Mais de 300 moradores da vila, que terá de ser demolida para permitir o andamento de obras previstas para os Jogos Olímpicos de 2016, contam os dias para se mudarem para um novo endereço: o Parque Carioca, um condomínio de edifícios construídos pela prefeitura, a cerca de 1 km do local atual.
O problema é que uma liminar, obtida por um defensor público em favor dos moradores que não querem sair, impede que as demolições ocorram.
Como pôr abaixo os barracos é uma das condições para que os moradores recebam os novos apartamentos (a prefeitura teme que outras famílias ocupem as casas, perenizando o problema e impedindo as obras para a Olimpíada), a transferência está ameaçada.
Para garantir o direito de se mudar, um grupo de cerca de cem moradores que querem receber os imóveis do Parque Carioca esteve na tarde desta terça-feira (25) na sede da Defensoria e foi recebido pelo defensor-geral, Nilson Bruno.
Ele decidiu que o órgão vai ingressar ainda nesta terça-feira com pedido de suspensão parcial da liminar.
Sobre o fato de membros da Defensoria estarem em lados opostos na questão, Bruno não vê incômodo. "A liminar como está não respeita o direito dos que querem sair, mas quanto o fato de um defensor tê-la proposto, não há problema. Demonstra a independência do órgão", afirmou.
O prazo para que a liminar caia e os contratos dos novos moradores com a Caixa Econômica Federal, que viabiliza o Parque Carioca, sejam validados é a quinta-feira, conforme o defensor-geral.
No último sábado, os moradores que querem deixar a Vila Autódromo fizeram um protesto contra a liminar e fecharam a avenida Embaixador Aberlardo Bueno, na Barra da Tijuca.
A prefeitura calcula que cerca de 60 famílias ainda resistem em deixar a vila. Das pouco mais de 500 casas que existem no local, 254 teriam efetivamente de ser retiradas para que as obras prossigam, conforme a Defensoria.
Contudo, um número maior de famílias pediu à prefeitura para deixar os barracos, e o prefeito Eduardo Paes (PMDB) aceitou incluí-las no projeto. Outros moradores resolveram receber uma indenização em dinheiro, outra opção dada pelo município.
A divergência de opiniões estaria levando a casos de intimidação na comunidade. Segundo Bruno, já foi solicitado à polícia que verifique possíveis abusos.
Em um perfil no Facebook intitulado "Vila Autódromo", um post do sábado, dia do protesto na Barra da Tijuca, acusa a prefeitura de fomentar a desunião para levar à extinção da comunidade.
Eles argumentam que a liminar "não impede a saída dos moradores" e que estaria sendo usada como elemento de pressão para enfraquecer o movimento.
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