domingo, 16 de novembro de 2014

Filha de Lucio Costa diz que pretende dar conselhos ao novo governo

 Quando o assunto for urbanismo e preservação da capital, Maria Elisa Costa diz que fará tudo em nome do trabalho do pai



Publicação: 16/11/2014 08:13 Atualização:

Críticas: 'O PPCub, a meu ver, é um desastre completo, é uma colagem, um amálgama de interesses' (Breno Fortes/CB/D.A Press)
Críticas: "O PPCub, a meu ver, é um desastre completo, é uma colagem, um amálgama de interesses"


Embora o parentesco seja distante, é forte e longa a relação afetiva da família Rollemberg com a arquiteta Maria Elisa Costa, filha de Lucio Costa. O marido de Maria Elisa, o economista Eduardo Sobral, morto em 1982, era irmão de dona Teresa, mãe do governador eleito. Ou seja, a filha do inventor de Brasília é cunhada da mãe de Rollemberg. Na casa de dona Teresa, Maria Elisa era a “tia”. Criado na capital desde bebê, o próximo ocupante do Palácio do Buriti tem um histórico de incessante defesa da área tombada. A principal herdeira do projeto da nova capital está animada: acredita que o “sobrinho” não vai decepcioná-la: “Ele tem um amor visceral por Brasília, e isso é o melhor ponto de partida para dar conta do recado”.

Em entrevista ao Correio, Maria Elisa defende que o governador mande o projeto do PPCub (Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília) para “a lata do lixo”. E que faça “um planejamento sensato e inteligente, digno da capital do nosso país”. Sugere a criação de instrumentos legais de proteção ao Centro Histórico da Capital Federal, que compreenderia a área da Bacia do Paranoá, e a criação de um “conselho consultivo” para a proteção dessa área. Depois de eleito, Rodrigo Rollemberg ainda não procurou a tia. “Sempre que ele quiser, conversaremos com total liberdade.”


O governador eleito tem forte aproximação afetiva e familiar com a senhora. A senhora se sentirá à vontade para criticar
o governador caso ele não
atenda às expectativas dos que defendem a preservação da área tombada?
Claro que me sentirei à vontade! Rodrigo sempre foi um defensor de Brasília — e agirá não só em relação à área tombada. Inclusive porque preservar Brasília significa preservar não apenas o Centro Histórico do Brasil, mas o Distrito Federal, ou seja, uma cidade com mais de 2 milhões de habitantes! Preservar Brasília é compreender que a preservação do bem tombado e a administração da capital em seu conjunto são indissociáveis.



Depois que Rollemberg foi eleito, a senhora conversou com ele sobre Brasília?
Ainda não nos encontramos, mas só de saber que Rodrigo chegou à 206 Sul com poucos meses, em 1960, e cresceu com a cidade... Me dá plena certeza de que ele tem um amor visceral por Brasília, e isso é o melhor ponto de partida para dar conta do recado. Sempre que ele quiser, conversaremos com total liberdade.

Sendo um governador eleito sem base de sustentação política, a senhora acredita que ele terá condições de fazer valer as defesas de Brasília que fez quando era senador?
A tarefa de um governador de Brasília é uma função administrativa, muito mais do que política. Entretanto, há uma diferença importante entre um cargo parlamentar e um cargo executivo. O “produto final” do parlamentar é ter razão — é “de papel”; o do executivo é ter razão mais o resultado concreto — tem que ser “de carne e osso”.

Quais são as mais graves ameaças ao tombamento caso o PPCub venha a ser aprovado como está?
O PPCub, a meu ver, é um desastre completo, é uma colagem, um amálgama de interesses, que perdeu completamente o norte, ou seja, o sonho de consumo da especulação imobiliária.

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