Da FOLHA
Por CARLOS HEITOR CONY
Não era, por natureza e vontade, um jornalista
investigativo. Sempre bem informado, culto e o mais inteligente em sua
época, Paulo Francis morreu quando estava sendo processado nos Estados
Unidos, morte quase súbita, após um período de depressão.
Não sendo investigativo, não juntou provas, mas, de alguma forma, sabia de escândalos assombrosos naquela estatal.
O processo corria na Justiça norte-americana, famosa por sua rigidez em casos de multa por infâmia e ofensas morais.
Todos sabíamos que Paulo Francis, apesar dos bons e merecidos salários que recebia, não teria recursos para pagar a astronômica indenização que eficientes advogados de Nova York, pagos pela Petrobras, haviam pedido por conta das suas acusações.
Acabrunhado, sem cobertura na mídia, mal atendido por um médico brasileiro radicado nos Estados Unidos, o coração de Paulo não aguentou.
Março de 2014. Mal refeita do escândalo do mensalão, a sociedade toma conhecimento de um escândalo maior e mais imoral.
Apesar de dona Dilma ocupar à época a Casa Civil e presidir o Conselho de Administração da Petrobras, tal como Lula no caso do mensalão, não sabia de nada.
A refinaria de Pasadena comprada por preço absurdo –mais de oito vezes o seu valor no mercado– deu para enriquecer muita gente dentro e fora da Petrobras.
Nos anos 90, Paulo fez um comentário sobre o enriquecimento de alguns funcionários da nossa maior empresa estatal em um programa de televisão. Repito: Paulo não era investigativo, mas era inteligente e bem informado.
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