mensagem das ruas

Para o partido, presidente criticou quem discorda da organização da Copa.


Em pronunciamento na TV, presidente atacou 'pessimistas' sobre o evento.



Do G1, em Brasília

 


O PSDB reagiu nesta terça-feira (10) às declarações da presidente Dilma Rousseff em pronunciamento na TV, que disse que "os pessimistas já entram perdendo", em referência às críticas aos atrasos na organização do governo para a Copa. 


Em nota, o partido disse que a presidente deixou claro "que não entendeu a mensagem das ruas".


"Mas dessa vez surpreendeu ao utilizar o pretexto da Copa do Mundo para criticar milhões de brasileiros que vêm legitimamente manifestando sua discordância com a forma como o governo encaminhou os preparativos do evento", afirma o texto.




No pronunciamento, Dilma disse que os "pessimistas foram derrotados pela capacidade de trabalho e a determinação do povo brasileiro, que não desiste nunca". 


No texto, o PSDB chama a atenção para "obras inacabadas, gastos superfaturados e a absoluta falta de capacidade de gestão desse governo" e diz que Dilma fez um esforço para transformar esses problemas em "motivo de orgulho".


O partido também diz que a "tentativa de associar a seleção brasileira a um governo lembrou a ofensiva de propaganda do regime militar".


"Ao trocar o contato direto com os brasileiros na abertura da Copa pelo conforto de mais uma rede oficial de rádio e TV, a presidente pode ter evitado um grande constrangimento, mas não evitará o julgamento das urnas", conclui a nota.


Leia abaixo a íntegra do texto:

NOTA DO PSDB À IMPRENSA



Ao negar-se a discursar na abertura da Copa e escolher a proteção e o silêncio da tela de TV, a presidente buscou uma forma de se esquivar do contato direto com os brasileiros, com o intuito de evitar a repetição das manifestações que ocorreram na Copa das Confederações.


Na rede oficial de rádio e TV convocada esta noite, a presidente ultrapassou ainda mais os limites na mistura do interesse público e dos interesses pessoal e partidários, algo que já se tornou sistemático em seu governo.


Mais uma vez lança mão de um intrumento de Estado, pago pelo contribuinte, para fazer acintosa e ilegal campanha eleitoral.


Mas dessa vez surpreendeu ao utilizar o pretexto da Copa do Mundo para criticar milhões de brasileiros que vêm legitimamente manifestando sua discordância com a forma como o governo encaminhou os preparativos do evento.


A tentativa de associar a seleção brasileira a um governo lembrou a ofensiva de propaganda do regime militar.


O pronunciamento da presidente foi um esforço para transformar em motivo de orgulho nacional obras inacabadas, gastos superfaturados e a absoluta falta de capacidade de gestão desse governo.


Mais uma vez, a presidente deixa claro que não entendeu a mensagem das ruas.
Torcemos todos pela seleção brasileira e por uma grande Copa do Mundo.


Ao trocar o contato direto com os brasileiros na abertura da Copa pelo conforto de mais uma rede oficial de rádio e TV, a presidente pode ter evitado um grande constrangimento, mas não evitará o julgamento das urnas.


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