A Petrobras informou nesta segunda-feira, em comunicado
oficial publicado nos jornais, que a comissão aberta para apurar as denúncias
de pagamento de suborno a empregados da estatal pela empresa holandesa SBM
Offshore “não encontrou fatos ou documentos que evidenciem” as informações. A
nota informa ainda que o relatório final será repassado à Controladoria-Geral
da União, ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério Público Federal, que
também estão investigando o caso.
A polêmica veio à tona em fevereiro deste ano, quando a
mídia holandesa publicou reportagem levantando suspeitas de pagamento de
propinas pela SBM à Petrobras. Segundo denúncia de um ex-funcionário da SBM, a
companhia mantinha um esquema de suborno em vários países para obter vantagens
em contratos de afretamento e operação de plataforma, que teria alcançado a
cifra de US$ 250 milhões. Desses, US$ 139 milhões teriam sido repassados à
Petrobras.
A SBM é uma empresa que aluga e opera plataformas no mundo
inteiro, um serviço que é frequentemente requisitado por grandes petroleiras.
Levantamento feito pelo GLOBO nos relatórios financeiros anuais da empresa
mostra que, no período do suposto pagamento de propina (2007 a 2011) a fatia da
Petrobras no número de contratos da empresa subiu de 18% para 34%. Nenhuma
outra gigante do petróleo apresenta crescimento na carteira de projetos da
companhia holandesa nesse período.
Após a publicação da notícia pela revista holandesa “Quote”,
a própria SBM revelou que abrira investigação interna, em 2012, para apurar
supostas irregularidades. No mesmo ano, a companhia levou o caso à Justiça
holandesa. Autoridades americanas e do Reino Unido também acompanham o caso.
Segundo a SBM, o suposto pagamento de propina teria se
concentrado entre 2007 e 2011, especialmente em dois países africanos e um fora
da África. A empresa não confirma se esse terceiro país seria o Brasil. Mas o
relatório vazado pelo ex-funcionário que fez as denúncias aponta indícios de
irregularidades nos contratos firmados com a Petrobras.
Quem presidia a estatal naquele período era José Sérgio
Gabrielli, filiado ao PT e atual secretário de Planejamento da Bahia. Um dos
trechos do relatório vazado na internet cita e-mails trocados entre o então
engenheiro-chefe da Petrobras, identificado apenas como “Figueiredo”, e
intermediários da SBM, para tratar de uma reunião em que seria discutida a
possibilidade de estender um contrato com a SBM “sem licitação aberta”.
No relatório, também é citada a existência de uma comissão
de 3% em propinas, que seria rateada entre funcionários da estatal e
representantes da Oildrive Consultoria e da Faercom Energia. A Oildrive foi
constituída em 2006, um ano antes do período do suposto pagamento de propinas.
Em seu acordo de acionistas, ao qual o GLOBO teve acesso, há uma cláusula que impede a empresa de ter clientes com interesses contrários à SBM. A Oildrive a a Faercom Energia foram representantes exclusivas da SBM por mais de 30 anos no Brasil. A partir de 2012, a SBM passou a ter estrutura própria no país. (O Globo)
Em seu acordo de acionistas, ao qual o GLOBO teve acesso, há uma cláusula que impede a empresa de ter clientes com interesses contrários à SBM. A Oildrive a a Faercom Energia foram representantes exclusivas da SBM por mais de 30 anos no Brasil. A partir de 2012, a SBM passou a ter estrutura própria no país. (O Globo)
Aparece mais U$ 85 milhões de prejuízo na negociata da Petrobras da Dilma com a sucata de Pasadena.
A Petrobrás pagou US$ 85,14 milhões à Astra Oil em fevereiro
de 2007 para garantir à sua então sócia na refinaria e na trading de Pasadena
um lucro mínimo com o negócio, atendendo à exigência do acordo de acionistas
que as duas empresas haviam assinado no ano anterior.
Com esse desembolso, o preço final que a estatal brasileira pagou pela operação do Texas sobe ainda mais - de US$ 1,18 bilhão para pelo menos US$ 1,265 bilhão.
Com esse desembolso, o preço final que a estatal brasileira pagou pela operação do Texas sobe ainda mais - de US$ 1,18 bilhão para pelo menos US$ 1,265 bilhão.
O pagamento é confirmado em memorando da Astra à Receita
Federal americana apresentado em um dos processos judiciais nos quais as duas
empresas se enfrentaram. Com data de 19 de dezembro de 2008, ele tenta
esclarecer dúvidas levantadas pelo auditor J. Clark Armitage sobre a natureza
da transferência.
Os advogados da Astra respondem que o desembolso é um
"pagamento garantido", que deveria ser feito pela Petrobrás à Astra
quando a receita da empresa de trading que abastecia a refinaria de Pasadena
ficasse abaixo de determinado patamar. Esse benefício seria pago por dois anos,
no valor máximo de US$ 85,14 milhões em cada um deles, em um total de US$
170,28 milhões.
Chamado de "alocação especial", esse dispositivo é distinto de outro que dava à sócia belga da Petrobrás uma rentabilidade mínima líquida com o negócio de 6,9% ao ano, por um período de 15 anos. Esse item ficou conhecido como "cláusula de Marlim", porque foi justificado com o argumento de que se tratava de uma compensação à Astra pelo fato de a Petrobrás poder refinar em Pasadena o óleo pesado que produzia no campo de Marlim, na Bacia de Campos, Rio de Janeiro.
O acordo de acionistas, no entanto, não prevê nenhuma
contrapartida ou benefício para a Petrobrás em troca da "alocação
especial" que a estatal teria de pagar à Astra em 2007 e 2008, tendo como
base os resultados da trading dos anos anteriores. O documento diz que o
"pagamento garantido" de 2008 dependeria das receitas obtidas em 2007
- não está claro se ele chegou a ocorrer nem qual o seu valor.
A "cláusula de Marlim" e a "alocação
especial" que gerou o pagamento de US$ 85,14 milhões estavam entre as
condições que tinham o objetivo de favorecer a sócia belga e protegê-la de
riscos associados à operação. Na prática, era uma garantia de lucro mínimo que
seria bancada pela estatal mesmo na hipótese de a receita bruta com as
operações da trading ser insuficiente para a realização dos pagamentos.
"A quantia dessa alocação especial deve reduzir o
montante dos lucros (ou aumentar o montante das perdas) que seriam de outra
maneira alocados à sócia Petrobrás", diz trecho do item 4.3 do acordo de
acionistas de setembro de 2006 que criou a trading de Pasadena, que era uma
empresa distinta da refinaria.
No documento à Receita Federal americana, os advogados da
Astra explicam que a estatal brasileira concordou em contribuir com
"certas quantias" para o capital da trading, e que esses recursos
seriam usados para os "pagamentos garantidos" que asseguravam à Astra
a obtenção de lucro na operação independentemente do que acontecesse. (Estadão)
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