quinta-feira, 24 de julho de 2014

Jorge Oliveira Chegou a hora da onça beber água



Publicado: 23 de julho de 2014 às 19:32

Brasília – O Aécio pensou que a coisa ia ser fácil. A Dilma levando porrada de tudo quanto é lado e ele assistindo de camarote. Esqueceu que  campanha é uma guerra. E como em qualquer batalha sai na frente quem se organiza e tem a melhor estratégia para surpreender o adversário no momento certo. O primeiro petardo lançado pelo PT no sítio de guerra do Aécio deixou o general atordoado, indefeso. Quando apareceu para se defender, não apresentou uma versão convincente para a construção do aeroporto. Resultado: não parecia convicto do que estava dizendo, portanto, deixou no ar a dúvida se a coisa é ou não é lícita.

Numa campanha política é indispensável conhecer o adversário, sua vida, seu passado e sua história; familiares e amigos. Se você não sabe o perfil do seu concorrente, certamente terá dificuldade em planejar sua própria estratégia. O PT, como era esperado, botou as unhas de fora e parece conhecer bem seu adversário: pôs o Aécio na defensiva, exigindo dele que esclareça a construção do aeroporto no terreno do seu tio avó com dinheiro público. Em caso como esses, o candidato, bem instruído, se defende com uma nota oficial, onde esclarece tim-por-tim  todas as dúvidas. Ficar a mercê do questionamento da mídia pode levá-lo a escorregões fatais.

Aécio Neves não é um candidato de couro grosso, curtido em escândalos e nas críticas do dia a dia. Fez sua carreira política em Minas Gerais e no Congresso Nacional, onde foi presidente da Câmara dos Deputados, sem contestações nem oposição. No seu estado virou um popstar, admirado pela população que retribui seu trabalho elegendo seus candidatos, alguns deles obscuros, mas fiéis e leais. Nunca precisou olhar para trás e aprender com a derrota, portanto, não sabe o que é superar as adversidades.

Ao aparecer sendo arguido sobre o aeroporto não tinha certeza do que dizia. Parecia perdido no tempo, um animal assustado. Mostrou-se despreparado para o primeiro confronto, a primeira provocação, a primeira denúncia (?). O que se viu, na verdade, foi um candidato acuado para responder a uma acusação que, em princípio, seria simples e sem grandes consequências. Faltou a ele serenidade para minimizar o que o PT considera um grande escândalo.

Se no primeiro míssil (de pequeno alcance) Aécio fraqueja, é sinal de que a sua equipe não está ainda preparada para responder a outras acusações que virão em seguida e que podem colocar o candidato em cheque. Como os tucanos têm poucos minutos de TV, esclarecer o questionamento dos adversários no guia eleitoral vai consumir o tempo do programa e reduzir a divulgação de suas propostas de governo. Com maior espaço no guia, o PT pode apresentar sua plataforma e ainda dedicar um bom tempo para responder as acusações tucanas e até fazer outras.

Não se engane, senhoras e senhores candidatos, a campanha política é fundamentalmente na televisão e na rede social. Não adianta gastar tempo e dinheiro com papel ou pichações. A televisão e o rádio são os principais veículos de massa. E quem não souber manipular essa mídia está fadado ao fracasso.

Ah, ia esquecendo: uma campanha não pode prescindir de um núcleo de inteligência, responsável pelo avanço e pelo recuo do candidato no momento certo.

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