Por Ricardo Callado - A
eleição para governador do Distrito Federal está novamente polarizada.
Será mais uma vez o PT do governador Agnelo Queiroz versus os grupos dos
ex-governadores Joaquim Roriz (PRTB) e José Roberto Arruda (PR). Com
algumas dispersões dos dois lados.
A
novidade é o racha irreversível na esquerda e um reversível na direita.
Os dois grupos perderam aliados. E vão ter que enfrentar antigos
companheiros. São eles que terão o desafio de furar a polarização.
Na
lista de candidatos a protagonista na disputa ao Buriti estão o senador
Rodrigo Rollemberg (PSB), a deputada distrital Eliana Pedrosa (PPS) e
alguém do PSDB. Hoje são três os pré-candidatos tucanos: deputados
federais Luiz Pitiman e Izalci Lucas, e o ex-presidente da legenda,
Márcio Machado.
O
PT tinha Rollemberg como aliado em 2010. O dissidente trouxe com ele o
senador Cristóvam Buarque e o deputado José Antônio Reguffe, ambos do
PDT. Busca ainda o apoio de PPS, Solidariedade e PSol.
Rollemberg
foi o vitorioso da semana. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi,
fechou acordo com o PT nacional e local para levar o partido ao colo do
governador Agnelo. As conversas estavam adiantadas e o anúncio seria
feito no fim de semana.
O
PT sonhava com Reguffe para ser o candidato ao Senado na chapa de
Agnelo. O deputado pedetista ficou sabendo do golpe e se adiantou. Na
noite de quinta-feira reuniu o seu grupo político e decidiu apoiar a
candidatura de Rollemberg.
O
projeto de Reguffe era ser candidato ao GDF. As pesquisas apontavam com
mais intenções de votos que o pré-candidato do PSB. O gesto de abrir
mão da candidatura do Buriti foi classificada de nobre por parte da
esquerda. Reguffe justificou: “Não dá para ter duas ou três candidaturas
no mesmo campo. Seria uma irresponsabilidade com a cidade”.
Reguffe
será agora candidato a senador ou a vice-governador na chapa de
Rollemberg. O PDT-DF o tinha lançado no segundo semestre de 2013 à
sucessão de Agnelo. Não contavam com a tentativa de Lupi vender a
legenda para o PT. Se o presidente nacional insistir na manobra e
intervir, Reguffe está disposto a abandonar a política.
A
chapa de Arruda também levou um golpe de bastidor. O PT manobra para
retirar o PTB da aliança. Presidente regional do partido, senador Gim
Argello seria candidato à reeleição na chapa do ex-governador.
O
maestro por trás dessa orquestra é o ministro chefe da Casa Civil do
Palácio do Planalto, Aloízio Mercadante. A ordem é enfraquecer Arruda.
Gim Argello será indicado como ministro do Tribunal de Contas da União
(TCU), com a renúncia de Valmir Campello, que ganhará um cargo na
diretoria do Banco do Brasil.
Arruda
já esperava isso. Gim também. O anúncio na chapa do ex-governador
surtiu efeito. Tinha o objetivo de antecipar a indicação, que estava
prometida para o fim do ano. Se não fosse feita agora, Gim não iria
esperar e seria candidato de qualquer jeito.
O
substituto de Gim na chapa será o presidente do DEM no DF, Alberto
Fraga. Ele foi candidato nas eleições 2010 ao mesmo cargo. Antes tinha
sido deputado federal e secretário de Transportes do próprio Arruda. A
campanha de oposição ganha o DEM, que se junta ao PR e PRTB, além de
outros partidos que estão negociando. E talvez não perca o PTB. O tiro
do PT pode dar culatra.
Se
a esquerda está rachada e não existe chance de reconciliação com o PT, a
direita vai aos poucos unindo o grupo que esteve no poder por duas
décadas. Com exceção do PMDB, de Tadeu Filippelli, que continuará sendo
vice de Agnelo Queiroz.
Mesmo
com todas essas movimentações, Agnelo ainda tem o melhor cenário para
coligação, maior número de partidos, mais tempo de tevê, a máquina
pública nas mãos e o percentual de eleitores que sempre vota no PT. São
fatores que permite tranquilamente uma ida ao segundo turno das
eleições.
Na
lista de secretários que deixam o GDF para ser candidatos chega-se a
duas definições. Braço direito de Agnelo, o ex-secretário da Saúde
Rafael Barbosa será candidato a deputado federal. Já o braço esquerdo do
governador, Cláudio Monteiro, fica no governo e desiste de concorrer a
uma vaga na Câmara Legislativa
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