Josias de Souza
As oscilações de humor do eleitorado, captadas pelas últimas pesquisas, adicionaram dramaticidade no enredo do último debate presidencial do primeiro turno. Será transmitido pela Rede Globo
na noite de quinta-feira, nas pegadas da novela. Numa disputa em que a
encenação prevalece sobre a razão, uma participação chocha pode custar
caro. Os candidatos vão à arena com objetivos bem definidos.
Em
queda nas sondagens eleitorais, Marina Silva precisa convencer a
plateia de que não merece ser desligada da tomada. Para isso, terá de
exibir disposição para desempenhar no segundo round um papel diferente
do de crufificada vitalícia. Deus existe, não há dúvida. Mas já está
claro que Ele confiou o departamento de marketing
ao Diabo, que o terceirizou ao João Santana. No penúltimo debate,
exibido pela Record, Marina foi derrotada antes de molhar a camisa.
Perdeu o prumo nos primeiros cinco minutos do jogo, quando Dilma
atravessou no seu caminho a macumba da “mentira'' sobre a votação da
CPMF. Um novo fiasco pode lhe ser fatal.
Aécio Neves vem dizendo que sua experiência pessoal e os quadros que o tucanato é capaz de reunir são mais compatíveis com os desafios do Brasil do que o voluntarismo quixotesco de Marina. Mas sua recuperação nas pesquisas é demasiado lenta. É como se as pessoas enxergassem no PSDB a imagem de um elefante sem um rajá, isto é, sem um líder que o monte.
Para tentar seduzir o pedaço do eleitorado antipetista que migrou de Marina para a coluna de indecisos, Aécio terá de ser esfuziante diante das câmeras. Nos últimos dias, o presidenciável tucano compareceu a vários atos de campanha com o ex-craque Ronaldo a tiracolo. No debate, precisa evitar uma repetição do mistério do final da Copa na França, quando o Ronaldo teve desempenho pífio justamente na hora em que mais se esperava dele. Para Aécio, a simples vitória no debate não basta. Precisa de um triunfo com show.
Dilma vai à peleja em situação menos desconfortável. Evitando o uso excessivo da expressão ‘no que se refere a…’, desviando das caneladas e garantindo um zero a zero, a candidata oficial já estará no lucro. As pesquisas indicam que uma vitória no primeiro turno, embora possível, é improvável. Mas se Dilma, por algum milagre, conseguir encarnar no debate uma personalidade autêntica, diferente das muitas que seu marqueteiro lhe indicou, quem sabe…
23.set.2014
- O candidato à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB), faz pose
para selfie ao lado de uma eleitora durante caminhada em Niterói, no Rio
de Janeiro, nesta terça-feira. Aécio comemorou o resultado da mais
recente pesquisa de intenções de voto, divulgada nesta terça-feira pela
CNT/MDA, que mostrou o tucano ganhando terreno no primeiro turno e em
todas as simulações de segundo turno. Os números da CNT/MDA mostraram
Aécio com 17,6% das intenções de voto na simulação de primeiro turno,
ante 14,7% na pesquisa anterior Leia mais Vanderlei Almeida/ AFP
Aécio Neves vem dizendo que sua experiência pessoal e os quadros que o tucanato é capaz de reunir são mais compatíveis com os desafios do Brasil do que o voluntarismo quixotesco de Marina. Mas sua recuperação nas pesquisas é demasiado lenta. É como se as pessoas enxergassem no PSDB a imagem de um elefante sem um rajá, isto é, sem um líder que o monte.
Para tentar seduzir o pedaço do eleitorado antipetista que migrou de Marina para a coluna de indecisos, Aécio terá de ser esfuziante diante das câmeras. Nos últimos dias, o presidenciável tucano compareceu a vários atos de campanha com o ex-craque Ronaldo a tiracolo. No debate, precisa evitar uma repetição do mistério do final da Copa na França, quando o Ronaldo teve desempenho pífio justamente na hora em que mais se esperava dele. Para Aécio, a simples vitória no debate não basta. Precisa de um triunfo com show.
Dilma vai à peleja em situação menos desconfortável. Evitando o uso excessivo da expressão ‘no que se refere a…’, desviando das caneladas e garantindo um zero a zero, a candidata oficial já estará no lucro. As pesquisas indicam que uma vitória no primeiro turno, embora possível, é improvável. Mas se Dilma, por algum milagre, conseguir encarnar no debate uma personalidade autêntica, diferente das muitas que seu marqueteiro lhe indicou, quem sabe…
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