Jovem morre após procurar unidades de saúde por 5 vezes em Ribeirão, SP
Adolescente foi levada em três postos e morreu com suspeita de meningite.
Médicos alegaram caxumba, torcicolo, virose e não pediram exame, diz mãe.
Mãe de Gabriela mostra fotos da filha no aniversário de 15 anos, em 2012
Gabriela Zafra sofreu uma parada cardíaca na madrugada de sexta-feira (16) dentro da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e a suspeita é de que a morte tenha sido causada por meningite. A mãe da adolescente, a diarista Fabiana Zafra, acompanhou todo o sofrimento da filha e disse estar revoltada porque os médicos não solicitaram nenhum exame. "Eles não trataram minha filha como ser humano."
Ainda emocionada, Fabiana conta que Gabriela começou a sentir dor de cabeça e mal estar na tarde de quarta-feira (14), e tomou um analgésico para conseguir dormir. No dia seguinte, a jovem foi trabalhar, mas voltou a passar mal e então foi levada pela mãe até à Unidade Básica Distrital de Saúde (UBDS) Quintino Facci II, por volta de 9h30.
“Estava tudo normal”, relembra Fabiana, destacando que a filha ficou incomodada com o tempo de espera e decidiu ir embora, após ter passado apenas pela pré-avaliação
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Preocupada com o estado de saúde da filha, Fabiana conseguiu agendar
uma consulta de urgência em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no bairro
Ribeirão Verde, onde a equipe médica apontou suspeita de caxumba e
encaminhou a adolescente à UPA. “Chegamos por volta de 13h e só fomos atendidos às 16h45. Minha filha passava mal e reclamava de dor de cabeça, na nuca e no pescoço. Os médicos disseram que era torcicolo e receitaram relaxante muscular e uma injeção para dor. Eu comprei o remédio e ela tomou.”
Em casa, a jovem não apresentava melhora e passou a ter outros sintomas, como diarréia e vômito. Por volta de 18h, a mãe voltou a levá-la à UPA e os médicos apresentaram diagnóstico de intoxicação alimentar, receitando soro para hidratação e remédio contra cólica intestinal. Mais uma vez, Gabriela recebeu alta e voltou para casa.
Última tentativa
Sem perceber melhora no quadro de saúde da filha, Fabiana conta que decidiu voltar à UPA às 21h30. Ela relembra que a adolescente sentia muitas dores e chegou a deitar no chão da unidade, então pediu aos profissionais que realizassem um hemograma completo, mas os médicos teriam afirmado que o exame era desnecessário, pois se tratava de uma virose.
Morte de Gabriela ganhou repercussão e causou
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Ela desmaiou, estava gelada. Chamei meu filho mais velho para me ajudar a carregá-la e voltamos para a UPA. Só então que eles tentaram fazer o exame de sangue, mas já era tarde demais. Minha menina tinha ido embora”, afirma.
Segundo a mãe, Gabriela sofreu duas paradas cardíacas e morreu por volta de 1h40 de sexta-feira (16). “Ela era minha amiga, minha companheira. Até quando isso vai acontecer? Foi pura negligência, tentei salvar a vida da minha família várias vezes e ninguém me ajudou, ninguém se importou.”
Secretaria investiga
Em nota, a Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto informou que lamenta o ocorrido e que se solidariza com a família, “prestando todo o atendimento necessário e tomando as providências para prevenir a transmissão da doença para familiares e amigos.”
A administração comunicou ainda que fará um estudo do caso para avaliar as condutas adotadas em todos os atendimentos e apurar eventuais responsabilidades.
"Ressaltamos que a meningite é uma doença de evolução rápida e grave, mas que no início não revela seus sintomas de gravidade, levando mesmo médicos experientes reavaliarem a confirmação do diagnóstico", diz a nota.
O corpo de Gabriela passou por exames no Serviço de Verificação de Óbito e o laudo com a causa da morte será divulgado em até 30 dias.
Amigos de Gabriela protestaram contra suposta negligência médica no caso
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