sexta-feira, 18 de abril de 2014
Suspensa de maneira de controversa, a pesquisa ampliada do IBGE sobre o mercado de trabalho tem o potencial de derrubar mitos propagados pelo governo Dilma Rousseff sobre o emprego no país. Apurados em todo o país, os números mostram que o cenário atual é, sim, favorável -mas não a ponto de autorizar afirmações de tom épico como as mostradas abaixo, retiradas de discursos da presidente.
1) “Nós hoje, no Brasil, vivemos
uma situação especial. Nós vivemos uma situação de pleno emprego.”(Dilma,
29/01/13)
O mito revisto: “Nós chegamos
próximos do pleno emprego.” (Dilma, 17/07/13)
Os dados: A tese do (quase) pleno
emprego se amparou nos resultados da pesquisa mais tradicional do IBGE,
limitada a seis regiões metropolitanas, que mostra desemprego na casa dos 5%. A pesquisa ampliada que começou a
ser divulgada neste ano mostra taxa mais alta, de 7,1% na média de 2013, e,
sobretudo, desigualdades regionais: no Nordeste, o desemprego médio do ano
ficou em 9,5%.
2) “O Brasil, hoje, é um país que, em meio à
crise econômica das mais graves, talvez a mais grave desde 1929, é um país que
tem a menor taxa de desemprego do mundo.” (Dilma, 14/06/13)
O mito revisto: “Hoje nós temos
uma das menores taxas de desemprego do mundo.“ (Dilma, no mesmo discurso)
Os dados: Em comparação com o
resto do mundo, não há nada de muito especial na taxa brasileira. É semelhante,
por exemplo, à dos Estados Unidos (6,7% em março), que ainda se recuperam de
uma das mais graves crises de sua história. O desemprego no Brasil é menor
que o de importantes países europeus, mas supera o de emergentes como Coreia do
Sul (3,9%), China, (4,1%,), México (4,7%) e Rússia (5,6%), além de ricos como
Japão (3,6%), Noruega (3,5%) e Suíça (3,2%).
3) “Temos o menor desemprego da
história.” (Dilma, 23/12/12)
O mito não foi revisto.
Os dados: A base da afirmação é
que a taxa apurada em apenas seis metrópoles é a menor apurada pela atual
metodologia, iniciada em 2001. Já foram apuradas no passado, com outros critérios,
taxas iguais ou mais baixas. A pesquisa ampliada permite
comparações com taxas apuradas no passado por amostras de domicílios.Dados do
Ipea mostram que o desemprego atual é semelhante, por exemplo, ao medido na
primeira metade nos anos 90. (Dinheiro Público - Folha de São Paulo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário