É sempre bom voltar ao nosso lar, doce
lar, mesmo após uma rápida passagem por um país mais civilizado, onde as
coisas simplesmente… funcionam! O grande espanto, o grande choque ao se
regressar ao Brasil é ver como as coisas mais básicas são, por aqui,
complicadas.
Não falo da chegada ao aeroporto, já
aquele primeiro grande contraste, ou mesmo das favelas todas que decoram
o trajeto de volta para casa; e sim dos temas que norteiam os debates e
as preocupações em nossos país. A gente precisa deixar a Banana
Republic, a loja, para trás e mergulhar na República das Bananas, o
país. Isso demanda um patriotismo e tanto…
Abro o jornal e vejo a notícia em maior destaque: Trabalho infantil fere cinco e mata um por mês. Diz a matéria:
"Em 5 de
março último, Max Fernandes Ritzel dos Santos, de 14 anos, estava no seu
primeiro dia de trabalho em uma construção na cidade de São Leopoldo
(RS). Ao manusear uma betoneira de misturar concreto, sem usar
equipamento de proteção, sofreu um choque mortal.
— Era só um fiozinho desencapado, mas o choque estourou o coração dele. O meu orgulho é saber que morreu trabalhando e não na mão de algum policial ou traficante.
Assim como Deus sabe a hora de pôr no mundo, sabe também a hora de
recolher — chora a mãe Roseli Ritzel, que ainda deve R$ 1.300 pelo
enterro do menino.
Na última
quinta-feira, após uma semana no emprego, J.J.R., de 15 anos, limpava
por dentro um forno de cal, de 13 metros de altura e dois de diâmetro. O
forno desabou e mais de 13 toneladas de terra e entulho soterraram o
adolescente. O trabalho de resgate pelo Corpo de Bombeiros de Formiga,
cidade a 200 quilômetros de Belo Horizonte, durou 12 horas".
As
duas atividades, por serem mais arriscadas e insalubres, são proibidas
para menores de 18 anos no Brasil. Estão incluídas na lista de piores
formas de trabalho infantil que o país se comprometeu a erradicar no ano
que vem. A lei prevê que qualquer forma de trabalho é proibida
para menores até 14 anos. Entre 14 e 16 anos, o jovem pode trabalhar
apenas como aprendiz. E, mesmo após os 16, o trabalho em atividades
perigosas ou insalubres é proibido.
Em seguida, outra reportagem
em grande destaque diz: Distante do fim da estiagem – Burocracia
emperra funcionamento dos 21 poços abertos no Nordeste. Diz ela:
"Em abril de
2013, quando a Região Nordeste atravessava a pior seca dos últimos 50
anos, a presidente Dilma Rousseff anunciou, durante a reunião do
Conselho Deliberativo da Sudene, um novo pacote de medidas para mitigar
os efeitos da estiagem, que, na ocasião, afetava 1.415 municípios. Entre
elas, estava a perfuração de 21 poços profundos, de grande vazão, pela
CPRM/Serviço Geológico do Brasil, em áreas escolhidas a dedo para fazer
chegar água subterrânea de boa qualidade ao sertanejo — um projeto de R$
40 milhões. Devido à urgência, pelo menos 17 obras de perfuração foram
contratadas sem licitação. O Observatório da Seca, lançado no mesmo
encontro, registra a conclusão de 21.
Engana-se,
porém, quem pensa que os poços, cavados a profundidades acima de 400
metros, resolveram as dificuldades de muita gente: 14 seguem parados por
falta de bombas, energia ou adutoras para levar a água a quem precisa.
Na maioria dos casos, não há sequer previsão para o restante da obra. O
problema é que o Ministério da Integração Nacional não se responsabiliza
por todas as etapas.
Só
após o poço ficar pronto, começa a discussão do fornecimento de energia
para que as bombas funcionem, o que deve ser feito pelas concessionárias
de cada estado. A canalização é outra dificuldade: municípios com até
50 mil habitantes têm de buscar verbas na Fundação Nacional de Saúde
(Funasa) para viabilizar adutoras e redes de abastecimento. Ou seja, o
que era urgente no período da seca cai nos entraves de sempre da
administração pública!".
