segunda-feira, 31 de março de 2014

Sucessões estaduais: Um estado para lá de familiar




Sob pressão, PT tentará fechar, no Acre, o quinto governo vinculado à família do senador Viana

daniel.cardozo@jornaldebrasilia.com.br

O governador do Acre, Tião Viana (PT), chegou a correr riscos reais de ver a reeleição naufragar, mas ganhou uma chance para voltar a mostrar serviço: os alagamentos que isolam o estado. A oposição se movimenta e terá duas chapas, de PSDB e DEM, que baterão de frente com o grupo que está há 15 anos no poder.
No ano passado, a popularidade do governador foi ameaçada pela operação G7, da Polícia Federal, que investigava fraudes na licitação para casas populares. Em maio do ano passado, as consequências foram a prisão de dois secretários, de Obras e de Habitação, um diretor de empresa pública e de empreiteiros.

Entretanto, o caso parece já ter caído no esquecimento da população e já no mês de dezembro de 2013, a avaliação boa ou ótima era de 55%, a terceira maior do País.

Milhares desabrigado

A cheia dos rios Acre e Madeira, que já dura mais de três semanas, tem afetado o abastecimento de alimentos e combustíveis no estado, além de ter deixado milhares de pessoas desabrigadas.

Para evitar uma procura súbita da população pelas mercadorias, o governo tem agido com rapidez. O governador Tião Viana conseguiu junto à presidente Dilma Rousseff o envio de mercadorias feito com aviões da Força Aérea Brasileira.

Mas para tentar a reeleição, houve mudanças. Quem tentará ser vice-governadora é a procuradora de Justiça Nazareth Araújo, também filiada ao PT. Ela ficará no lugar de César Messias (PSB), atual vice e candidato a deputado federal. Para o Senado, irá Perpétua Almeida (PCdoB).

As alterações aconteceram em meio a uma disputa interna entre o governador e o irmão dele, Jorge Viana, defensor do senador Aníbal Diniz (PT) como candidato à reeleição. A cessão da vaga para o PCdoB deixou petistas insatisfeitos, já que os comunistas não apoiaram o PT para a prefeitura de Rio Branco.

Do outro lado, tanto PSDB quanto o DEM tentarão tirar votos do PT. Os tucanos já contam com 11 partidos, na chapa do deputado federal Márcio Bittar, por enquanto sem vice definido. No entanto, a deputada estadual Antônia Sales (PMDB) é cotada.

Tempo de TV vira trunfo maior

Um dos trunfos da chapa do PSDB é o tempo de televisão. Graças à aliança ampla, serão 12 minutos, contra 11 minutos dos adversários do PT. O grupo é engrossado pelo senador Sérgio Petecão (PSD), que era pré-candidato ao governo, mas acabou isolado pelas coligações já fechadas das outras chapas.
Quem deve disputar a vaga única ao Senado é o deputado federal Gladson Cameli (PP). Apesar de ter apenas 36 anos, o candidato encerra no fim do ano o segundo mandato na Câmara dos Deputados.

O DEM lançará Tião Bocalon como cabeça de chapa. Ele tem no currículo a prefeitura de Acrelândia, por três mandatos, além de  candidato a governador, derrotado nas últimas eleições. Bocalon estava no PSDB, mas devido a desentendimentos, seu grupo se desmembrou.

Por enquanto, ao DEM se juntam o PV e o PMN. O primeiro pode indicar o candidato a vice, que pode ser o deputado federal Henrique Afonso. Sem definição, a reeleição pode ser o caminho de Afonso. Já o PMN indicará, para o Senado, Roberto Duarte Júnior,  famoso como advogado da empresa Telexfree, que teve as contas bloqueadas por suspeita de esquema de pirâmide.

De margens amplas a vitórias apertadas

1 O grupo político dos Viana, denominado Frente Popular do Acre, chegou ao poder em 1998, com a eleição do senador Jorge Viana, que seria governador por dois mandatos.

2 Com o fim das duas gestões, ele conseguiu eleger o sucessor Binho Marques, ex-vice governador, por uma margem apertada, de 53% dos votos.
3 A ausência dos irmãos no poder durou pouco, já que em 2010, o candidato foi o mais novo, Tião Viana, que até então havia sido eleito apenas para a prefeitura de Rio Branco, há quase 20 anos, em 1992.

4 Na última eleição, a vantagem também foi pequena, com Tião Viana sendo eleito com pouco mais de 50% dos votos, derrotando Tião Bocalon, com uma diferença de apenas 5 mil votos.

5 Já fez parte do grupo a senadora Marina Silva, eleita em 2002 ao Senado. Devido a desentendimentos com o PT, ela se filiou ao PV, pelo qual se candidatou à presidência da República.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília


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