DP
Editorial
Há muito tempo alerta este portal para o verdadeiro
crime de lesa-pátria que ao longo dos últimos doze anos vem sendo
sistematicamente cometido contra uma das mais notáveis (e outrora respeitadas)
instituições do Estado brasileiro, o Ministério das Relações Exteriores.
Transformado em mero subdepartamento da Secretaria
de Relações Internacionais do PT, o Itamaraty deixou de atuar movido pela busca
do verdadeiro interesse nacional, passando a fazê-lo por razões ideológicas e
outras, inconfessáveis que estão vindo à tona com as revelações da Operação
Lava-Jato.
A vasta papelada que começa a ser examinada pelos
procuradores no Paraná talvez ajude a explicar porque as relações do Brasil
passaram a ser consideradas “estratégicas” com países tais como Cuba,
Venezuela, Equador e Argentina.
Posto na trilha da investigação dos negócios
suspeitos envolvendo a presença de estatais e empreiteiras brasileiras
(Petrobras, BNDES), o jornalista do El País (Madri), Pedro Cifuentes, começa a
levantar interrogações sobre gigantescos negócios com os governos autoritários
da região.
Os procuradores brasileiros buscam informações
sobre eventuais vínculos, inclusive de parentesco, entre funcioná rios da
cúpula do MRE em gestões anteriores e as
empreiteiras. Não está fora de cogitação que a Justiça solicite cópias das
instruções reservadas do Itamaraty às Embaixadas, para gestões junto às
autoridades dos vários países, em favor das empreiteiras.
Sempre buscando se colocar num discreto segundo
plano, mas muito solidamente instalado na hierarquia do Partido dos
Trabalhadores e do Palácio do Planalto, o verdadeiro chanceler desses últimos
anos, o professor Marco Aurélio Garcia (que, não esqueçamos, coordenou o
programa das campanhas de Lula em 1994, 1998 e 2006, além do programa de
governo da Presidente Dilma Rousseff, na eleição de 2010) é quem, de fato, dá
as cartas da política externa brasileira desde 2003.
Até agora, Garcia tem preferido exercer esse poder
por intermédio de prepostos flexíveis, diplomatas subservientes que aceitam
fazer o papel de marionete em troca das migalhas de pompa e circunstância que
acreditam inerente ao título de Chanceler.
Hoje, lamentavelmente, ninguém no Itamaraty pensa
mais nada sobre política externa (a não ser para concordar com as posições que
emanam da cabeça do top-top Garcia). Os melhores pensadores da Casa foram
mandados para consulados. Os que
concordam com tudo foram mandados para posto os relevantes, mas também estes
foram proibidos de se manifestar.
O resultado está aí: quem sabe o nome de quem são
nossos embaixadores em Buenos Aires, em Washington, em Pequim? Ninguém. Faça-se
uma pesquisa-relâmpago mesmo na classe dirigente da Esplanada dos Ministérios
e, surpresa, ninguém sabe sequer quem é o atual Ministro das Relações
Exteriores.
Enquanto isso, o Itamaraty perde seu Departamento
de Promoção Comercial. Está para perder, também, a Agência Brasileira de
Cooperação. Nesse ritmo, o MDIC em breve absorverá também as negociações de
política comercial.
Enquanto isso, os espinha-curvadas do Itamaraty
continuam a gastar sorrinhos e mesuras com os donos do poder, na esperança de
uma promoção mais rápida ou de um posto do roteiro Elizabeth Arden, onde possam
ficar quietinhos esperando o tempo passar, ganhando os dólares que lhes
permitirão viver uma aposentadoria confortabilíssima.
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