segunda-feira, 28 de abril de 2014

Informante do FBI coordenou ciberataques contra governo brasileiro em 2012



 

Mark Mazzetti


Um informante que trabalha para o FBI coordenou uma campanha de centenas de ataques cibernéticos contra sites estrangeiros em 2012, que teve como alvo alguns sites operados pelos governos do Irã, da Síria, do Brasil e do Paquistão, de acordo com documentos e entrevistas realizadas com pessoas envolvidas nesses ataques.





 

Espionagem pelo mundo

 

12.jul.2013 - O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e a presidente Dilma Rousseff participam de cúpula do Mercosul em Montevidéu, no Uruguai, nesta sexta-feira (12). No encontro, Dilma repudiou o esquema de espionagem dos Estados Unidos que, segundo ela, "fere a soberania dos países" Nicolas Garrido/Reuters
Explorando uma vulnerabilidade detectada em um popular software de hospedagem de sites na internet, esse informante ordenou pelo menos um hacker a extrair grandes quantidades de dados de servidores governamentais de vários países e a enviá-los para um servidor monitorado pelo FBI, de acordo com declarações obtidas em um tribunal.

Os detalhes do episódio de 2012, que vinham sendo mantidos quase que totalmente em sigilo até agora, foram revelados durante sessões fechadas realizadas em um tribunal federal de Nova York e por documentos bastante editados (para ocultar palavras e informações). Apesar de os documentos não indicarem se o FBI ordenou diretamente os ataques, eles sugerem que o governo pode ter usado hackers para reunir informações de inteligência no exterior enquanto seus investigadores tentavam desmantelar grupos de hackers como o Anonymous e enviar ativistas cibernéticos para a cadeia durante longos períodos.

Os ataques foram coordenados por Hector Xavier Monsegur, que usava o pseudônimo Sabu e tinha se tornado um hacker proeminente dentro do Anonymous devido a uma série de ataques realizados contra alvos importantes, como o PayPal e a empresa de cartões MasterCard. No início de 2012, Monsegur, que é de Nova York, já havia sido preso pelo FBI e trabalhava há meses para ajudar o departamento a identificar outros membros do Anonymous, de acordo com documentos judiciais divulgados anteriormente.

Um desses membros era Jeremy Hammond, então com 27 anos e que, como Monsegur, tinha se tornado membro de um grupo de hackers dissidente do Anonymous chamado Antisec. Os dois homens tinham trabalhado juntos em dezembro de 2011 para sabotar os servidores da Stratfor Global Intelligence, uma empresa de inteligência privada sediada em Austin, no estado norte-americano do Texas.






 

Conheça os serviços de espionagem mais famosos do mundo 

 

Ben Gurion, ex-premiê de Israel (à esquerda), conversa com o então general Ariel Sharon, durante inspeção de postos do Exército israelense na fronteira com o Egito, em janeiro de 1971. Ben Gurion foi o responsável pela criação do primeiro serviço de inteligência de Israel, em 1948. Em dezembro de 1949, foi oficialmente estabelecido um órgão para coordenar os serviços de inteligência e segurança no país, que ficou conhecido como Mossad Reuters
 

Logo após o incidente da Stratfor, Monsegur, 30, começou a fornecer a Hammond listas de sites estrangeiros que poderiam estar vulneráveis a sabotagens, segundo informou Hammond em uma entrevista e de acordo com os registros das conversas entre os dois. No ano passado, o jornal The New York Times pediu permissão ao tribunal para ter acesso a esses documentos não editados, e eles foram apresentados ao tribunal na semana passada com algumas das edições removidas.


"Depois do caso envolvendo a Stratfor, a situação ficou praticamente fora de controle em termos dos alvos aos quais nós tínhamos acesso", disse Hammond durante uma entrevista concedida no início deste mês em uma prisão federal do Kentucky, onde ele está cumprindo pena de 10 anos de detenção depois de se declarar culpado pela operação Stratfor e por outros ataques a computadores dentro dos Estados Unidos. No entanto, ele não foi acusado de nenhum crime vinculado aos ataques contra países estrangeiros.



Ministro da Justiça se pronuncia sobre espionagem brasileira

 


Hammond não revelou quais sites de governos estrangeiros que, segundo ele, Monsegur teria lhe pedido para atacar – condição que constituiu um dos termos de uma medida cautelar imposta pelo juiz. Os nomes dos países que foram alvo dos ataques cibernéticos também foram ocultados nos documentos judiciais.

Mas, de acordo com uma versão não censurada de uma declaração prestada por Hammond diante do tribunal, que vazou na internet no dia de sua condenação em novembro do ano passado, a lista de alvos era extensa e incluía mais de 2 mil domínios da internet. O documento informava que Monsegur tinha instruído Hammond a hackear sites dos governos do Irã, da Nigéria, do Paquistão, da Turquia, do Brasil, além de outros sites governamentais, como os da Embaixada da Polônia na Grã-Bretanha e do Ministério da Energia Elétrica do Iraque.




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