terça-feira, 25 de março de 2014

Alckmin diz que País precisa de 'reformas estruturais'

Para o governador, o País tem passado por uma elevação gradual do chamado "Custo Brasil"

 
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu a necessidade de mudanças estruturais na economia brasileira, mas moderou o tom das críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff, mesmo após o País ter a nota de crédito rebaixada nesta segunda-feira, 24, pela agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P).

"(O rebaixamento) é uma preocupação, mas eu tenho absoluta confiança de que o governo federal tem consciência sobre a importância da questão fiscal", afirmou, em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, após se reunir com empresários no Palácio dos Bandeirantes.

A deterioração de indicadores fiscais do Brasil, incluindo o aumento do déficit público, foi um dos fatores que pesou sobre a decisão da S&P rebaixar a nota de crédito do País.

Alckmin disse que essa questão fiscal é tratada com seriedade pelo governo paulista, cujo caso é "exemplar", na sua avaliação. Ele citou que a dívida do Estado era equivalente a 2,2 vezes a receita corrente líquida anual há cerca de 15 anos, um patamar acima do limite de 2,0 vezes estipulado nos anos seguintes pela Lei de Responsabilidade Fiscal. 

"De lá pra cá, nós baixamos essa relação em São Paulo para 1,4 vezes, mesmo com encarecimento da dívida", ressaltou.

Para o governador, o País tem passado por uma elevação gradual do chamado "Custo Brasil" por conta de gargalos logísticos, tributários e burocráticos que diminuíram a competitividade do setor produtivo brasileiro na comparação com outros países. 

Em função dessa avaliação, Alckmin defendeu a necessidade de ocorrer não apenas um acerto fiscal, mas também um conjunto de reformas estruturais. "A questão fiscal é extremamente relevante, mas o Brasil precisa também de reformas estruturais. 

O ano que vem é o ano para reformas políticas, trabalhistas, administrativas e econômicas", apontou.
Questionado se a ausência dessas reformas representam um erro do governo Dilma, o governador paulista respondeu:

 "Não é que foram erros, mas essas questões não são fáceis de se realizar. Essas reformas são inadiáveis, e o ano para se fazer isso é o primeiro ano da nova legislatura, do novo governo", avaliou.

O governador também refutou que o Brasil esteja numa trajetória que levará à perda do grau de investimento. Segundo ele, o País conta com um mercado interno forte, com empresas e escala suficientes para reerguer a economia.

Competitividade

Alckmin reuniu hoje no Palácio dos Bandeirantes empresários e líderes de associações de cerca de 40 setores para discutir iniciativas para aumentar a inovação e a competitividade no setor produtivo no Estado. 

Durante o encontro, foi assinado decreto de criação do Sistema Paulista de Inovação, que reunirá em um único programa as ações do governo para apoio a parques tecnológicos, incubadoras e centros de pesquisa. Também foram formalizadas propostas que serão encaminhadas ao governo federal para destravar gargalos no Estado.

No seu discurso, o governador mencionou que o trecho leste do Rodoanel Mário Covas ficará pronto em maio, e citou que o trecho norte está sendo construído em sinergia com o ferroanel norte, do governo federal. "Vamos interligar o aeroporto mais importante do Brasil, que é Cumbica (em Guarulhos), até o porto mais importante do Brasil, em Santos".

Ele também confirmou que o edital da Parceria Publico Privada (PPP) da Rodovia Tamoios (SP-99) será publicado na sexta-feira e falou que o sistema hidroviário está prejudicado no Estado, momentaneamente, por conta da crise no abastecimento de água.

O fundador do Grupo Cosan, Rubens Ometto, destacou a importância das propostas do programa paulista de competitividade para a indústria brasileira. 

De acordo com ele, as iniciativas poderão facilitar a vida dos empresários em promover investimentos e concordou com a fala do governador de que o Estado tem um papel complementar na economia e quem gera emprego e riquezas são as empresas. 

"O Estado não consegue controlar tudo", disse, após o encontro. "É fundamental tudo aquilo que busca facilitar a vida das pessoas", completou.

Fonte: Agencia Estado

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