domingo, 16 de novembro de 2014

Como a mídia deturpa notícias sobre as manifestações.

Como a mídia deturpa notícias sobre as manifestações. Ou: como mostrar manifestações de extrema-esquerda de forma positiva enquanto se demoniza manifestações democráticas dos republicanos

protesto
Que tal avaliarmos criticamente como a mídia noticiou a manifestação da extrema-esquerda na quinta-feira, dia 13 de novembro?
Leia a matéria do Estadão: Marcha da CUT e dos Sem Teto reúne 7 mil contra a direita:
São Paulo – A chuva que caiu no final da tarde desta quinta-feira, 13, em São Paulo não espantou os cerca de 7 mil manifestantes, segundo estimativas da Polícia Militar, que marcharam pelas ruas da região central da capital com o lema “Contra a direita e por mais direitos”. O ato de militantes ligados ao Movimento dos trabalhadores Sem Teto (MTST) e à Central Única dos Trabalhadores (CUT) foi uma reação à manifestação realizada há duas semanas, que pedia o impeachment da presidente Dilma Roussef.

De acordo com os organizadores, a marcha tinha por objetivo também cobrar o comprometimento da presidente com reformas populares no seu segundo mandato. “Estamos aqui para mostrar que enquanto eles reúnem mil pessoas para defender causas caras ao povo brasileiro, como a volta da ditadura e o ódio a nordestinos, nós reunimos cinco vezes mais por causas como reformas política e tributária”, disse o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos.

No ato contra Dilma algumas pessoas levaram cartazes e defenderam a volta de uma intervenção militar no País.

A manifestação desta quinta se concentrou em frente ao vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e, com faixas, cartazes e dois carros de som, ocupou uma pista da Avenida Paulista. Depois, os manifestantes seguiram por ruas do Jardins, bairro nobre da capital paulistana. O trajeto foi encerrado na Praça Roosevelt, também no centro.

Enquanto passava pelas rua Augusta e a Alameda Jaú, nos Jardins, o carro de som tocou músicas de Luiz Gonzaga e Zé Ramalho, dois ícones da cultura nordestina. Manifestantes carregavam pás e enxadas e dançaram forró.

“A playboyzada ficou revoltada porque o titio Aécio perdeu a eleição. Vamos mostrar que intervenção não é militar, é popular”, disse Boulos do alto do carro de som. Em um recado à presidente Dilma, o líder do MTST afirmou que, no segundo mandato, os movimentos sociais estarão nas ruas mantendo as cobranças por suas causas.

“Não aceitaremos que não ela governe para os trabalhadores. (Dilma) Foi eleita para fazer essas mudanças e vamos estar na rua cobrando essas mudanças do nosso jeito, com ocupação e com pressão”, afirmou.

“Queremos reforma agrária, queremos redução da jornada, queremos todas as reformas que o País precisa.”


‘Acabou a eleição’. O presidente da CUT, Vagner Freitas, foi na mesma linha. Segundo ele, a marcha teve como objetivo mostrar “que não são só os reacionários que vão para a rua”. “Esse ato é para dizer que acabou a eleição.” Ao direcionar seu discurso para o governo, Freitas disse que o “povo não votou para ter banqueiro como presidente do Banco Central nem como ministro da Fazenda.

“Queremos que o governo olhe para a gente, queremos a diminuição da jornada de trabalho, o fim do fator previdenciário.”

A marcha foi acompanhada por 300 homens do Batalhão da Polícia Militar. Até a conclusão desta edição não haviam sido registrados incidentes.


Nas páginas dos eventos são divulgados ainda textos pedindo aos manifestantes para não levarem cartazes em favor do regime militar. No ato de primeiro de novembro que pedia o impeachment de Dilma na Av. Paulista foram registrados vários manifestantes pedindo intervenção militar, o que causou grande repercussão negativa.


