O sucesso alheio sempre despertou
ressentimento nos que não o alcançam. No livre mercado, com mais
mobilidade social e oportunidade para a maioria, isso é ainda mais
forte, pois a sensação de responsabilidade pelo próprio fracasso é
inevitável. É preciso, então, encontrar um bode expiatório. O outro é
mais sortudo, contou com o famoso Q.I. (quem indica), ou chegou lá
apenas por ter mais beleza.
Em sua coluna
de hoje na Folha, Luiz Felipe Pondé fala justamente disso, lembrando
que vem alertando para o crescimento do ressentimento há tempos.
Recentemente, uma menina teria sido espancada na escola por ser mais
bonita. Na ocasião, citei uma vez mais o livro Facial Justice,
de L.P. Hartley, o ápice da inveja dos igualitários em forma de
distopia: um mundo em que todos deverão ter rostos similares para não
“afrontar” os menos belos.
Para Pondé, já vivemos na “era do
ressentimento”. Nesse mundo moderno, é “imperdoável” ter mais sucesso, e
estudos já começam a traçar um paralelo entre tal sucesso e a beleza.
Não resta dúvida de qual será a proposta sugerida pelos “igualitários”.
Diz Pondé: “Os burocratas dos tributos (em países como os EUA),
parasitas que passam o dia pensando em como tirar dinheiro de quem
produz dinheiro, já tiveram uma ideia incrível: taxar quem tiver mais
sucesso profissional e for bonito”.
Claro, surgem algumas dificuldades de
ordem prática: “Como será que esse personagem de Kafka (vejo-o como um
rato cheio de formulários na mão) vai fazer para identificar a beleza
como parte da razão de uma pessoa ser ainda mais achacada pelo fisco?
Testemunhos dos “prejudicados” na carreira pela “injusta” beleza dos
outros?” Mas nada que os igualitários não consigam dar um jeito. Na hora
de arrecadar mais o estado é sempre eficiente, ao contrário da hora de
entregar serviços.
Não vai demorar muito e logo vai aparecer
um economista, provavelmente francês, para propor taxação de 80% sobre
os mais ricos do mundo todo, e sem dúvida será uma celebridade
instantânea. Ops!
Pondé busca em Nietzsche e depois em Ayn
Rand, muito inspirada no filósofo alemão também, a razão pela qual os
igualitários criam conceitos como “luta de classes”:
A base do
ódio organizado à beleza e à riqueza (travestido de taxação em nome da
justiça “sócio-estética”) é o velho ressentimento. Nietzsche é um
analista social e político muito mais sofisticado do que o guru Marx.
Luta de classes é o “nome fantasia” do ressentimento que se tem contra
os mais afortunados e mais competentes. É difícil aceitar que algumas
pessoas sejam mais capazes e mais afortunadas (a velha Fortuna de
Maquiavel, que, como toda mulher, ama a ousadia e a coragem) do que
outras.
[...]
Dica: o ódio
às belas, rancor atávico das feias, o ódio aos mais capazes, rancor
atávico dos menos capazes, nunca foi descrito de modo tão claro como
pela filósofa Ayn Rand em seu “Revolta de Atlas” (uma das referências
bibliográficas que nossa universidade nega a seus alunos), livro
antídoto às mentiras do ressentimento. Leia.
Só posso fazer coro: leia Ayn Rand, pois
vale cada minuto investido. E aos ressentidos, vai meu recado: deixem as
mais belas em paz!
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