quarta-feira, 2 de abril de 2014

Balança comercial tem pior primeiro trimestre em 21 anos


  01/04/2014 16h21

Nos três primeiros meses do ano, houve déficit de US$ 6,07 bilhões.


Trata-se do pior resultado desde o início da série histórica, em 1994.

 



Alexandro Martello Do G1, em Brasília



A balança comercial brasileira registrou um déficit (importações maiores do que vendas externas) de US$ 6,07 bilhões no primeiro trimestre deste ano, informou nesta terça-feira (1) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Em igual período do ano passado, o saldo ficou deficitário em US$ 5,15 bilhões, de acordo com números oficiais. Segundo a série histórica do Ministério do Desenvolvimento, o déficit registrado nos três primeiros meses deste ano é o maior, para este período, desde o início da sua série histórica, em 1994. Até o momento, o pior resultado para o primeiro trimestre havia sido registrado em 2013.


No acumulado deste ano, as exportações somaram US$ 44,58 bilhões, com média diária de US$ 812 milhões, uma queda de 4,1% na comparação com o mesmo período do ano passado. 

As importações, por sua vez, totalizaram US$ 55,66 bilhões, o equivalente a US$ 912 milhões em média por dia útil, com recuo de 2,2% sobre o mesmo período de 2013.

De acordo com dados do governo, as vendas ao exterior de produtos semimanufaturados recuaram 11,4% no trimestre, enquanto que as exportações de manufaturados caíram 9,5%. 

Já as vendas de produtos básicos subiram 2% nos três primeiros meses deste ano. Do lado das importações, houve queda nas aquisições de combustíveis e lubrificantes (-12%), de bens de capital (-2,7%) e de matérias-primas e intermediários (-0,2%), enquanto cresceram as compras de bens de consumo (+3,9%).

Pior março desde 2001
 
Somente no mês de março, ainda de acordo com informações do governo, a balança comercial registrou um superávit (exportações menos importações) de US$ 112 milhões. Trata-se do pior resultado, para meses de março, desde 2001 - quando foi registrado um déficit comercial de US$ 276 milhões. Em março de 2013, houve um saldo positivo de US$ 161 milhões.


No mês passado, as exportações recuaram 4%, contra o março de 2013, para US$ 17,62 bilhões. Ao mesmo tempo, as compras do exterior somaram US$ 17,51 bilhões, e registraram queda de 3,8% sobre o mesmo mês do ano passado.

Resultado de 2013
 
Em 2013, a balança comercial brasileira registrou superávit (exportações menos importações) de US$ 2,56 bilhões, o pior resultado para um ano fechado desde 2000 – quando houve déficit de US$ 731 milhões.


De acordo com o governo, a piora do resultado comercial do ano passado aconteceu, principalmente, por conta do serviço de manutenção de plataformas de petróleo no Brasil, que resultou na queda da produção ao longo de 2013, e pelo aumento da importação de combustíveis para atender à demanda da economia brasileira.

Os dados oficiais mostram, porém, que o saldo comercial do ano passado só foi positivo por conta da “exportação” de plataformas de petróleo que, na realidade, nunca deixaram o Brasil. Essas operações somaram US$ 7,73 bilhões em 2013.

As plataformas foram compradas de fornecedores brasileiros por subsidiárias (empresas que têm o capital de outras) no exterior de companhias como a Petrobras e, depois, "internalizadas" no país como se estivessem sendo "alugadas", mesmo sem saírem fisicamente do Brasil. Com isso, as empresas do setor recolhem menos tributos.


Expectativa para este ano

 
A expectativa do mercado financeiro para este ano, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras, é de pequena melhora do saldo comercial. 


A previsão dos analistas dos bancos é de um superávit de US$ 4,25 bilhões nas transações comerciais do país com o exterior.

O BC, por sua vez, baixou na semana passada sua previsão para o superávit da balança comercial deste ano. Antes, a autoridade monetária projetava um saldo positivo de US$ 10 bilhões para 2014 - valor que caiu para um superávit de US$ 8 bilhões, com exportações em US$ 253 bilhões e compras do exterior no valor de US$ 245 bilhões.

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