segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Naufrágio do PT surpreende Brasília

Eduardo Brito- Do Alto da Torre


Naufrágio do PT surpreende Brasília
O naufrágio do PT brasiliense, tradicionalmente um dos mais fortes do País, marcou a eleição do Distrito Federal. Historicamente, os petistas conseguiam rachar quase ao meio o eleitorado da capital. Chegaram a se surpreender quando, duas eleições atrás, ficaram abaixo dos 25% dos votos. Desta vez, ficaram com um quinto do total.  À parte a perda do Buriti, elegeram apenas uma deputada federal — da última vez fizeram três — e viram reduzir-se sua bancada na Câmara Legislativa.

Eleição para o Senado serve de símbolo
A demonstração mais marcante do declínio petista no Distrito Federal foi a derrota do deputado e ex-secretário Geraldo Magela (foto) para o Senado. Embora a performance anos atrás de José Antônio Reguffe para a Câmara mostrasse que se tratava de uma batalha dura, Magela tinha todos os trunfos nas mãos. Por pouco não conseguira derrotar Joaquim Roriz na corrida ao Buriti, três eleições atrás, reelegera-se bem para a  Câmara e recebera um cargo de peso, a financeiramente vitaminada Secretaria de Habitação. Ainda mais importante, conseguira tempo recorde de rádio e televisão. Acabou em terceiro lugar, atrás de Reguffe e do atual senador Gim Argello.

Tempo de televisão não resolve
A experiência de Geraldo Magela mostra também que tempo na televisão não é tudo. Teve mais que os rivais somados. O resultado era um programa aparentemente interminável — em que, mesmo assim, não conseguiu dar explicações razoáveis sobre os projetos para mexer no uso da terra do Distrito Federal, os polêmicos PPCUB e Luos.

Ainda não chegou a vez do PSOL 
Ainda não foi desta vez que o PSOL conseguiu sua cadeira na Câmara Legislativa. A ex-deputada federal Maninha não repetiu sua performance da eleição passada e seu partido, muito menos. Ela teve menos de 7 mil votos. Ficou longe do quociente eleitoral.

Suplente polêmico nem voto tem
Hélio José da Silva Lima, o polêmico suplente do senador Rodrigo Rollemberg, foi candidato a deputado distrital pelo PSD. Perdeu. O governador Agnelo Queiroz passou parte do debate de candidatos promovido pelo Jornal de Brasília questionando Rollemberg sobre seu suplente, que já foi acusado de abuso sexual de menores. Era uma fria. Rollemberg tinha como provar que Hélio José foi indicado para a suplência pelo PT de Agnelo, dentro do acordo para formar a coligação. Mostrou também que ele próprio reagiu à escolha, quando se fez a denúncia, mas os petistas não recuaram. Rollemberg disse que também recorreu ao Judiciário, sem êxito. Já o PT, assegurou, ficou de braços cruzados. Hélio José, mais tarde, abandonou o partido de origem.

Nascem e crescem lindinhas
Quando a candidata Luciana Genro estava mais agressiva nos debates televisivos, lembrou-se um episódio envolvendo o pai dela, o então ministro Tarso Genro. O competente jornalista político Paulo de Tarso Lyra, então no Jornal do Brasil, cobria o Ministério da Justiça quando nasceu sua primeira filhinha. Mostrou foto do bebê ao amigo ministro. Tarso enterneceu-se ao ver a fotografia, mas ficou sério em seguida. Devolveu a foto ao repórter, com um comentário: “é, elas nascem e crescem assim, lindinhas, mas depois entram no PSOL”.

Festa mais cedo
O primeiro distrital a comemorar o resultado das eleições foi o professor Israel Batista. Nem 70% dos votos haviam sido aprovados e ele já postou o Facebook uma agradecimento aos eleitores.

Morador de rua não ganha eleição
Pelo jeito, morador de rua não vota. Daniel Seidel, ex-secretário de Desenvolvimento Social, não se elegeu. Foi em sua gestão que Brasília passou a ser chamada de Capital Nacional dos Moradores de Rua.

Sem repetir as votações
Ficaram de fora, com votações que nem lembravam as obtidas no passado, veteranos distritais como Wilson Lima, Pedro do Ovo, Milton Barbosa e até mesmo  Aguinaldo de Jesus, que não chegou aos 800 votos.

Não funcionou
MC Bandida teve 237 votos.

Quem o quociente eleitoral atrapalhou...
O quociente eleitoral fez das suas nas eleições para deputado federal no DF. Sexto colocado, o ex-secretário Alírio Neto deixou de se eleger por menos de 4 mil votos, que o separaram do companheiro de coligação Rôney Nemer. Também entre os oito mais votados, o atual deputado Vítor Paulo ficou de fora, pois sua coligação, encabeçada pelo PT, teve só duas cadeiras.

...e quem saiu ganhando com ele
Já Augusto Carvalho, que passou quase toda a legislatura atual como suplente em exercício, conseguiu seu sexto mandato como deputado federal graças à performance da sua coligação — e do ex-governador Rogério Rosso — embora ficasse em 11º lugar. Também se beneficiou do quociente o delegado Laerte Bessa, que ficou em 13º lugar, mas retornou à Câmara dos Deputados puxado pelo aliado-rival Alberto Fraga.

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