Não fosse Fernando Haddad ter decidido estatizar os rolezinhos — o PT não suporta a ideia de que as pessoas, na sociedade, possam fazer as coisas por sua própria conta —, essa história já teria acabado.
Mas não! Os
petistas resolveram meter o bedelho, transformar o assunto num “case”
sociológico. Para tanto, colaboraram alguns subintelectuais ainda
atordoados pelo mito da luta de classes. E a coisa está aí, durando…
A tese
mais original que está em curso, diga-se, assegura que os jovens da
periferia expressam o seu protesto por meio da adesão à sociedade de
consumo. Entendi. A derrota final da sociedade capitalista, então, se dá
por meio da adesão dos pobres ao capitalismo. Uau! Muito interessante
mesmo! Então tá bom! Mais original do que isso só mesmo aquele comando
revolucionário suicida do filme “A Vida de Brian”, de Monty Python — do
tempo em que não se compravam nem se vendiam humoristas… Sigamos com a
piada.
Haddad pôs
o pagoadeiro Netinho de Paula, seu secretário para a Igualdade Racial,
para “negociar” com os rolezeiros e com os representantes de shopping.
Negociar exatamente o quê e com quem? Existirá, por acaso, representação
formal dos rolezeiros? Não que se saiba. Tudo bem! O PT inventa.
Chegou-se a anunciar que os eventos seriam realizados nos…
estacionamentos dos shoppings.
Escrevi a
respeito. Estranhei a solução. Quem é que teria coragem de deixar o seu
carro num estacionamento que vai receber rolezinhos? E os
estabelecimentos com garagens subterrâneas? E muitos outros com garagens
elevadas, com um parapeito, muitas vezes, não superior à cintura? E as
condições de evasão de um local fechado, o que requer aprovação prévia
do Corpo de Bombeiros?
A ideia é
de uma supina estupidez. Nesta terça, a Prefeitura veio a público para
dizer, então, que não é bem assim; que não há nenhuma decisão tomada a
respeito. Na verdade, nesta quarta, haverá uma outra reunião com os
rolezeiros.
Na linguagem do “enrolation”, a secretaria de Netinho
afirmou que “a intenção é potencializar a capacidade de mobilização
destes jovens para promover ações e campanhas que alcancem positivamente
esta parcela da sociedade”. Heeeinnn? Imaginem se algum mano e alguma
mina vão a uma estrovenga como essa.
Estuda-se a
possibilidade de o rolezinho ser comunicado com antecedência e estar
sujeito à concordância das partes, sabem cumé? A Prefeitura quer,
atenção, ser a “responsável cultural”, informa a Folha Online, pelos
rolezinhos. O que é um “responsável cultural”? Não tenho a menor ideia.
Fico cá a
imaginar a necessidade de se criar a “Subsecretaria para Assuntos de
Rolezinhos”. Haveria uma agenda. Bom saber, né? Assim, no dia, os
consumidores procuram um shopping em que não sejam importunados.
Gilberto
Cavalho diria que eu me incomodo como “negros e morenos”. Errado! Os
“negros e morenos” dos shoppings da periferia já deixaram claro, revelou
o Datafolha, que eles não querem rolezinhos…
Haddad
acha que governar é ceder sempre aos grupos de pressão e à gritaria das
minorias e que as maiorias são autoritárias pela própria natureza. Até
agora, é a figura mais patética que já sentou naquela cadeira. Foi
eleito pela maioria dos que votaram.
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