sábado, 2 de agosto de 2014

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) cancelou licitações para construção de 12 CDPs (centros de detenção provisória) no interior do Estado de São Paulo.

A revogação se deu por determinação dada em julho pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado), que questionou os critérios de cálculo dos custos das unidades. O investimento previsto era de cerca de R$ 640 milhões. 


O governo Alckmin contava com a criação desses CDPs para reduzir o déficit de vagas no sistema prisional e para atingir a meta de zerar o número de presos provisórios em delegacias no interior. 

Hoje há cerca de 3.730 detentos em delegacias. Para dar conta da meta, seria preciso entregar ao menos quatro CDPs, unidades de detenção destinadas a presos que esperam por julgamento. 

As obras resultariam em cerca de 10 mil vagas para presos provisórios em Aguaí, Álvaro de Carvalho, Nova Independência, Paulo de Faria, Caiuá, Lavínia, Santa Cruz da Conceição, Registro, Gália e Pacaembu –as duas últimas teriam duas prisões. 

O prazo de construção era de um ano e meio a partir da assinatura dos contratos; não tivesse havido revogação, a entrega prevista era em 2015. 

Desde o início do mandato, em 2011, Alckmin entregou apenas cinco CDPs. 

O Estado de São Paulo tem 41 CDPs, além de 78 penitenciárias, que são as unidades para presos já julgados. O deficit nos CDPs em 22 de julho era de 40 mil vagas. 


DEFICIT
Para suspender as licitações, o tribunal apontou que a tabela de valores estava defasada em oito meses e que os editais não traziam informações precisas sobre as licenças que as empreiteiras deveriam obter para construir. 

Pelas mesmas razões, a Apeop (Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas) foi à Justiça contra a licitação. Ainda não há decisão. 

"Poderia haver consequências negativas, como a execução das obras com qualidade muito aquém da exigida, sem recolhimento de impostos, por exemplo, e com materiais de qualidade inferior", diz Luciano Amadio, da Apeop. 

Tais editais demandariam aditivos contratuais que encareceriam a obra, diz Amadio. 

A Secretaria de Administração Penitenciária não comentou os apontamentos do TCE nem deu previsão para republicar os editais.

Comentários

jotaefe (2494)

Em São Paulo, as licitações dos governos tuc anos, sejam quais forem os fins a que se destinam, pelo histórico de corrupção e impunidade generalizada que se instaurou no metrô, passaram a ser analisadas com rigor e cautela pelos órgãos de fiscalização do estado. Com isso, infelizmente obras de interesse público deverão sofrer atrasos ou não saírem do papel.Tal estado de desconfiança não precisava atingir a esse extremo; bastaria que o governo não tivesse sido omisso e conivente com os carteis.

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