segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Pibinho, descrédito e magias contábeis - JUDAS TADEU GRASSI MENDES





GAZETA DO POVO - PR 28/09


As falas da presidente Dilma, ao apresentar dados mirabolantes aparentemente fantásticos, tirados da cartola, sobre a economia brasileira, não se sustentam a uma mínima arguição, pois a realidade é outra. A estratégia de se manter no poder a qualquer custo é a da mentira, que repetida pode virar verdade. Como a realidade é outra, não há um único indicador econômico favorável ao atual governo. A baixa taxa de emprego não é mais um indicador positivo, pois o número de vagas vem se reduzindo drasticamente. Para complicar, há um ministro da Fazenda verbalmente “demitido” pela presidente, apesar de ainda no cargo. Os indicadores da economia estão todos numa tendência de piora.

O crescimento econômico virou piada de pibinho, pois Dilma já garantiu um lugar na história: será o governo com menor crescimento nas duas últimas décadas. Não adianta culpar a economia internacional, pois ela está se recuperando e a maioria dos países vem crescendo mais que o Brasil. Hoje em dia somos nós que puxamos para baixo a América Latina.

A inflação há muito anda no limite do teto, pois a meta virou também piada. E ela só não é maior porque o governo vem segurando o aumento de preços de produtos administrados, como gasolina, energia, tarifas de ônibus urbanos. Mas, depois da eleição, comenta-se sobre o tal do tarifaço.

O investimento vai cair 5% neste ano, e sem investimento não há crescimento sustentado. O investimento privado caiu por dupla razão: desconfiança no futuro próximo e juros maiores. Já o investimento público não passa de 1% do PIB em infraestrutura, apesar de o governo ficar com 36,5% do PIB em tributos. A gastança do governo torra tudo e, assim, pouco sobra para investimentos em infraestrutura.

O superávit primário enfrenta total descrédito pelos malabarismos contábeis, e mesmo assim vai minguando. Na época do FMI, tão criticado, o acordo era de 4,25% do PIB, o que a valores de hoje daria um superávit levemente superior a R$ 200 bilhões, dinheiro que é uma “poupança” para pagar juros. Sem a mágica contábil, na qual os economistas petistas são doutores, não vamos conseguir nem R$ 50 bilhões, insuficientes para cobrir juros que deverão chegar ao redor de R$ 250 bilhões – ou seja, pode-se afirmar que a dívida interna bruta, que já ultrapassa R$ 2,2 trilhões, deverá aumentar em 2014 em algo ao redor de R$ 200 bilhões, isto é, em torno de R$ 550 milhões por dia, sem contar que somente em juros são mais de R$ 685 milhões por dia. Estamos falando de mais de R$ 1,2 bilhão por dia em juros e aumento da dívida.

O câmbio, segurado artificialmente para ser mais uma das âncoras contra a inflação, está matando a nossa indústria, que terá um déficit na balança comercial de US$ 120 bilhões, ou seja: por incompetência do governo, estamos gerando empregos, impostos e renda lá fora, importando muito.

Para encerrar, uma observação sobre a tal da contabilidade criativa de Mantega e seus gênios da economia, na qual o governo se agarra a subterfúgios para produzir superávits fiscais artificiais e não recorrentes. É maquiagem contábil pura em itens como antecipação de recebimento de dividendos de estatais, também avançando sobre os lucros delas para fazer caixa para o governo. Assim, essas empresas investem ainda menos. Tudo isso (e mais a queda nos superávits primários) tem tirado a confiança no governo, no Brasil e no exterior. O Brasil está sem rumo e sem projeto.
 
 

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