Documentos internos da Petrobras obtidos pelo Valor mostram que a diretoria da estatal, inclusive sua presidente, Graça Foster, foram informadas das irregularidades na empresa muito antes da revelação do escândalo pela operação Lava-Jato. A geóloga Venina Velosa da Fonseca (FOTO), que foi gerente-executiva da diretoria de abastecimento, onde ocorreu a maioria dos desvios apontados pelas investigações, afirma que alertou sobre pagamentos de serviços de comunicação que não foram prestados e sobre a escalada de aditivos que elevaram os custos da refinaria Abreu e Lima de US$ 4 bilhões para US$ 18 bilhões.
A funcionária, que foi afastada da Petrobras no mês passado mesmo sem
ter sido acusada pelo Ministério Público de participação no esquema de
corrupção, diz ter alertado José Carlos Cosenza - que substituiu Paulo
Roberto Costa, mentor e delator das irregularidades - a respeito dos
desmandos, sem que nenhuma providência tenha sido tomada.
Venina sustenta, por meio de cópias de e-mails e de centenas de
documentos protocolados na estatal, que notificou Graça Foster pela
primeira vez em mensagem enviada no dia 3 de abril de 2009, quando a
atual presidente ocupava a diretoria de gás e energia. Ela voltou a
enviar mensagens depois que Graça assumiu o comando da empresa, em
fevereiro de 2012.
Uma das alegações de Venina é que, por causa das denúncias que fez,
teria sido destituída da gerência-executiva em outubro de 2009 e
transferida para o escritório da estatal em Cingapura em fevereiro de
2010, onde, segundo ela, não exerceu nenhuma função. Ainda de acordo com Venina, em uma ocasião, após ouvir as denúncias
de sua gerente, Paulo Roberto Costa teria apontado para o retrato do
presidente Lula e indagado se ela queria "derrubar todo o mundo".
Procurada pelo Valor, a Petrobras não respondeu aos
pedidos de esclarecimentos até o fechamento desta edição. O Ministério
Público vai tomar o depoimento de Venina na próxima semana, em Curitiba. (Valor Econômico)
Observação: Dilma saiu da presidência do Conselho de
Administração da Petrobras em março de 2010, um ano depois das primeiras
denúncias. Dilma nomeou Graça como presidente da Petrobras em 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário