sábado, 2 de agosto de 2014

Campanhas eleitorais vão custar até três Copas do Mundo


Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo

No que depender dos partidos políticos, as campanhas eleitorais serão mais caras em 2014, na comparação com o pleito de 2010. Segundo dados divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a soma do limite de gastos das campanhas de todos os candidatos já registrados na Justiça Eleitoral será de R$ 73,9 bilhões. Há quatro anos, a soma dos tetos de despesa foi de R$ 48,4 bilhões.

O montante equivale ao orçamento de 2014 do Estado do Rio de Janeiro (R$ 75,9 bilhões), o terceiro maior do país, atrás dos orçamentos da União e do Estado de São Paulo. O dinheiro seria suficiente para organizar três Copas do Mundo, pois o Mundial deste ano teve um custo total de R$ 25,8 bilhões, considerando os gastos nas três esferas (União, Estados e municípios).

A diferença é que a Copa do Mundo foi custeada, sobretudo, com dinheiro público, enquanto as campanhas são bancadas majoritariamente por meio de doações feitas por empresas. 

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Campanha presidencial 2014 

31.jul.2014 - O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, participou da inauguração do comitê da Coligação Muda Brasil em Belo Horizonte (MG). Ele estava acompanhado dos candidatos a governador Pimenta de Veiga, a vice Dinis Pinheiro e ao Senado Antonio Anastasia, além do governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho Bruno Magalhães/Coligação Muda Brasil
 
O limite de gastos é o valor total que o candidato prevê arrecadar ao longo da campanha. Até agora, o TSE divulgou informações de 25.381 candidatos. O número não é definitivo, mas representa quase a totalidade das candidaturas.

Considerando as disputas para todos os cargos (presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual), o limite médio de gastos com campanha é de R$ 2,9 milhões por candidato. Em 2010, a média por candidato foi de R$ 2,1 bilhões. Descontada a inflação do período (27,4%, segundo o IPCA), as campanhas ficaram, em média, 6,8% mais caras.

A campanha mais barata é a de deputado estadual, com limite médio de gastos de R$ 2,4 milhões, seguida da de deputado federal (R$ 3,6 milhões), deputado distrital (R$ 5,4 milhões) e senador (R$ 5,6 milhões).

O gasto das campanhas majoritárias é bem superior. Em média, uma campanha para governador tem o limite de R$ 14,6 milhões. Para presidente, o valor sobe para R$ 83,4 milhões. As três campanhas mais caras do país são para a Presidência. Dilma Rousseff (PT) prevê gastar até R$ 298 milhões; Aécio Neves (PSDB), R$ 290 bilhões; e Eduardo Campos (PSB), R$ 150 milhões.

DEM lidera gasto médio

Com 657 candidaturas já registradas, o DEM é o partido que prevê mais gastos por candidato, com limite médio de R$ 7,7 milhões por campanha. Na sequência aparecem PT do B (R$ 5,5 milhões), PSD (R$ 4,3 milhões), PSDB (R$ 3,9 milhões), PMDB (R$ 3,8 milhões) e PT (R$ 3,8 milhões).

"A indicação de gastos de um candidato a deputado federal ou estadual é iniciativa dele. Mas o limite de gastos não passa de estimativa, não é definitivo", afirmou o senador Agripino Maia, presidente nacional do DEM.

Quanto ao gasto total por partido, o PT, legenda com maior número de candidatos (1.334), lidera com R$ 5,04 bilhões, seguido pelo DEM (R$ 5,03 bilhões), PMDB (R$ 4,8 bilhões), PT do B (R$ 4,4 bilhões) e PSDB (R$ 4,3 bilhões).

Corrida pelo dinheiro

Para Mauro Macedo Campos, professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense  (Uenf) e autor de um estudo sobre os custos do sistema partidário no Brasil, o volume de recursos para campanha cresce a cada eleição porque os pleitos tornaram-se mais competitivos.


"Os custos das campanhas entraram em outro patamar a partir 2002, quando as eleições ficaram mais competitivas. A lógica é: se meu adversário vai gastar X, tenho que me antecipar e gastar mais do que ele. Quanto mais gastar, mais chance de ser eleito", disse.

Campos explica que o aumento do custo das campanhas gera um circulo vicioso porque inflaciona cada vez mais os preços das peças publicitárias. Quanto às doações, de acordo com o professor, não há critério ideológico.

"Não existe preferencia em termos de ideologia. Elas doam sempre para quem tem capacidade de ganhar. Qual é o propósito disso? É sempre aquela lógica de se receber alguma compensação pela doação. Ou então é aquilo: eu doo e você não mexe comigo; Até o senso comum sabe disso, mas não difícil de comprovar na prática", afirmou.


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