Religião VEJA
Constituição do país é taxativa ao proibir manifestações religiosas em locais públicos. Defensores afirmam que presépios fazem parte da tradição francesa
O prefeito de Béziers, Robert Ménard, e o presépio na Prefeitura
(AFP/AFP)
Diante do impasse, ações extremistas começam a acontecer no país, como o incêndio de um presépio em um pequeno povoado ao leste da França e manifestações contra a Prefeitura de Béziers, no sul. O prefeito de Béziers, Robert Ménard, ex-diretor geral da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), atiçou os críticos ao colocar um presépio em frente à Prefeitura e se recusar a retirá-lo diante dos pedidos de um grupo de moradores, que alegou que tal representação religiosa feria a lei de 1905 que consagra a separação entre a Igreja e o Estado.
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Exibindo seu presépio orgulhosamente para a imprensa, o prefeito ironizou: “Jesus e Nossa Senhora, ao contrário do que aconteceu há 2.000 anos, desta vez não serão expulsos”. Em reação, o primeiro-ministro Manuel Valls e a porta-voz da oposição Nathalie Kosciusko-Morizet, ambos muito prudentes, se limitaram a pedir para que não haja protestos inflamados, “que não levam a lugar algum” – disse Valls. Em uma tentativa de mostrar complacência com todas as religiões, o prefeito de Béziers promoveu a celebração de uma festa judaica, o Hanuká, também na Prefeitura. No entanto, acabou causando mais objeções, pois sua atitude foi interpretada como um verdadeiro atentado ao laicismo.
Em Vandée, no oeste do país, as autoridades apelaram contra a decisão de retirada do presépio da sede do Conselho Geral porque consideram que a instalação “não desrespeita o princípio de laicismo”, mas corresponde a uma “tradição popular francesa”. No entanto, o artigo 28 da lei de 1905 é taxativo: “Fica proibido exibir qualquer sinal ou emblema religioso em monumentos ou locais públicos, com exceção dos que servem ao culto, como terrenos de sepultura, cemitérios, memoriais, museus e exposições”.
O caso se repete em muitas outras cidades, de todas as vertentes políticas, que por um lado recebem apoio para manterem os presépios e por outro, críticas e protestos de cidadãos que são contra as manifestações religiosas em locais públicos. Prefeitos de esquerda de dois distritos em Marselha, no sul do país, defenderam as instalações, por dar continuidade a uma tradição de muitos anos.
A Igreja Católica francesa reagiu de maneira comedida e o porta-voz Bernard Podvin declarou que os presépios, mais do que uma representação religiosa, têm um “aspecto afetivo para a população”.
(Com agência EFE)
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