Na
segunda, no programa diário “Os Pingos nos Is”, que ancoro na Jovem Pan
(entre 18h e 19h; volta ao ar nesta quinta, em horário normal),
esculhambei a tese cretina que vi esposada em muitos lugares segundo a
qual a saída de Neymar até poderia representar um ganho para a Seleção
Brasileira.
O raciocínio estúpido e mágico se sustentava em dois
pilares:
a) componente psicológica –
o desagravo ao nosso melhor jogador e o sentimento de unidade nacional
gerado por sua contusão estimulariam os nossos guerreiros, que, então,
lutariam ainda com mais garra;
b) componente técnica –
por motivos insondáveis, a ausência de Neymar tornaria cada jogador mais
compenetrado e ciente das suas obrigações, o que obrigaria o time a
jogar um futebol mais eficiente e solidário.
Obviamente,
nada disso aconteceu. Eu, aborrecidamente lógico que sou, considero
que, com a possível exceção de Fred, menos nunca é mais, a não ser
quando se somam ou se multiplicam entre si grandezas negativas. Se
Neymar é nosso melhor jogador e se ele é o único da Seleção que lembra
um armador, caso ela saia, a Seleção ficará, obviamente pior.
Mais: como
eu não tinha percebido — nem eu nem ninguém — a existência de algum
esquema tático de Felipão que não fosse Neymar, a sua saída implicava
ficar sem nada. Some-se a isso a ausência de Thiago Silva — esta, sim,
muito mais devastadora para o jogo desta terça —, e temos, então, o
“Mineiraço”.
Explico a referência a Fred, que estava em campo não por
culpa sua, diga-se, mas de Felipão: ele atuou na Seleção como massa
negativa. Tê-lo era como jogar não com 10, mas com nove jogadores. Era a
soma que subtraía. Onde se pensava haver um centroavante, havia apenas
alguém lutando contra sei lá que demônios do futebol. Não é que ele não
tenha ajudado; ele atrapalhou.
Enquanto o
futebol — e o mesmo vale para o país — se deixar perder nessas
bobagens, não vamos muito longe, não. É possível que até Felipão tenha
caído presa da armadilha: “Ah, vamos fazer do limão uma limonada”.
E aí
meteu Bernard e Hulk para correr pelas pontas, deixou a armação para
David Luiz, e aí foi a zaga que entrou em parafuso. Quando o ataque não
marca, a zaga está em pânico e não existe meio-campo, o resultado de 7 a
1 é até barato.
Todos vimos que, num dado momento, a Alemanha decidiu
parar. Um dos jogadores concedeu uma entrevista e chegou praticamente a
se desculpar. Falava a sério. Não era arrogância.
Patético
Na entrevista coletiva que concedeu,
perguntaram a Felipão por que ele deu a entender, no treino, que Bernard
não estraria, que ele armaria um time um pouco mais defensivo e
adensado no meio-campo, e depois fez o contrário. Ele respondeu que agiu
daquele modo porque a imprensa estava no treino, e ele não queria
entregar seus segredos.
Ah, bom!
Felipão guardava uma surpresa a sete chaves: a derrota por sete a um
contra a Alemanha. De tudo o que ele disse na entrevista, concordo com
uma coisa: ele é o principal culpado.
Para
encerrar, meus caros, reitero a máxima de que macumba, ela mesma, nunca
fez ninguém ganhar jogo. Mas também não consta que faça perder. Já as
macumbas lógicas, ah, essas conduzem a grandes desastres: no futebol, na
política e na vida.
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