Primeira etapa ainda não ficou pronta. População pede melhorias como iluminação e transporte
jessica.antunes@jornaldebrasilia.com.br
Dois anos depois da inauguração do primeiro prédio, o Setor Noroeste segue em plena construção, mas os cerca de sete mil moradores continuam sofrendo com problemas de urbanismo e infraestrutura. O prazo para a entrega da primeira etapa de obras acabou há 15 dias, mas quem vive, trabalha ou passa pela região diz enfrentar problemas com iluminação, transporte e segurança, além da falta de questões estruturais prometidas não entregues no prazo pela Terracap.
O presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF), Paulo Muniz, lembra que a data de conclusão da primeira etapa foi firmada no ano passado pela própria Terracap, mas “houve certo descaso em cumprir o acordo”.
“Isso afeta não só os setores imobiliários e de construção, que confiaram no termo de compromisso para investir, mas toda a economia do DF”, adverte.
Balanço
Um levantamento feito pela Ademi indica que muitas das estruturas necessárias para a convivência de moradores e trabalhadores da região não foram concluídas, como sistemas de transporte, iluminação e urbanização.
O educador físico Paulo Henrique Mafra, de 26 anos, se mudou para a região há mais de um ano e garante que “de lá para cá, as coisas melhoraram bastante, mas ainda falta muita coisa”.
Sem luz
Paulo aponta a falta de iluminação em grande parte da cidade como um dos principais problemas a serem enfrentados. “À noite, corremos para o apartamento, porque é bastante perigoso”, conta.
Passando pela avenida principal da nova cidade, na tarde de ontem, a reportagem encontrou funcionários da Companhia Energética de Brasília (CEB) fazendo algumas instalações. A companhia informou que os trabalhos estão sendo feitos desde o início das obras na região, e não há prazo para terminar. Os moradores, no entanto, se dizem apreensivos diante da incerteza sobre quando deixarão de andar por vias escuras.
Falhas afetam abastecimento de água
O fornecimento de água também apresenta falhas no Setor Noroeste, denunciam moradores. O advogado Adilson Vasconcelos Júnior, 34 anos, já enfrentou transtornos. “Certo dia eu estava tomando banho e, de repente, a água acabou”, relata. De acordo com ele, a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) interrompe o fornecimento e a caixa d'água seca.
Procurada, a Caesb informou que, em função do crescimento da cidade, obras estão em andamento na rede de abastecimento “para ampliar e melhorar o sistema da região”. O prazo para a conclusão é de 60 dias.
Passageiros pedem mais ônibus
No Noroeste há um bloco comercial com apenas três lojas em
funcionamento: um salão de beleza, uma banca de revistas e uma
cafeteria. Segundo os moradores, a falta de investimentos os obriga a ir
a regiões mais distantes para a compra de mantimentos básicos. A
ausência de linhas de ônibus também é foco de reclamações.
Os funcionários que saem de outras cidades se dizem reféns. “Tem
uma linha que passa por aqui de vez em quando, mas não tem um horário
fixo e não dá para confiar”, diz Matheus dos Santos, 18 anos. Ele
trabalha na cafeteria e conta que é necessário andar até o Setor
Terminal Norte.
Para chegar lá, muitas pessoas passam pelo meio de um matagal. É o
caso das empregadas domésticas Aline Guedes, 27 anos, e Elizete Silva,
37. Alguns passos à frente, não podem ser vistas. “É o jeito, porque
aqui raramente passa ônibus. É melhor a gente ir até a Asa Norte do que
ficar esperando por horas”, justifica Aline, que, apesar de
considerar perigoso, nunca foi abordada por bandidos. “Mas tenho amigas
que já foram. Fico preocupada, mas realmente não temos muita escolha,
preciso trabalhar”, lamenta.
AMPLIAÇÃO
A única linha que atende a região sai da Rodoviária do Plano
Piloto. Em nota, o Transporte Urbano do DF (DFTrans) informou que “na
última semana, houve um aumento na frequência de horários dessa linha,
após um estudo técnico in loco” e que a ampliação de frequência ou
criação de novas linhas acompanhará a demanda.
Construções predominam
Por estarem em obras, as ruas do Setor Noroeste estão cobertas de
terra e poeira. Muitas calçadas e o prometido calçadão não ficaram
prontos ainda, mas os moradores até relevam essa questão, diante dos
outros problemas apontados. “O setor está crescendo e muita coisa está
sendo construída. Nem o parque ficou pronto ainda”, lembra o educador
físico Paulo Henrique Mafra.
A tensão fica para o início das chuvas. “No ano passado, uma
‘cachoeira’ foi formada. Muitas garagens ficaram alagadas e os carros
não conseguiam passar”, recorda o advogado Adilson Vasconcelos Júnior.
Morador do Noroeste há oito meses, ele completa: “O investimento só
deve valer a pena daqui a três anos”, analisa.
A respeito de todos os problemas relatados pelos moradores, a Terracap informou, em nota, que a presidente Maruska Lima, empossada há uma semana, “está fazendo reuniões com a área técnica responsável e com as empresas envolvidas para atualizar o plano de estágio de obras do Noroeste”. Portanto, não poderia passar informações oficiais a respeito do andamento das obras.
Saiba mais
O compromisso firmado entre a Terracap, o Sindicato da Indústria da
Construção Civil do DF (Sinduscon-DF) e a Ademi-DF era de que a
conclusão da primeira fase seria até o dia 30 de junho. O Parque Burle
Marx deverá ser entregue, pronto, até o dia 31 de dezembro.
A última fase das obras está prevista para terminar em 48 meses.
A última fase das obras está prevista para terminar em 48 meses.
De acordo com a Ademi – DF, a Terracap arrecadou aproximadamente R$
3 bilhões nos últimos cinco anos, sendo R$ 1,36 bilhão após a
assinatura do termo de compromisso.
Apesar dos problemas, o Setor Noroeste não sofreu desvalorização, mas se manteve estável.
Números
20 quadras residenciais compõem o Noroeste;
10 a 11 blocos, de dimensões variáveis, tem cada quadra;
6 pavimentos possuem os blocos, seguindo o projeto do setor;
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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