Uma gama de candidatos variados. “Pijama”, “O
Nojento” e “Chupa Cabra” não são nomes que remetem exatamente à
seriedade que se espera de um parlamentar, mas podem estar entre os
escolhidos pelos eleitores do Rio de Janeiro nas próximas eleições, na
hora de votar para deputado estadual.
Como os candidatos têm relativa liberdade para escolher
como seus nomes vão aparecer nas urnas eletrônicas, vários optam por
nomes pouco “ortodoxos” e, por que não dizer, até cômicos.
Na lista de 1.972 políticos que haviam solicitado
registro para concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa do Rio até o
dia 22 de julho, há candidatos que se destacam por se sobressair pelo
nome que optaram, como costuma acontecer na disputa ao cargo de vereador
nos pleitos municipais.
O professor de Ensino Médio Alceu Totti Silveira, que disputa uma vaga pelo Partido Pátria Livre, decidiu fazer uma brincadeirinha para apresentar seu nome na urna, pedindo para ser registrado como “Alceu Dispor”, que, ao ser lido, soa como “ao seu dispor”, em cacofonia.
Em um Estado em que as mulheres “avantajadas” costumam
receber apelidos como “Mulher Melancia” e “Mulher Melão”, os eleitores
podem votar na “Mulher Bambu”, nome escolhido pela modelo e atriz
Claudionice Lomeu, do PMDB. Questionada sobre a razão do nome, ela
prefere que seu produtor, Pretto de Linha, responda. Ele explica que há
sete anos ela “incorpora” o “personagem Mulher Bambu” e faz shows de
funk em escolas para ensinar as crianças a como cuidar da natureza. “Ela
sofria bullying por ser magrela e tem 1,88m de altura. E eu pensei: se
tem tanta mulher fruta, por que não criar algo para o bem da humanidade?
A proposta dela é cuidar da terceira idade, da ecologia e dos animais”,
explica o produtor da candidata.
À primeira vista, o nome “Dibruço” parece engraçado, mas
é com ele que o assessor parlamentar Siderlei de Araújo Arcanjo
(PTdoB-RJ) concorre ao cargo de deputado estadual no Rio. Em 2012, ele
disputou o posto de vereador de Volta Redonda (RJ) com o slogan “Mude de
posição. Vote Dibruço”, fazendo graça com o nome escolhido. Siderlei
diz que “Dibruço” é apelido herdado do pai, que colocava as peças na
empresa siderúrgica onde trabalhava “de bruços”, ou seja, dispostas em
posição diferente. “Meu nome pode ter interpretação dúbia, mas sou
sujeito sério. Quero acabar com a corrupção, principalmente a policial”,
diz Siderlei.
Na lista de candidatos a deputados com nomes estranhos
tem quem anuncie, nas urnas, que está chegando, como André Baptista
Lopes, do Democratas, que quer ser identificado como “Dé vem aí!”.
Tem
quem faça questão de lembrar ao eleitor de que ramo profissional é, como
o músico Adriano Melo de Lima, do Partido Trabalhista Cristão, que quer
receber votos sob a alcunha “Adriano Gospel Funk”. E há também aqueles
que remetem o eleitor a artistas famosos, como o policial militar
Fernando da Silva Figueiredo, do Partido Trabalhista Nacional, que pediu
para aparecer nas urnas como “Tim Maia”.
Vários candidatos nem sequer pedem para colocar o
primeiro nome na urna. Almyr de Souza Rodrigues, do PSDB, quer ser
votado apenas como “Ás Guerreiro”. Raimundo Martins da Costa, do Partido
Social Cristão, 50 anos, quer virar “Cara Pintada”. E Roberto Tobias
Araújo, do Partido Verde, pediu ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio
(TRE-RJ) para ser votado como “Gato do Trem”.
Há também quem use o nome da urna para fazer um apelo. É
o caso da dona de casa Luciene Pimenta Torres, do PSB, que quer ser
votada com o nome “Filho Volta para Casa”. Mãe de uma menina de 13 anos
que desapareceu depois de sair para comprar pão há cinco anos, Luciene
espera que o nome escolhido chame a atenção da mídia para o seu drama.
“O resultado da urna é uma consequência. Alguém vai prestar atenção no
meu apelo na mídia. Se eu chegar no horário eleitoral gratuito na TV e
as pessoas prestarem atenção em mim, já estarei chegando em algum
lugar”, diz Luciene, reclamando que os governos dão pouca atenção ao
problema das crianças desaparecidas no País.
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