sábado, 2 de agosto de 2014

Campos diz que promessa de passe livre é para aluno de escola pública





Nas contas dele, a medida custaria cerca de R$ 12 bilhões por ano.
Presidenciável do PSB participou de série de entrevistas da GloboNews.

Do G1, em Brasília
O candidato do PSB ao Palácio do Planalto, Eduardo Campos, concede entrevista à GloboNews (Foto: Reprodução / GloboNews)Eduardo Campos, candidato do PSB ao Palácio do Planalto, concedeu entrevista exclusiva à GloboNews

O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou nesta sexta-feira (1º), em entrevista exclusiva à GloboNews, que sua promessa de oferecer passe livre para estudantes, caso eleito, se restringe aos alunos de escolas públicas ou beneficiários do Prouni e Pronatec, programas que concedem bolsas a estudantes de baixa renda em instituições privadas.

O ex-governador de Pernambuco tem apresentado o passe livre, reivindicação que deu início à onda de manifestações populares de 2013, como um dos compromissos de seu eventual governo.
De acordo com o presidenciável do PSB, é viável oferecer a gratuidade no transporte público aos alunos da rede pública. Nas contas dele, a medida custaria cerca de R$ 12 bilhões por ano aos cofres públicos. Ele ressaltou que, se eleito, convocará estados e municípios para auxiliar a bancar o benefício.

"A nossa proposta é para os estudantes da escola pública e os beneficiários de programas como Prouni e Pronatec. São estudantes que não podem pagar [pelas tarifas de transporte público]", disse Campos à jornalista Renata Lo Prete, no programa que entrevista os principais candidatos ao Palácio do Planalto.

"Estamos cheios de relatos de pessoas que são cotistas de universidades públicas e que não têm como pagar passagem, se alimentar e morar onde tem a universidade. Temos de fazer os programas e acompanhá-los. O que adianta criar a expectativa na vida de um jovem de que ele vai ter uma universidade para estudar? Ou a gente cuida da educação como prioridade ou é só discurso", afirmou o ex-governador.

Em julho, logo após Campos passar a repetir em suas agendas eleitorais a promessa de passe livre, o PT publicou em seu site e em sua página no Facebook um artigo que classificava a proposta do candidato do PSB de "meramente eleitoreira". Segundo o texto, em janeiro de 2012, época em que ainda governava Pernambuco, ele teria reprimido com forte "ação policial" os protestos estaduais que reivindicaram a gratuidade no transporte público.

A nossa proposta é para os estudantes da escola pública e os beneficiários de programas como Prouni e Pronatec. São estudantes que não podem pagar [pelas tarifas de transporte público]."
 
Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência da República
 
Na entrevista, Campos foi indagado sobre o motivo de não ter implantado a medida ao longo dos oito anos em que governou Pernambuco.

Ele respondeu que não é possível "comparar" as condições financeiras de um estado do Nordeste com as do governo federal. "São coisas diferentes", ponderou.
Ele também voltou a dizer que, se vencer as eleições de outubro, vai universalizar o ensino integral nas escolas públicas. Campos afirmou que é possível antecipar o cumprimento da meta do Plano Nacional de Educação (PNE) que trata do ensino integral nas instituições de ensino brasileiras.

Uma das metas do PNE prevê que o Estado implante a educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas nos próximos dez anos, de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica. O plano nacional foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pela presidente Dilma Rousseff em junho deste ano.
Transposição do Rio São Francisco
 
Crítico da demora para a conclusão de obras pelo governo, Eduardo Campos foi questionado durante a entrevista sobre o fato de um dos empreendimentos federais mais atrasados, a transposição do Rio São Francisco, ter ficado durante muitos anos sob a responsabilidade do ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho, afilhado político do próprio Campos.


A obra, iniciada em 2007, deve ser concluída somente em dezembro do ano que vem. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), o custo total previsto do projeto de transposição é de R$ 8,2 bilhões e, até março deste ano, R$ 4,6 bilhões já haviam sido executados (valor sem correção monetária).

A entrevistadora indagou a Campos se parte da crítica não deveria ser direcionada ao PSB, na medida em que o partido comandou a pasta da Integração Nacional durante a maior parte da atual gestão federal.

Ele respondeu que a afirmativa estaria correta se o empreendimento do Rio São Francisco fosse o único da administração federal atrasado no país.

"Mas são tantas obras. Efetivamente, o atraso das obras tem a ver com a centralização das decisões [da presidente Dilma] de recursos, de orçamentos, e outras decisões. Tanto é que não é somente essa obra que está atrasada", argumentou.

Em maio, ao vistoriar as obras da transposição do São Francisco, Dilma rebateu, sem citar nomes, as pessoas que criticam o atraso no projeto. Na ocasião, ela disse que "quem nunca fez nada, desanda a cobrar".


Licenciamentos ambientais
Confrontado, por um lado, com as críticas de gestores públicos e empresários às supostas dificuldades para se obter licenças ambientais e, por outro, com a visão da ex-senadora Marina Silva de que as reclamações são sem fundamento, Eduardo Campos afirmou que concorda com a posição de sua candidata a vice.  

 
 
Se vamos colocar a obra de qualquer jeito, vamos lançar porque tem campanha política, vamos fazer porque estão nos pressionando, aí não sai obra nenhuma"
Eduardo Campos, ironizando críticas às supostas dificuldades para se obter licenciamento ambiental
 
O presidenciável disse que, na opinião dele, o poder público e as empresas encontram dificuldades para obter as licenças ambientais em razão de os projetos serem "de péssima qualidade". "Então, fica esse jogo de um colocar a responsabilidade um no outro", enfatizou.

Segundo ele, para se conseguir alavancar o volume de empreendimentos de infraestrutura no país é necessário investimentos em gestão, em projetos de qualidade e planejamento realista, que preveja um cronograma viável para realizar os licenciamentos.

"Se fizermos assim, as obras seguem o cronograma. Agora, se vamos colocar a obra de qualquer jeito, [se] vamos lançar porque tem campanha política, [se] vamos fazer porque estão nos pressionando, aí não sai obra nenhuma", ironizou.

Ana Arraes
Durante a entrevista, o candidato do PSB foi indagado sobre se sua mãe, a ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes, se afastaria caso ele fosse eleito presidente da República. Após inicialmente se recusar a responder, afirmando que a pergunta deveria ser feita à mãe, Campos concordou em falar sobre o assunto.



Segundo ele, não haveria "ilegalidade" porque Ana Arraes foi indicada para o tribunal antes de ele, eventualmente, se eleger presidente. "[Ana Arraes] tem feito um trabalho digno e respeitável. Ela não pode perder essa condição [de ministra] só pelo fato de ser minha mãe. Seria um absurdo constitucional", enfatizou.
O candidato do PSB ao Palácio do Planalto, Eduardo Campos, concede entrevista à GloboNews (Foto: Reprodução / GloboNews) 
 
O candidato do PSB ao Palácio do Planalto em entrevista com a jornalista Renata Lo Prete, na série da GloboNews com presidenciáveis

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