Liberais
podem tolerar ou até defender uma rede de proteção básica estatal,
cientes de que alguns ficam muito para trás em um ambiente competitivo
de livre mercado. A ressalva que fazem é que tal rede precisa ser
realmente básica, sempre temporária, e de preferência descentralizada.
Ou seja, os governos locais manteriam
programas de auxílio-desemprego por algum tempo até que os perdedores
possam se readaptar às condições de mercado, buscar novas qualificações e
voltar a se sustentar por conta própria. Esse seria um modelo que, sem
dúvida, muitos liberais estariam de acordo.
Claro que o estado de bem-estar social não tem mais nada a ver com esse ideal.
O welfare state se
transformou naquilo que Bastiat já temia no século 19: o estado passou a
ser a grande ficção pela qual todos querem viver à custa de todos.
Muitos passaram a crer que tinham “direitos” aos montes, e deveres de
menos. Acreditaram que recursos nascem em árvores, brotam do solo ou
caem do céu. Todo mundo tem direito a uma “vida digna”, e o outro que
pague a minha conta…
Era óbvio que não daria certo, que os
gastos públicos aumentariam sem controle, que o fardo para os que
realmente trabalham e produzem ficaria insuportável, que o mecanismo de
incentivos seria totalmente inadequado. Agora é preciso reformar esse
estado de bem-estar social no mundo todo, com medidas liberais, para
resgatar aquela ideia de rede de proteção básica e temporária.
Quem sair na frente nessa mudança
impopular, porém necessária, irá despontar, com ganhos de produtividade
incríveis. No que depender da consciência do problema e da vontade
política (nunca suficiente), a Inglaterra parece bem na foto. Sendo um
dos que mais avançaram nesse welfare state equivocado, o país
tem um governo que, ao menos no discurso, deseja alterar o quadro. Foi o
que disse o ministro das Finanças britânico, George Osborne, em
entrevista nas páginas amarelas da Veja esta semana:
O melhor programa social que existe é
trabalho! Isso, nenhum esquerdista será capaz de negar, a menos que
reconheça publicamente que defende o “direito” a uma vida parasitária,
acomodada, em que vagabundos podem obrigar os demais a labutar em seu
benefício. Alguém disposto a endossar tal ideologia abertamente?
Portanto, o que se deve buscar é um
modelo que incentive não o parasita, mas aquele que deseja regressar ao
mercado de trabalho o mais rápido possível. Sim, o governo pode ajudá-lo
no processo, justamente com uma rede de proteção básica, até que ele
consiga se reerguer.
Por isso mesmo deve cobrar, como
contrapartida, o esforço na qualificação e um prazo de validade para tal
ajuda. Caso contrário, trata-se apenas de mamata, de privilégio
indevido, de punir os trabalhadores para sustentar os parasitas. É nisso
que o welfare state se transformou. Passou da hora de mudar esse modelo perverso e ineficiente.
Rodrigo Constantino
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