A campanha do candidato do PSDB à
Presidência, Aécio Neves, avalia que a derrota acachapante do Brasil deve
anular as tentativas do governo Dilma Rousseff de explorar politicamente a
realização do evento em solo nacional. O comitê tucano vai apenas esperar o
"luto" em razão do fiasco em campo passar para retomar as críticas à
política econômica.
A ideia agora é que, ao falar do
campeonato, Aécio credite o sucesso extracampo ao povo brasileiro, e não ao
governo. O tucano deve insistir que o legado da Copa poderia ter sido muito
melhor se o governo tivesse entregado as dezenas de obras previstas. Os
estrategistas tucanos, porém, não acreditam que as discussões sobre o tema
sobrevivam até outubro, mês das eleições.
Cuidado. Enquanto não passar a euforia, os agentes políticos do
PSDB estarão pisando em ovos nos próximos dias para não deixar escapar frases
infelizes que possam ferir o fragilizado torcedor e serem exploradas nos
programas eleitorais de TV pela situação, que já acusa seus opositores de serem
"pessimistas".
Segundo assessores, Aécio tem
dito nas reuniões internas que o torcedor não pode sentir "cheiro de
oportunismo político" ou o tiro sai pela culatra. Aécio foi pelo menos
duas vezes a estádios durante esta Copa. A primeira no Maracanã, no Rio de
Janeiro, onde viu a Alemanha se classificar para a semifinal contra a França.
O candidato tucano à Presidência
não divulgou a agenda à imprensa. Horas depois do jogo, publicou em uma rede
social foto com a filha Gabriela, que o acompanhou ao lado do empresário
Alexandre Accioly. Na terça-feira, Aécio foi ao
Mineirão, em Minas, sua terra natal. Também não divulgou a agenda. Alguns
assessores chegaram até a negar que ele estivesse no estádio. No fim,
confirmaram que o tucano esteve na arquibancada ao lado de outros políticos
mineiros, até porque o filho de um aliado publicou foto com Aécio no Mineirão
em uma rede social.
Críticas. O candidato a vice-presidente na chapa de Aécio, o
senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), afirmou que Dilma "caiu no ridículo"
ao tentar explorar o futebol desde o início dos jogos como se a gestão dela
tivesse algo a ver com o que se passa no campo. Na véspera do fiasco do jogo
contra a Alemanha, a presidente chegou a divulgar uma foto imitando gestos de
Neymar. "A Dilma acabou caindo no ridículo fazendo aquele gesto do 'tóis'
porque tentou explorar o sofrimento do Neymar (quando ele ficou de fora dos
jogos ao quebrar uma vértebra) e também porque tentou pegar carona na esperança
do povo brasileiro."
Aloysio aposta que, diante da
derrota da seleção anfitriã, "agora ela vai deixar morrer o assunto Copa,
você vai ver", apostou. "Agora as pessoas vão voltar para suas vidas
normalmente, para os seus problemas e voltaremos a discutir sobre inflação,
obras inacabadas e novos projetos para o País."
Existe uma corrente dentro da
equipe da campanha de Aécio defendendo deixar o assunto Copa morrer o mais
rápido possível. Esse grupo diz que a agenda da Copa é de Dilma e só interessa
a ela. Há outra corrente que defende uma posição mais agressiva de Aécio. Sem
tratar do que aconteceu no gramado, pois isso todos concordam internamente que
é um tema pertencente ao torcedor e não aos políticos, o candidato deveria
aproveitar para criticar até o que deu certo na Copa.
É preciso, segundo esse
grupo, criticar a oportunidade perdida para que mais obras de infraestrutura
fossem concretizadas no País. Nesse aspecto, dizem, não há sucesso na Copa, e
sim fracasso.
(Estadão)
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