Impeachment. A iniciativa desta quinta ocorreu às vésperas de uma nova manifestação pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff marcada para o próximo sábado, 15, também no vão livre do Masp. Ao menos três eventos organizados por diferentes grupos foram agendados na rede social.

Nas páginas dos eventos são divulgados ainda textos pedindo aos manifestantes para não levarem cartazes em favor do regime militar. No ato de primeiro de novembro que pedia o impeachment de Dilma na Av. Paulista foram registrados vários manifestantes pedindo intervenção militar, o que causou grande repercussão negativa.
Veja trechos da máteria Movimentos sociais fazem ato contra a direita e cobram reformas populares, do Globo:
De acordo com o MTST, o ato é “em resposta aos ataques da elite paulistana aos movimentos organizados e ao povo nordestino” verificados após o encerramento do segundo turno das eleições.
A ex-candidata do PSOL à Presidência, Luciana Genro, também participou do ato na Paulista.


“Vamos enfrentar a direita nas ruas, mas vamos enfrentar o governo se ele quiser fazer ajuste”, afirmou.
Momentos antes, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) também havia dito que a central não vai aceitar “banqueiro” no Banco Central.

O coordenador do MTST, Guilherme Boulos, disse que a manifestação é resposta à “playboyzada dos Jardins”. “Teve uma turma aqui na Paulista dizendo que o povo devia ser reprimido por uma intervenção militar. Era uma meia dúzia, uma playboyzada dos Jardins, que, porque o titio Aécio perdeu a eleição, ficaram bravinhos”, disse.


O presidente da CUT, Vagner Freitas, foi na mesma linha: “não venham os coxinhas querer o terceiro turno”. Os organizadores também cobram da presidente Dilma as reformas populares que prometeu, entre elas a reforma politica, a reforma tributária e a reforma agrária.

Pauta ampla

A coordenadora nacional do MTST (foto abaixo) Ana Paula Ribeiro diz que os outros movimentos compareceram porque a pauta é extensa.
“Estamos reivindicando reformas estruturais de base: reformas política, agrária, urbana, tributária e das comunicações”, disse Ana Paula.
O evento estava previsto para começar às 17h, mas o grupo adiou o início da caminhada por causa da chuva forte que caía na região da Avenida Paulista.

Grupo rebate ato contra Dilma

Um dos objetivos dos movimentos sociais é rebater a manifestação realizada no sábado (1º) que reuniu cerca de 2,5 mil pessoas na Avenida Paulista contra o resultado das eleições e pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O cantor Lobão, que tinha prometido deixar o país em caso de vitória do PT, esteve no evento.
Não é uma beleza?

Nas duas matérias só vemos frames positivos dados aos governistas e frames negativos às manifestações “da direita”:
  • “em nome do povo”
  • “conselhos populares”
  • “contra a playboyzada dor Jardins”
  • “pelas reformas populares”
  • “contra a elite”
  • “contra a intervenção militar”
  • “luta contra quem odeia os nordestinos”
É claro que a mídia anda coagida e, com exceção da Veja, está distorcendo informações.


