quinta-feira, 24 de julho de 2014

Itamaraty rebate crítica de Israel, que chamou Brasil de "anão diplomático"



Rio de Janeiro, 24 jul (EFE).- O Brasil não pode ser considerado um "anão diplomático", disse nesta quinta-feira o chanceler Luiz Alberto Figueiredo, em resposta a uma crítica de um porta-voz israelense à posição dos que votaram a favor da investigação de violação de direitos humanos na ofensiva de Israel em Gaza.

"Tenho que dizer que o Brasil é um dos 11 países do mundo que têm relações diplomáticas com todos os membros da ONU. E temos um histórico de cooperação pela paz e ações pela paz internacional. Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles", disse o ministro das Relações Exteriores a jornalistas.

A afirmação foi uma resposta ao porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, que, em entrevista ao jornal "Jerusalem Post", qualificou o Brasil de "anão diplomático" por criticar a ofensiva israelense e considerar "desproporcional" o uso da força de Israel na Faixa de Gaza.

De acordo com Palmor, a posição do Brasil, que convocou o embaixador em Tel Aviv para consultas, "é uma demonstração lamentável de como o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua sendo um anão diplomático".

Figueiredo ressaltou que o fato de Brasil e Israel serem países amigos não os impede de discordar em alguns assuntos.

"O embaixador do Brasil em Israel foi convocado. É um procedimento normal que, diplomaticamente, mostra que não estamos de acordo com os acontecimentos", afirmou.

De acordo com o chanceler, o país não pode concordar com uma reação "desproporcional que já deixou cerca de 700 mortos, cerca de 70% deles civis, e entre os quais há muitas mulheres, crianças e idosos. Não é aceitável esse ataque".

Israel lamentou hoje a posição do Brasil, e disse que ela "não contribui para estimular a calma e a estabilidade na região".

"Estes passos são um respaldo ao terrorismo, e naturalmente afetam a capacidade do Brasil de influenciar (no Oriente Médio)", disse a nota do governo de Israel, que protestou pela suposta omissão do Brasil em relação aos foguetes lançados de Gaza ao território israelense.

Figueiredo lembrou que em comunicado divulgado na semana passada o país já tinha condenado o movimento Hamas pelos ataques com foguetes a Israel e que isso não mudou.

"Israel se queixa de que, na última nota, não repetimos essa condenação (ao Hamas). A que já tínhamos feito permanece. Isso se mantém. Não há dúvida. Não pode haver dúvida sobre isso", disse.

O chanceler acrescentou que em ambas as notas o Brasil pede um imediato cessar-fogo para as duas partes, e não só para Israel.

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