Rui Falcão, presidente do PT: mensalão de construtoras para pagar a campanha de reeleição de Dilma.
Tradicionais doadoras de dinheiro para partidos políticos,
empresas com negócios no setor público entregaram ao PT no ano passado quase o
dobro do que pagaram a PSDB, PMDB e PSB juntos. O partido da presidente Dilma Rousseff, candidata à
reeleição, levou R$ 79,8 milhões. Os outros três conseguiram R$ 46,5 milhões.
A liderança do PT na captação já ocorria em anos anteriores,
mas a diferença para os demais partidos não para de aumentar. A vantagem em
relação às três siglas saltou em quatro anos de R$ 9,4 milhões para R$ 33,2
milhões. O movimento ocorreu num período em que as contribuições
empresariais bateram recorde para anos em que não há eleição, segundo as
prestações de contas já divulgadas pela Justiça Eleitoral (em anos eleitorais,
as verbas para os partidos são maiores).
As grandes construtoras, mais uma vez, dominaram o ranking
dos maiores financiadores. Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e OAS
foram as campeãs. Todas elas fazem obras para o governo federal, Estados e
municípios. Estão entre os maiores fornecedores da Petrobras. E ganharam
concessões para explorar aeroportos, metrô e estradas.
As doações detalhadas nos gráficos ao lado foram feitas às
claras, registradas. Empresas e partidos costumam dizer que elas são
importantes para fortalecer as siglas. Apesar da justificativa legítima, é
difícil encontrar quem fale abertamente do assunto.
AMIGOS DO PODER
Nos últimos dias, a Folha conversou com um consultor, um
tesoureiro de partido, um empresário e dois executivos de construtoras. Eles só
aceitaram falar anonimamente. Segundo eles, é difícil não dar preferência ao PT, que ocupa
a Presidência. Como Dilma estava muito à frente nas pesquisas, a força da sigla
para captar era ampliada.
Caso a disputa presidencial fique mais acirrada, como
sugerem as últimas pesquisas, a divisão de verbas tende a se equilibrar.
"Quem trabalha com governo não tem preferência", diz um alto
executivo de uma grande construtora. "Precisa ser amigo de quem estiver no
poder." Um consultor com muitos anos de experiência em arrecadação
define assim: "Para as empresas, a doação funciona como um investimento
para ter acesso aos candidatos que elas ajudam a eleger".
As últimas prestações revelaram uma diferença marcante no
fluxo de contribuições. Até 2013, as grandes doações eram feitas apenas
em
época de campanha. Fora dos períodos eleitorais, as doações eram
menores. O cenário mudou em 2013 (ano não eleitoral) e os principais
partidos passaram a receber bem mais do que antes. Profissionais
envolvidos
afirmam que alguns doadores foram convencidos a ampliar suas
contribuições para
ajudar a quitar dívidas das campanhas para prefeito de 2012.
Outros combinaram antecipar parte das doações programadas
para este ano, para não chamar tanto a atenção nas prestações futuras. Por fim, as doações também parecem maiores porque vários
doadores teriam passado a contribuir legalmente. Motivo: o risco de ter o nome
envolvido no submundo dos doleiros e do caixa dois parece cada vez maior.
As últimas prestações trouxeram uma curiosidade. Grandes
construtoras, como a Galvão Engenharia e a OAS, passaram a contribuir
mensalmente, algo que não ocorria antes. Procuradas, não quiseram explicar o
motivo. (Folha de São Paulo)
Comentário:
As duas construtoras que pagam mensalão ao PT estão envolvidas em uma
série de investigações de superfaturamento realizadas pelo TCU. A OAS é
uma das participantes do consórcio que construiu o gasoduto
Urucu-Manaus, que passou de R$ 2,4 bilhões para R$ 5 bilhões. Um dos
desvios já comprovados pelo tribunal é de R$ 56,9 milhões. Leia aqui.
A Queiroz Galvão faz parte, junto com a OAS, do consórcio que está
construindo a refinaria Abreu e Lima. Só na fase de terraplenagem houve
aditivos suspeitos de mais de R$ 800 milhões e a obra, que começou
orçada em U$ 2,5 bilhões já alcança U$ 18,5 bilhões. Leia aqui.
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