Com a desculpa de acompanhar o Mundial, estrangeiros desembarcaram no país e alegam conflitos religiosos para não voltar. Só em Brasília, mais de 200 esperam autorização de refúgio. Ministro do país africano nega justificativas
Correio Braziliense 12/07/2014 11:41
Racionalmente, a conta não fecha: são sete colchões para 22 pessoas. A casa apertada tem uma sala pequena, banheiro e um único quarto. Poucos móveis completam o ambiente. Os moradores, todos homens, entre 16 e 39 anos, não falam português e ilustram uma situação de completa vulnerabilidade. Estimulados pela própria família, cristãos e muçulmanos, solteiros, alguns com filhos, deixaram Gana, na África, para trás. Jogaram mudas de roupa na mala e embarcaram para o Brasil às vésperas da Copa do Mundo.
Espremidos em lares improvisados, sem dinheiro nem emprego, já são pelo menos 200 ganenses alojados em Brasília, segundo estimativa dos próprios estrangeiros. Até o momento, a onda migratória de africanos estava sendo acompanhada pelo Ministério da Justiça apenas na cidade gaúcha de Caxias do Sul, a aproximadamente 120km de Porto Alegre. Na capital, a maioria encontrou abrigo em Samambaia e em Taguatinga. No imóvel visitado pelo Correio, o aluguel custa R$ 500, repartido entre o grupo até quando durar a reserva de dinheiro que trouxeram. Por ora, a grana garante a batata-doce que vai ao forno e ajuda a matar a fome.
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Com fala forte e sem desviar o olhar, Mohammed Yussif, 19 anos, um porta-voz do grupo, diz que, naquela casa, ninguém quer voltar para o país onde nasceu. “Em qualquer hipótese, é melhor ficar aqui do que ter continuado lá”, resume Mohammed, com consciência de que cresceu em um ambiente de risco, repleto de conflitos e sem qualquer perspectiva de melhoria de vida. “Queremos ficar aqui”, insiste mais de uma vez.
Desde que chegaram ao Brasil, os ganenses daquela rua de Samambaia não deram sinal de vida aos familiares. “Não temos dinheiro para ligar”, explica Stephen Danso, 25, com saudade da filha de 5 anos. Não falta, no entanto, vontade de trabalho. “Fazemos qualquer coisa”, solta Francis Owusu, 21. “Não importa o que seja, precisamos de trabalho para sobreviver. E pode ser trabalho duro”, emenda David Yaw Totimeh, 27, pai de dois filhos, antes de interromper a conversa para, ajoelhado em um tapete, fazer as orações da tarde.
COMENTARIO
Anonimo
Senegaleses, haitianos, ganenses...todos querem vir morar no Brasil e trazer as dezenas de filhos e de esposas.E já estão na lista do Minha Casa, Minha Vida.Não acho que o Brasil tenha condições de abrigar tanto imigrante desvalido e ainda cuidar dos nossos próprios desvalidos.Devolve ao pais de origem!
Um comentário:
Abordei esse tema com certa profundidade no artigo "DISTRIBUINDO A MISÉRIA",que trata da política migratória-predatória adotada pelo Governo Brasileiro.
http://www.alertatotal.net/2013/11/distribuindo-miseria.html
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