16/11/2014
às 7:32
Sou
crítico de muitos ministros deste governo, mas há dois sobre os quais
sinto certa vergonha de escrever: Gilberto Carvalho e José Eduardo
Cardozo. São duas figuras patéticas, bisonhas, ridículas. Carvalho é
candidato a qualquer coisa no PT — restando algum juízo a Dilma, ela o
chuta do Palácio.
Já Cardozo tem a ambição de ocupar um lugar no
Supremo, uma piada grotesca, eu sei, mas verdadeira. Muito bem! Nesta
sexta, todos percebemos a terra tremer com a prisão de um monte de
empreiteiros e assemelhados, num dia apelidado por policiais federais de
“Juízo Final”.
É claro que a temperatura da crise subiu muito. Cardozo
resolveu, então, conceder neste sábado uma entrevista coletiva. E meteu,
como sempre, os pés pelos pés.
A Polícia
Federal é subordinada ao Ministério da Justiça, mas tem autonomia
garantida em lei para efetuar suas investigações. O ministro não pode e
não deve ser previamente avisado. Segundo disse, ficou sabendo da
operação no fim da madrugada, quando já tinha sido deflagrada. Aí,
então, teria telefonado para a presidente Dilma, que está em viagem, e
recebido instruções. Certo. Cabia a Cardozo dar uma entrevista? Acho que
sim.
Mas para
dizer o quê? O que seria óbvio numa democracia convencional: que a PF
tem autonomia no seu ofício, que o governo espera que tudo tenha sido
feito dentro das regras, que tem a esperança de que as acusações dos
advogados de que seus clientes tiverem direitos agravados não precedam
etc. Mas foi isso o que fez o ministro de Dilma que acha que se pode
trocar facilmente a canga pela toga? Não!
Resolveu
vociferar impropérios contra adversários políticos. E disparou: “A
oposição não pode usar as prisões para criar um terceiro turno
eleitoral”. Mas quem é que está agindo assim? Ele não disse. É
impressionante que um ministro da Justiça faça uma acusação com esse
peso sem citar nomes. O que Cardozo pretende?
Quer dizer
que ou a oposição aplaude a ação do governo ou será tentativa de
disputar o “terceiro turno”? Eu estou errado ou esse que se pretende
futuro ministro do Supremo acha que, ao vencer uma eleição, um partido
também retira dos derrotados o direito de se comportar como adversários?
A afirmação é de uma irresponsabilidade impressionante, sobretudo
porque um ministro da Justiça não acusa, mas age.
Cardozo —
não posso ver a sua figura sem me lembrar da doce metáfora que Dilma lhe
dispensou: um dos “Três Porquinhos… — está acostumado a não ter
limites. Afirmou a jornalistas que Dilma deu sinal verde para levar
adiante as investigações… Como, excelência? Quer dizer que, se ela
tivesse dado sinal vermelho, aí tudo seria paralisado? Ela nem dá nem
deixa de dar sinal verde. A PF não obedece a esse tipo de comando.
Cardozo
deu outra resposta deliciosa quando indagado sobre a suposta
participação de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, nos escândalos da
Lava Jato: “Eu não faço isso com amigos, não faço com inimigos. Vamos
olhar os fatos e investigá-los”. Bem… Inimigo do ministro Vaccari não é.
Só restou o papel de “amigo”…
A
entrevista de Cardozo foi um despropósito. Chega a ser estarrecedor que,
um dia depois daquela penca de prisões — incluindo a de Renato Duque,
ex-operador do PT —, este senhor venha a público para tentar passar um
pito na… oposição!!! É espantoso a solenidade com que ignora a
importância do cargo que ocupa.
Disputar
terceiro turno, meu senhor? O que o Brasil se pergunta é quanto do
dinheiro roubado da Petrobras foi parar no primeiro e no segundo turnos,
não é mesmo?
Comporte-se de modo mais decoroso, meu senhor!
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