Mas vejamos o tipo de panfleto que as manifestações da extrema-esquerda traziam, direto do site Coletivo Lenin:
A crise de 2008, debilitou o domínio do imperialismo dos EUA e Europa sobre países como o Brasil, e favoreceu a influência das burguesias chinesa e russa. Os conflitos na Síria, Ucrânia e as últimas eleições estiveram marcados por essa nova disputa.
Durante e após as eleições setores da classe média manipulados pelo imperialismo foram as ruas com todo o seu ódio, preconceitos e violência contra nós trabalhadores, defendendo a qualquer custo a derrota do PT.
Derrotados nas urnas, querem agora derrubar o governo Dilma, agitando por uma nova ditadura militar para facilitar a aceitação de um golpe parlamentar como imposto em Honduras, Paraguai e Ucrânia.
Toda essa onda reacionária acontece porque eles têm medo de perder seus privilégios, de que o PT, pressionado por manifestações e greves, seja obrigado a fazer as reformas necessárias a melhoria vida dos trabalhadores. No entanto, o PT não fará essas reformas, porque mesmo depois de quase tomar um pé-na-bunda dos empresários e banqueiros, e quase perder a presidência num golpe eleitoral-midiático, o PT mais uma vez deixa de lado os movimentos sociais e os trabalhadores para negociar a sua “governabilidade” com a direita.
Só reformas populares poderiam melhorar as condições de vida da nossa classe. A reforma agrária contra o agronegócio daria terra ao trabalhador do campo. A reforma urbana acabaria com a especulação imobiliária e daria moradia digna a todos que necessitam.
Os transportes, a saúde, a educação e a mídia precisam ser estatizados e passar ao controle da população trabalhadora, assim como as grandes indústrias e as multinacionais. Também é preciso pôr fim a polícia assassina e as prisões em massa de nosso povo pobre e negro.
Todas essas reformas só serão possíveis com uma verdadeira Revolução Socialista, onde conquistemos o poder de decisão e a organização da produção nas indústrias e empresas, no campo e nas cidades, para atender às necessidades de toda a nossa classe. É disso que a direita e o imperialismo têm medo, de uma nova e grande Cuba na América Latina.
Mais do que derrotar a ofensiva imperialista e golpista no Brasil, temos que ir além, fazer um governo dos conselhos dos trabalhadores da cidade e do campo. Uma revolução no Brasil colocaria imediatamente o imenso proletariado brasileiro na vanguarda da revolução continental, não poderia ser contida por bloqueios imperialistas nem se submeteria aos limites estabelecidos por uma burocracia. Mas para isso não podemos nutrir qualquer ilusão no PT que governa para os empresários e banqueiros. Somente nós, trabalhadores, podemos fazer o nosso futuro.
Por sua vez, se não avançamos nesta luta, seremos esmagados pela perspectiva contrária, de uma nova onda golpista reacionária, que nos imporá o desemprego, a falta de moradia, o arrocho salarial, as drogas, a prostituição, a mendicância, o trabalho escravo, e uma repressão policial ainda mais bárbara do que a que já sofremos. Mais do que nunca, hoje, está colocado para os trabalhadores brasileiros socialismo ou barbárie!
E, obviamente, você não verá nenhuma menção à esse panfleto em qualquer notícia na grande mídia. Sabe por que? Por que estão todos com o c… na mão com medo de perder dinheiro de anúncio estatal.
Segue o panfleto:
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Paulo Roberto Martins falou sobre a crise de liberdade de imprensa que hoje vive o Brasil:
O governo petista vai aumentar a perseguição aos veículos de comunicação independente que denunciam a roubalheira que eles praticam país afora. A Petrobras é apenas um caso que veio à tona. Por que eles deixariam de fazer em outros órgãos públicos? Por bondade? Não! Mas um dia o Brasil vai saber. A casa do PT vai cair!
O panfleto escondido pela mídia, junto com o uso de frames positivos para a manifestação de extrema-esquerda (frames definidos praticamente como uma pauta fechada, pois as matérias do Globo e do Estadão são exatamente iguais, assim como as matérias da Folha e de outros órgãos de mídia foram), junto com o uso de gatos pingados (e indesejados) pedindo impeachment nas manifestações republicadas, mas tomados como se fossem “a manifestação em si”, comprovam que estamos em uma fase onde precisamos urgentemente trabalhar pela liberdade de imprensa.


Com exceção da Veja (que teve verbas estatais cortadas e tocou o “foda-se”), o resto da imprensa se divide entre amedrontada com medo de perder verbas estatais e aliada do governo desde o início.


O controle da mídia, que permitirá maior abrangência do governo nesse controle de conteúdo (hoje já claramente favorável ao governo), é a Jerusalem da guerra política atual do Brasil.


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