06/04/2014 07h13
Secretaria diz que operação prendeu 105 antes da ocupação na Maré.
'Eu não saio mais depois das 22h', declarou moradora de Icaraí, em Niterói.
Moradora
de Niterói desde que nasceu, Michéle Yldiriane, relata que crimes
aumentaram após UPPs no Rio.
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“Meus pais são do Espírito Santo e da Bulgária. Eles se mudaram para
Niterói porque queriam criar os filhos em um lugar tranquilo. Aqui
sempre foi um lugar muito calmo. Eu nasci aqui. Agora tenho que pensar
bem onde vou criar os meus. Eu não saio mais depois das 22h. Lugares que
eu ia a pé, agora vou de táxi. Deixo muitas vezes de sair”, desabafou a
coordenadora de suprimentos, Michéle Yildiriane, de 35 anos, moradora
do bairro Icaraí.A subsecretaria de inteligência da Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro declarou, nesta quarta-feira (2), que “a migração pode haver sim, no entanto, não há indicadores de que ela seja em grande escala nem que tenham impactado significativamente as manchas criminais”.
Membro da página 'Violência em Niterói'; relata
assalto em Icaraí nesta quinta-feira
assalto em Icaraí nesta quinta-feira
Para denunciar a violência, um grupo, que contava com 3.846 membros até as 12h desta sexta-feira (4), criou uma página no Facebook chamada “Violência em Niterói”. De acordo com Michéle, por conta dos frequentes roubos de carros, o preço do seguro do seu automóvel dobrou. Ela contou ainda que os pedestres são alvos de “criminosos de bicicleta”.
Outro membro da página relatou outro assalto nesta quinta-feira na Rua Professor Otacílio, no bairro Santa
Rosa
Rosa
Nesta quinta-feira (3), o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves anunciou que enviou uma carta ao secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, solicitando uma audiência e propondo medidas de ampliação do efetivo policial na cidade, implantação de UPPs e integração de Niterói ao planejamento dos grandes eventos previstos para o Rio.
Apavorados em Belford Roxo
Na Baixada Fluminense, a situação não é diferente. De acordo com um morador, que pediu pra não ser identificado por medo, às vésperas da ocupação da Maré, dezenas de criminosos migraram para diversos bairros de Belford Roxo. “Eles ostentam armas em rede social. Os moradores estão apavorados com os tiroteios na madrugada e culpam o governo estadual pelo descaso com a cidade. Belford Roxo está vivendo um inferno astral e uma "maré pesada" nos últimos dias”.
De acordo com a Seseg, na operação cerco que antecedeu a ocupação da Maré foram presas 105 pessoas. A Secretaria acrescentou ainda que a maioria dos criminosos que exercia alguma função de comando entre os traficantes nas regiões pacificadas está presa.
A secretaria declarou ainda que já foram instaladas nove companhias destacadas de uma série de 10 planejadas pelo atual comando da Polícia Militar. “Já foram inauguradas as companhias do Morro do Estado, Palácioe Pendotiba, em Niterói, Morro da Covanca e Praça Seca, na Zona Oeste do Rio, Pavuna, Cabuçu, em Nova Iguaçu, Vila Ruth e em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, além de Jóquei e Coruja”, informou. “Além destas, a Seseg afirmou que já funcionavam as companhias destacadas do Morro Azul (Flamengo, Rio) e Chatuba (Mesquita)”, acrescentou.
Arrastões e barricadas em Maricá
Em Maricá, moradores relataram através do VC no G1 que a cidade tranquila deu lugar a barricadas, arrastões e assaltos. “Os maiores problemas estão no bairro de Itaipuaçu, onde são feitas barricadas e arrastões pelos bandidos. E também no Bairro do Spar, onde todos os dias têm assaltos, inclusive durante o dia. Já houve homicídio após o assalto”, descreveu Leonardo Ramos, de 29 anos.
De acordo com ele, o aumento da violência também tem como origem a migração de criminosos das comunidades do Rio que passaram a ser ocupadas por UPPs. “Com as recentes ocupações nas favelas do Rio de Janeiro, os bandidos estão migrando para a cidade de Maricá e causando horror aos moradores. Maricá era uma cidade tranquila, mas agora isso acabou”, completou.
Secretaria analisa prisões na Baixada
A Secretaria de Segurança do Estado fez ainda uma análise sobre as prisões ocorridas na Baixada Fluminense desde a instalação das UPPs no Rio de Janeiro. De acordo com ela, em 2013, entre janeiro e agosto, 232 pessoas foram presas em São João de Meriti. Destas, 67,2% são moradores da própria cidade, 13% moram em outros municípios e 4,3% eram moradores da capital.
Ainda nesta quinta-feira, membro da página
'Violência em Niterói' posta fotos de assalto em
Niterói Baixada: 2,7 mil roubos em 3 meses
'Violência em Niterói' posta fotos de assalto em
Niterói Baixada: 2,7 mil roubos em 3 meses
Niterói foi a segunda região com maior número de roubos no comparativo. De acordo com o ISP, o número aumentou em 75% — 1,2 mil casos registrados em 2013 e 719, em 2012. Em São Gonçalo, também na Região Metropolitana, houve registro de um grande aumento. Foram 855 roubos de carros em 2013 e 478 no mesmo período em 2012, ou seja, 78%.
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