segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Ivar Hartmann: Autoestima brasileira



Para um brasileiro medianamente letrado, causa horror o julgamento que os estrangeiros fazem de nós. Os governantes dos países civilizados do Hemisfério Norte compreenderam que nossos governos são delirantes e inconsequentes, como piás que ainda sabem pouco sobre a vida. Julgam-se heróis quando são visto como cômicos produtos da ignorância. Sobre isso lembrem Collor e Lula. 
 
 
Os empresários internacionais sabem que o Brasil é a terra da comissão. Preocupam-se menos com a qualidade das obras que pretendem executar do que com os valores a pagar aos técnicos e diretores das empresas nacionais. Estão aí as notícias sobre obras de túneis, metrôs, estradas e pontes todas elas com valores acima do correto, ágio a ser pagos por empresários-delinquentes, nacionais e estrangeiros, para os canalhas dos nossos executivos. 
 
 
Os turistas sexuais, principalmente italianos e nórdicos, sabem que os hábitos aqui são mais do que permissivos e sua lascívia – desde que paga em euros – não só é aceita, como comemorada. 
 
 
Os demais amam nossa geografia e estão dispostos a sofrer em aeroportos péssimos, estradas ruins e mão de obra razoável para chegar ao Cristo, Pantanal, Amazônia e as Cataratas. O que ainda nos sobra de bom é nossa geografia. Por isso nossa autoestima lá em baixo. Porque estamos presos por pesadas correntes a hábitos ruins, justiça precária e facilidade de agir contra as leis que regem a nação.
Quando dezenas de milhares de gaúchos de todo o país, no dia 20 de setembro passado, desfilaram a cavalo pelas ruas de nossas cidades, aplaudidos por plateias entusiasmadas e assistidos por milhões através da TVE Brasil e RBSTV, a palavra chave de todos os grupamentos era TRADIÇÃO. Tradição de que? 
 
 
Dos valores perdidos pelos brasileiros.  Honra, coragem, amor à terra. Aonde se esconde a honradez, envergonhada com os governantes? Onde está à coragem dos legislativos – de todos os níveis – que tudo aprovam em silêncio solidário e delituoso? 
 
 
Então temos que gritar nosso amor à terra. Os gaúchos dizem: sou gaúcho e me basta. Não basta. Amor à terra, só o que nos resta de um passado lembrado com amor, obriga-nos a pensar: esta é a nação que queremos? Com estradas, portos, aeroportos, segurança, saúde e educação de países indigentes? Com políticos que são a estátua viva da devassidão?

Temos mais valor que isso, mas, escravos, temos de aceitar.
 
 

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