Magno Malta ameaça ser candidato a presidente se o PR não receber dinheiro, muito dinheiro.
Com 31 deputados, quatro senadores, um ministério poderoso,
o dos Transportes, e o prestígio que adquiriu, em 2002, por ter ajudado a
viabilizar a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para o Palácio do Planalto, o
PR ameaça agora deixar a aliança formada para dar apoio à reeleição da
presidente Dilma Rousseff. Uma decisão a respeito deve ser anunciada hoje pelo
líder do partido na Câmara, o mineiro Bernardo de Vasconcelos.
A iniciativa é comandada pelo senador Magno Malta (ES), que
foi o primeiro parlamentar a falar, em 2010, a favor da candidatura de Dilma.
De aliado, passou a adversário. Com forte atuação entre os evangélicos, Malta
não só rompeu com a presidente como decidiu anunciar sua pré-candidatura ao
Planalto.
Na campanha de quatro anos atrás, Dilma enfrentou forte
resistência de eleitores ligados a grupos religiosos. Parlamentares evangélicos
e ligados à Igreja Católica ajudaram a amenizar a rejeição à então candidata
petista.
A dissidência aberta por Malta não demorou a irradiar-se
pelos Estados. Nos últimos dez dias foram realizadas pelo partido pelo menos 15
reuniões em diferentes Estados - e o que mais se ouviu foi um apelo para o
rompimento com o PT nacional. Ele vinha seguido de uma frase: "O governo
não é governista".
Em outras palavras, o PR quis dizer que, em ano de eleição,
mais importante do que controlar um ministério é conseguir a liberação das
emendas parlamentares ao Orçamento. Muitas obras de interesse direto dos
eleitores, nos redutos dos políticos, dependem desses recursos. Sem elas, pedir
votos fica mais difícil.
A situação tornou-se tão crítica que, em uma reunião do
partido há cerca de 15 dias, seu presidente, senador Alfredo Nascimento (AM),
foi colocado contra a parede por vários dos presentes, por não defender de modo
adequado a liberação das emendas. Chegou-se a discutir a saída do ministro
Cesar Borges dos Transportes e um rompimento formal. Foi então que Nascimento
decidiu pedir prazo e ajuda ao líder do partido na Câmara. Vasconcellos
perguntou a opinião dos deputados - e ouviu um rosário de queixas.
O líder anunciou que divulgaria hoje a posição da bancada.
Sua estratégia é tentar acalmar o partido. "Esperamos resolver estas
questões internas da melhor forma possível", disse. (Estadão)
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