A realidade brasileira é muito dura.
Menores de idade tendo de trabalhar em funções arriscadas por completa
falta de alternativa, e a própria mãe reconhecendo que era isso ou
deixar o filho nas mãos de traficantes. Nordestinos que até hoje não
podem contar com o fornecimento adequado de água. São coisas típicas de
um país… africano! Só que o Brasil não é a África, e se ainda não
perdemos o juízo, esse tipo de coisa deveria ser revoltante.
Miami não tem os melhores indicadores
sócio-econômicos dos Estados Unidos. Longe disso. Há pobreza,
criminalidade, não tem nada de perfeito. Mas só mesmo um Sakamoto da
vida, “especialista” convidado por Regina Casé para seu programa
sensacionalista e ícone do esquerdismo retrógrado que assola nosso
continente, poderia dizer que se lá é a “América Latina que deu certo”,
como afirmei, então já demos errado!
Pobreza, por lá, significa morar em um
bairro humilde, com índices de violência maior do que a média nacional
(e bem menores do que a nossa média nacional), ter uma casita
discreta (mas nada comparado às favelas cariocas) e um carro na garagem
(que no Brasil seria de classe média). E um iPhone, claro, pois todos possuem
um iPhone, mesmo nos bairros mais pobres. É isso que quer dizer “ser
pobre” em Miami, via de regra. Crianças manuseando uma betoneira de
misturar concreto? Gente sem acesso a água? Isso parece uma realidade
muito distante.
Cada um com sua realidade. Mas eis a
revolta: por que a nossa precisa ser essa, tão miserável, em um país tão
rico e com tanto potencial? O que eles têm de tão especial? Só vemos
latino-americanos em Miami. Só escutamos espanhol e português. São
cubanos, porto-riquenhos, argentinos, brasileiros, todos vivendo em uma
cidade misturada, mas organizada, limpa, sem pichação estragando tudo
que é viaduto, com ótimas estradas, e respeito às leis.
O que eles têm? Talvez fosse melhor começar pelo que eles não têm:
um bando de “intelectuais” de classe média disseminando marxismo pelas
universidades, por exemplo. Ou sociólogos afirmando que a criminalidade é
fruto apenas da condição social e que, portanto, todo criminoso é na
verdade uma “vítima da sociedade”. Claro, eles também não têm uma praga
chamada PT, apesar de uma ala do Partido Democrata de Obama tentar
chegar perto em grau de demagogia.
Não podemos perder nossa capacidade de
indignação. Não podemos nos entregar ao fatalismo de que isso aqui é
assim, uma porcaria mesmo, e que sempre foi assim e nunca vai mudar. Não
podemos colocar a culpa no “povo”, como se fosse algo inato, genético, e
deixar por isso mesmo. Não! A qualidade de nossas elites é muito ruim.
São elas que, em pleno século 21, ainda enaltecem Marx ou idolatram
Paulo Freire! São elas que votam, também, no PT ou no PSOL!
Estou de volta ao Brasil. É o meu país,
onde nasci, vivi pelos últimos 37 anos. Não quero abandonar tudo e viver
exilado em Miami, como tantos fizeram, por razões óbvias e
compreensíveis. Quero lutar por um país melhor, mais capitalista,
liberal, próspero, justo. Sabemos quem são os inimigos desse progresso;
ironicamente, eles se intitulam “progressistas”, mas representam o
atraso.
São os defensores do socialismo, do
modelo bolivariano, da ditadura cubana, de um estado cada vez maior. É
essa a mentalidade que precisa ser derrotada se queremos um país mais
parecido com Miami e menos com Caracas. É o que eu desejo. E você, caro
leitor? Então o que está esperando para abandonar o discurso derrotista e
se unir nessa luta por um Brasil melhor?
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