terça-feira, 25 de março de 2014

Obra olímpica divide comunidade e opõe defensores públicos no Rio

Rio de Janeiro





A falta de acordo entre os moradores da Vila Autódromo, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, pôs em lados opostos integrantes da Defensoria Pública do Estado. 


Mais de 300 moradores da vila, que terá de ser demolida para permitir o andamento de obras previstas para os Jogos Olímpicos de 2016, contam os dias para se mudarem para um novo endereço: o Parque Carioca, um condomínio de edifícios construídos pela prefeitura, a cerca de 1 km do local atual. 

O problema é que uma liminar, obtida por um defensor público em favor dos moradores que não querem sair, impede que as demolições ocorram. 

Como pôr abaixo os barracos é uma das condições para que os moradores recebam os novos apartamentos (a prefeitura teme que outras famílias ocupem as casas, perenizando o problema e impedindo as obras para a Olimpíada), a transferência está ameaçada. 

Para garantir o direito de se mudar, um grupo de cerca de cem moradores que querem receber os imóveis do Parque Carioca esteve na tarde desta terça-feira (25) na sede da Defensoria e foi recebido pelo defensor-geral, Nilson Bruno. 

Ele decidiu que o órgão vai ingressar ainda nesta terça-feira com pedido de suspensão parcial da liminar. 

Sobre o fato de membros da Defensoria estarem em lados opostos na questão, Bruno não vê incômodo. "A liminar como está não respeita o direito dos que querem sair, mas quanto o fato de um defensor tê-la proposto, não há problema. Demonstra a independência do órgão", afirmou. 


O prazo para que a liminar caia e os contratos dos novos moradores com a Caixa Econômica Federal, que viabiliza o Parque Carioca, sejam validados é a quinta-feira, conforme o defensor-geral. 


No último sábado, os moradores que querem deixar a Vila Autódromo fizeram um protesto contra a liminar e fecharam a avenida Embaixador Aberlardo Bueno, na Barra da Tijuca. 


A prefeitura calcula que cerca de 60 famílias ainda resistem em deixar a vila. Das pouco mais de 500 casas que existem no local, 254 teriam efetivamente de ser retiradas para que as obras prossigam, conforme a Defensoria. 

Contudo, um número maior de famílias pediu à prefeitura para deixar os barracos, e o prefeito Eduardo Paes (PMDB) aceitou incluí-las no projeto. Outros moradores resolveram receber uma indenização em dinheiro, outra opção dada pelo município. 


A divergência de opiniões estaria levando a casos de intimidação na comunidade. Segundo Bruno, já foi solicitado à polícia que verifique possíveis abusos. 


Em um perfil no Facebook intitulado "Vila Autódromo", um post do sábado, dia do protesto na Barra da Tijuca, acusa a prefeitura de fomentar a desunião para levar à extinção da comunidade. 

Eles argumentam que a liminar "não impede a saída dos moradores" e que estaria sendo usada como elemento de pressão para enfraquecer o movimento.

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