No primeiro dia depois de recesso, paralisação de terceirizados da rede pública de ensino complica rotina
raphael.costa@jornaldebrasilia.com.br
Depois de um mês de descanso e futebol, 472 mil alunos da rede pública retomaram às atividades ontem. A tranquilidade, no entanto, não fez parte desse primeiro dia de aula. Os estudantes tiveram que lidar com a paralisação de pelo menos 300 funcionários terceirizados de todas as escolas públicas do DF. Formado por merendeiras e trabalhadores da limpeza, o grupo reivindica o pagamento do auxílio alimentação e vale-transporte, que está atrasado.
Apesar dos contratempos da volta, muitos alunos confessam que a ausência de funcionários não foi o único desafio a ser enfrentado. Se readaptar a dormir cedo, voltar a ter a rotina de estudos e manter a atenção durante às aulas estão entre os principais problemas do retorno.
Para o estudante Matheus Henrique, 17 anos, que cursa o terceiro ano do Ensino Médio, o maior desafio foi continuar a rotina de estudo durante as férias. “Em ano de vestibular tivemos que continuar estudando durante as férias, pelo menos um pouco, para não perder o ritmo”, contou o aluno do Elefante Branco.
Em contrapartida, Natanel Silva, 17, disse que aproveitou para curtir os dias de folga.
“Foram as melhores férias, futebol e liberdade juntos”, comemorou.
Seu colega, Thalisson Almeida, 17, fez uma observação: “Acho as férias de fim de ano bem melhores. Se a Copa tivesse sido no fim do ano, seria melhor”.
Calendário
Alguns alunos consideram que o calendário adaptado para a Copa do Mundo, consequentemente mais corrido, prejudicou o ano letivo. A falta de docentes também foi uma dificuldade nesta volta às aulas. “Alguns professores simplesmente não apareceram. Tivemos alterações nas avaliações que eu não gostei”, completou Natanael.
Rotina adaptada à realidade
A professora de inglês do CIL Elefante Branco Célia Menezes, 44 anos, disse que as mudanças no sistema de avaliação seguiram de acordo com a semana o cronograma pedagógico. “Nós estabelecemos o que faremos durante o letivo ou no semestre, dependendo da instituição. Depois disso, adaptamos nossas atividades de acordo com o calendário”, contou.
Segundo Célia, apesar de o último semestre ter sido mais corrido que o normal, a programação não sofreu alterações e o planejamento seguiu da forma previamente estabelecida pelo cronograma pedagógico.
E a Copa?
Ainda no clima do Mundial, o principal assunto entre os alunos ainda é a Seleção Brasileira. O estudante Mateus Bueno, 17, comparou a derrota para a Alemanha com a volta às aulas. “Voltar às aulas é algo comum, mas ver o Brasil levar sete gols foi péssimo”, contou.
Versão oficial
A respeito da falta de professores, a Secretaria de Educação informou que tem em seu quadro 30 mil professores efetivos. De 2011 a 2014, foram nomeados 4.022 professores, com uma convocação em janeiro de 2014 e, em fevereiro, as unidades de ensino receberam um reforço de 712 docentes, e no mês de julho, mais 2.362. Já a respeito da paralisação, a pasta disse em nota que não possui débitos com nenhuma empresa prestadora de serviços terceirizados para o órgão, e diz não ver motivo para a suspensão de atividades.
As unidades educacionais que optaram por redução de horário ou até mesmo pela suspensão do dia letivo terão que realizar a reposição, até que se cumpram os 200 dias exigidos por lei e assim, não se tenha nenhum prejuízo pedagógico aos alunos.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
Nenhum comentário:
Postar um comentário