segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A direita que não tem um plano A, não pensa em planos B ou C, mas sempre se contenta com o plano Z

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Durante esta eleição, a direita usou algumas variantes de discurso, que incluem: “Entre Dilma e Marina, ninguém, pois ambas são do Foro” e “Entre Dilma, Marina e Aécio, ninguém, pois Aécio é socialista fabiano”. É brincadeira?

Todavia, de acordo com a Janela de Overton, sempre é possível tomar decisões diante das opções apresentadas para nós, sempre buscando a melhor. Veja este artigo de Reinaldo Azevedo sobre a janela de Overton, que parece ser muito pouco conhecida pela direita.

Se olharmos por essa perspectiva, Marina pode ser um plano B tanto para os petistas como para nós, da direita, se isso não for tão bom para o PT como seria a eleição deles próprios. Alguns dizem que “é assim mesmo que os dialéticos pensam”, mas na verdade essa é a única forma de pensar estrategicamente.

Há uma mania de parte da direita de criticar os acertos da esquerda, como o pensamento dialético. À Lenin é atribuído algo como “estratégia das tesouras” (embora eu nunca tenha encontrado fontes a esse respeito), mas vejo que se o líder socialista tratou disso apenas descobriu o óbvio: sempre existem planos B quando o plano A não dá certo.

O fato é que os socialistas, quando implementam uma ditadura, expurgam o pensamento de direita e permitem uma dissidência vinda apenas de outros partidos de esquerda, o que dá a impressão de existir “divergência de ideias” e, portanto, uma “democracia”.

Só que mesmo que nós não lutemos por um totalitarismo, deveríamos pensar do mesmo jeito. Quer dizer, saber que se temos um plano A em mãos, devemos ter um plano B, assim como devemos lutar para que no caso do plano A não dar certo, é melhor contarmos com o plano B. Mas se tanto plano A como B não vingarem, ainda podemos pensar em um plano C. E assim, sucessivamente, para cada questão, para cada disputa, para cada eleição.

Infelizmente, a direita acostuma-se a pensar na base do “tudo ou nada”. Mas aí já é suficiente lembrarmos de ditados populares dizendo-nos “quem tudo quer, tudo perde”.

Como eu defendo que a direita passe a pensar de forma mais estratégica, faço minha contribuição com sugestões de planos A, B e C para a direita nestas eleições:
  • Plano A: vitória de Aécio, que derrubará o decreto 8243
  • Plano B: vitória de Marina, derrubar decreto 8243
  • Plano C: mesmo com vitória de Dilma, derrubar decreto 8243 e travar o projeto petista de censura de mídia
Caso tudo dê certo e o plano A seja implementado, há um risco a ser tratado: o da direita “relaxar” por termos vencido o mal maior (o PT) e esquecer de que há muito a ser feito, especialmente na busca de consolidarmos um partido que defenda as bandeiras de direita para 2018 ou 2022. Mas acredito que podemos sem muita dificuldade lutar contra esse “relaxamento”, por isso este é o melhor plano. Alias, se criarmos um partido de direita com força para vencer, este se tornaria nosso plano A e o PSDB/DEM viraria um plano B. (Note que pela Janela de Overton, ou “estratégia das tesouras”, a esteira pode rolar…)

Já o plano B serve para o caso de Aécio não ter condições de vencer, e impõe alguns riscos hoje mais relacionados ao PT, principalmente pelo PSB ser parte do Foro de São Paulo. Mas neste caso, não vejo uma elite psicopática ao lado de Marina, portanto é mais fácil para nós derrubarmos as implementações totalitárias já estabelecidas e evitar novos projetos neste sentido. Outro risco, assim como vimos anteriormente, é o de descuidarmos pelo fato do PT ter perdido. Daí teremos que mitigar este risco.

No caso de irmos para o plano C significa que tanto o plano A como o plano B não deram certo. Aqui o problema é maior: o PT já implementou seu decreto 8243, vai lutar pela censura de mídia e tem um batalhão de pessoas prontas para facilitar-lhes a vitória nestes aspectos. No plano C, devemos realmente melhorar nossa capacidade de luta contra as implementações totalitárias deles. Sem a censura de mídia e o decreto 8243, as coisas vão se complicar para o PT, pois ele precisará esconder as consequências de seu bolivarianismo, que tem causado sérios danos à nossa economia. A derrubada destes projetos totalitários deve aumentar a taxa de rejeição para o PT em 2018.

Existe um plano D? Claro. Basta o PT ganhar e ficarmos nos preocupando com várias outras questões laterais, esquecendo-nos de priorizar a luta pela liberdade de imprensa e pelos três poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário), ou seja, o sustentáculo de nossa democracia.

Como se percebe, A, B e C não são iguais, mas enquanto o alfabeto vai avançando, as opções vão ficando piores para nós. Se mudarmos a forma de pensar, partindo para um pragmatismo político, começaremos a trabalhar com opções, sempre, e assim conseguiremos mais resultados cumulativos, pois sempre podemos ir “puxando” as coisas para o nosso lado, assim como os esquerdistas já fazem. Para isso, é preciso largar o purismo. Fazer isso não passa da “sinistra” estratégia das tesouras, que nada mais é do que mais um filtro de pensamento estratégico hoje usado pela esquerda.

Resumindo, uns dizem que Marina é plano B do Foro. Ora, se é plano B, então é melhor para nós do que o plano A. E a mesma coisa vale para Aécio,que seria o plano C do Foro. Se é plano C, é melhor para nós que o plano B, assim como o plano B é melhor para nós que o plano A. Isso, é claro, até o dia em que tivermos um plano A “legítimo”, o que não temos. 


Mas se não pensarmos pragmaticamente assim, não teremos plano A, B ou C. Daí corremos o risco de termos que nos contentar com o plano Z para nós, que é a manutenção do PT no poder, com total liberdade para implementar uma ditadura.

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