O temor eleitoral do PT, especialmente do Palácio do Planalto diante das seguidas quedas de Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais, levou a legenda (e a presidente) a adotar medidas acertadas.
Primeiro, o PT começou a pressionar o deputado André Vargas,
enroladíssimo com o doleiro Alberto Youssef (já preso) a renunciar o seu mandato por não ter saída: muito provavelmente o Conselho de Ética da Câmara irá cassá-lo.
Em segundo, entregou os pontos, deixou combater a CPI exclusiva da Petrobras, aprovada pela oposição no Senado, na medida em que a ministra do Supremo, Rosa Weber, concedeu uma liminar provisória favorável à oposição.
As
duas decisões do partido, ambas oriundas do Palácio do Planalto a
partir de aconselhamentos da assessoria de Dilma, têm sentido. Tanto ela
como o partido estavam e estão sangrando na medida em que, diariamente,
(sem aquela de dia sim, dia não) estão na mídia, diante do que está a
acontecer com a principal empresa brasileira, símbolo maior que vem dos
anos 50 do século passado. A Petrobras está rota. Perdeu dois terços do
seu valor de venda e ainda continua caindo, mesmo com o pré-sal.
Já
o deputado André Vargas está de tal maneira sujo e sem saída que passou
a ser um estorvo para o partido em ano eleitoral. Por que passa a ser,
ele próprio, uma demonstração das maracutaias praticadas por integrantes
da legenda, distante de ser o que já foi, ou seja, ostentar a auréola
de um partido limpo, diferenciado dos demais. Bastou chegar ao poder e
tudo mudou. Assim, para evitar o pior, embora o pior já esteja
instalado, o PT quer dele se livrar o mais rápido possível.
A
não ser na época do mensalão, o Partido dos Trabalhadores não atravessa
uma fase tão perniciosa, tão desgastante e, pior ainda, quando as
eleições já estão visíveis, porque acontecem dentro de seis meses. O PT e
Dilma Rousseff estão contra a parede, embora a presidente tenha
colaborado para que o assunto Petrobras crescesse e tomasse um fôlego
inusitado. Tudo começou com aquela nota em que ela, tentando se livrar,
se afogou, escrevendo do próprio punho que recusava a responsabilidade
sobre a compra da refinaria de Pasadena por não ter, à época, em mãos,
quando presidia o Conselho Deliberativo da petrolífera, informações
sobre duas cláusulas perniciosas.
A
partir daí aconteceram embaraços e tão-somente embaraços, sem ninguém
se entender sobre o bilionário (em dólares) prejuízo da empresa-símbolo.
A atual presidente da Petrobras, Graça Foster, diz que foi um péssimo
negócio. O ex-presidente, José Sérgio Gabrielli, diz que foi um bom
negócio para a época e que a presidente deve assumir a responsabilidade
que lhe cabe. Dilma perde pontos nas pesquisas. Falar em mensaleiro, na
época em que aconteceu o escândalo, no governo Lula, era uma coisa,
porque os brasileiros não sabiam (hoje sabem) o que significava
mensaleiro.
Falar em Petrobras, porém, é tocar em um ícone brasileiro, o sonho do desenvolvimento, a tal ponto que ser petroleiro, trabalhar na empresa, era quase uma benção, era um fator de orgulho dos seus trabalhadores. Hoje, a estatal foi aparelhada pelo fisiologismo nefasto da política petista para agradar à base de sustentação do governo. Se alguém disser que nunca se ouviu fatos sobre corrupção como hoje acontece, não seria um exagero. O país está enlameado pela política rasteira em prejuízo da República. Não há a menor dúvida. É certo que a corrupção sempre acompanhou, lado a lado, os governos de Pindorama.
Falar em Petrobras, porém, é tocar em um ícone brasileiro, o sonho do desenvolvimento, a tal ponto que ser petroleiro, trabalhar na empresa, era quase uma benção, era um fator de orgulho dos seus trabalhadores. Hoje, a estatal foi aparelhada pelo fisiologismo nefasto da política petista para agradar à base de sustentação do governo. Se alguém disser que nunca se ouviu fatos sobre corrupção como hoje acontece, não seria um exagero. O país está enlameado pela política rasteira em prejuízo da República. Não há a menor dúvida. É certo que a corrupção sempre acompanhou, lado a lado, os governos de Pindorama.
A
propósito, somente a propósito sobre o que está acima escrito, o
“ínclito” presidente do Senado, Renan Calheiros, em nota, avisou que
recorrerá da decisão do Supremo, alegando a independência entre os três
poderes. Afinadíssimo com quem estiver no poder, seja lá quem for, ele
seguramente criará mais problemas para o Palácio do Planalto e para
Dilma Rousseff.
Os governistas podem – e devem – criar uma CPI para apurar o que aconteceu com os trens e o metrô paulistanos e, também, com os gastos estonteantes da refinaria Faria e Lima, em Pernambuco, na tentativa de alcançar os pré-candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos. Assim como a oposição pode aparecer com uma CPI mista (Câmara e Senado) para aprofundar as investigações na petrolífera.
Os governistas podem – e devem – criar uma CPI para apurar o que aconteceu com os trens e o metrô paulistanos e, também, com os gastos estonteantes da refinaria Faria e Lima, em Pernambuco, na tentativa de alcançar os pré-candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos. Assim como a oposição pode aparecer com uma CPI mista (Câmara e Senado) para aprofundar as investigações na petrolífera.
Enquanto
isso, a presidente Dilma Rousseff não deve estar a dormir bem. Deve
sonhar com pesquisas, com quedas monumentais e, no sonho, vê Lula à
distância como a dizer que não tem nada com isso. Ora, ora. Cada poste
tem seu dono.
28 de abril de 2014
Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde
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