Nunca
esta pergunta, parte de uma música famosa do grupo Legião Urbana, se
mostrou tão apropriada para descrever o Brasil como nos dias atuais.
Desmandos
da parte dos ocupantes maiores do Poder Político Nacional, em todos os
níveis (Federal, Estadual/Distrital/Municipal), acontecem numa
velocidade estonteante e numa quantidade tamanha que não se sabe onde
mais vai ter fim.
O
pior, junto a tais desmandos vêm uma perda de valores tamanha que não
se sabe mais o que é certo o que é errado, o que é legal ou ilegal.
Vamos a um exemplo recente ocorrido em plena Capital da República que se diz democrática.
Em matéria veiculada no site denominado “G/1” das organizações Globo, em 05 de março de 2015 (http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/03/chefe-do-batalhao-de-transito-deixa-cargo-apos-buzinaco-na-esplanada.html), encontramos a seguinte manchete:
“Chefe
do batalhão de trânsito deixa cargo após 'buzinaço' na Esplanada. PM diz
que comandante colocou 'cargo à disposição' e que avalia saída.
Policial afirma que homem foi exonerado; caminhões fizeram comboio.” (sic)
Lendo-se
a matéria, verifica-se que tal ocorreu devido a um protesto realizados
por determinado número de caminhoneiros em Brasília, nas proximidades do
Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.
Contudo,
mesmo sendo induzido pela manchete a se achar que o Comandante do
Batalhão de Trânsito possa ter cometido alguma violência, ameaça, ou
arbitrariedade, verifica-se nas entre linhas da reportagem que o mesmo
“foi exonerado” ou “solicitou sua exoneração”, justamente por ter
permitido o pleno exercício da cidadania, consubstanciado num protesto
de determinada categoria que se mostra insatisfeita com os rumos tomados
pelos(as) atuais ocupantes do Poder Maior do País. Como se chega a esta
conclusão?
Tomando-se por base um próprio trecho da reportagem que diz:
(...)
“Um membro do batalhão informou à reportagem que Soares foi exonerado e
negou que ele tenha colocado o cargo à disposição. Segundo o servidor,
após os caminhoneiros fazerem a carreata Soares foi chamado pelo
comandante-geral da PM, coronel Florisvaldo César, para dar explicações
sobre o motivo da liberação do deslocamento dos caminhoneiros.
Ainda
de acordo com o policial, o comandante-geral afirmou que Soares
descumpriu um acordo entre o GDF e o governo federal de que os
caminhoneiros não poderiam sair do estacionamento do estádio. O
G1procurou o GDF, mas não obteve retorno até a publicação desta
reportagem.” (grifo)
Ou
seja, existe uma suspeita ou possibilidade de que o mesmo tenha sido
exonerado porque “descumpriu um acordo entre o GDF e o governo federal
de que os caminhoneiros não poderiam sair do estacionamento do estádio”,
mesmo que em tal protesto, embora de forma estrondosa (pelo acionamento
de buzinas de caminhões de forma simultânea), não se tenha registrado
nenhum incidente que indicasse violência, truculência ou arbitrariedade
da parte de nenhum dos policiais que ali estavam administrando a
legítima manifestação democrática.
Isto
faz muito sentido se for lembrado que, noutras manifestações havidas em
plena Esplanada dos Ministérios, notadamente as ocorridas em 2013,
graças à ação dos chamados “vândalos” ou “Black Blocs”, mesmo com a
existência de confrontos entre estes e à PMDF, nenhum comandante de
Batalhão à época perdeu seu cargo, pediu exoneração ou foi removido.
Lembre-se
ainda dos confrontos havidos entre “índios” e Policiais Militares em
maio de 2014, quando os primeiros buscaram interromper à visitação a
Taça do Mundo da FIFA aqui exposta (http://oglobo.globo.com/brasil/indios-manifestantes-entram-em-confronto-com-policiais-em-brasilia-12618379).
Naquela
ocasião, mesmo com policiais militares sendo alvejados por flechas,
sendo lesionados a golpe de tacape, bordunas e com “indígenas” sendo
presos, nenhum Comandante de Batalhão foi afastado, pelo contrário, em
matéria veiculada no Jornal O Globo de 27 de maio de 2014 (mesmo link
citado no parágrafo anterior) encontra-se:
Em
nota, o governo do Distrito Federal (GDF) informou que a Secretaria de
Segurança Pública "agiu estritamente dentro do protocolo previsto em
casos de manifestações". Segundo o GDF, a operação foi eficiente,
preservou a integridade física dos manifestantes e protegeu o grande
público, "especialmente crianças, estudantes e idosos que estavam no
evento de visitação à Taça da Copa do Mundo". Informou ainda que a
manifestação "teve de ser contida no limite estabelecido para segurança
dos visitantes". De acordo com o GDF, os policiais não usaram armas
letais.
Coincidência
ou não, em 2014, o (des) governo do Distrito Federal era ocupado pelo
mesmo partido do atual (des)governo federal e, frise-se, a manifestação
havida em 2014 era contra a Copa do Mundo que, segundo os mesmos
dirigentes deste mesmo partido político, “deixaria imenso legado para o
País”. Talvez aqui tenha-se usado um tempo verbal para o verbo “Deixar”
de forma equivocada uma vez que, além de perdermos a Copa de forma
vexatória, nenhum “legado” ainda foi deixado!
( O "legado" foi uma divida imensa que não podemos pagar e que acarretou inflação, falta de pagamento de salários, sucateamento da saúde e da educação publicas!N.A.)
Voltando ao episódio do “buzinaço”, algumas perguntas não podem calar.
Na
hipótese de que o Comandante do Batalhão de trânsito tenha sido
exonerado pelo descumprimento do acordo que dizia “os caminhoneiros não
poderiam sair do estacionamento do estádio”, pergunta-se:
1) Quem é a Presidência da República para determinar tal medida?
2) Não
vivemos num Estado Democrático de Direito onde, salvo engano, a
Constituição prevê ser livre e legítimo o Direito de Manifestação,
vedada a violência?
3) O
partido que está no Poder hoje não é o mesmo daquele ex-presidente que
disse ter um exército de sem-terra para defender a democracia?
4) Finalmente, o tal partido que está no Poder, não é o mesmo que se diz defensor ferrenho de todos os princípios Democráticos?
5) Onde
estaria o Ministério Público, principalmente o Militar (que tem como
competência os Policiais e Bombeiros Militares do DF) que não busca
verificar a possível ilegalidade cometida pelo Comandante Geral da PMDF
contra um seu subordinado?
6) O
Comandante Geral da PMDF, aceitando a exoneração ilegal imposta (?)
pela esfera federal do Poder, não estaria cometendo um abuso de
autoridade?
7) E o governador Rolemberg? Sabia disso? Foi conivente? Aceitou a imposição Federal?
Por fim, tem-se que a busca de tais respostas talvez nos mostre o quanto este País está se perdendo em termos de valores.
Sem
ordem e sem cumprimento da Lei, seja por quem for, do maior mandatário,
seja pelo cidadão mais humilde, só restará mais uma pergunta:
QUE PAÍS É ESTE?
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